Sempre há uma história (parte 1).

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Deluca.

- Que tipo de idiota mata o protagonista de seus best sellers? - Megan sussurrou enquanto posávamos juntas para as fotos.

- Pergunta como minha editora sanguessuga, como minha empresária sanguessuga ou como minha ex mulher sanguessuga? - Eu nem precisava olhar em seu rosto para saber que ela controlava uma enorme vontade de revirar os olhos.

- Então é isso que você está fazendo? Matando a galinha dos ovos de ouro para me punir?

- Hahaha, posso ser míope e insignificante, mas não tanto.

- Jura? Por que, então? - Questionou quando finalmente nos viramos e deixamos os fotógrafos para trás.

- Escrever sobre Derrick era bom, mas virou trabalho. - Respondi simples.

- Deus me livre, você trabalhando. - O deboche era claro em seu tom de voz. - Mas podia aposentá-lo, aleijá-lo, colocá-lo na porra de um circo, mas não. Você precisava meter uma bala na cabeça dele.

- Ah, sabe como é. Grande despedida. Mas não se preocupe. - Disse enquanto me virava para dar autógrafo a uma fã. - Derrick Storm não é a galinha dos ovos de ouro, eu sou. Escrevi best sellers antes dele, por que eu pararia agora? - Concluí assim que a mulher foi embora.

- Talvez porque o seu novo livro devesse estar pronto há nove semanas? Eu te conheço, você está com bloqueio.

- Isso é ridículo! - Afirmei. Eu não estava com bloqueio, estava?

- Ok, bambina, continue acreditando nisso. Mas se não tiver um rascunho na minha mesa em três semanas, a editora exige a devolução do adiantamento. - Dizia enquanto ajeitava a blusa que eu usava.

- Você não faria isso comigo.

- Teste-me. - Hunt sussurrou com o rosto próximo demais do meu, antes de deixar um beijo no canto da minha boca e se afastar de vez.

Eu virei em um único gole o conteúdo gelado da minha taça, de repente tinha ficado quente demais ali.

Dio mio! Eu tinha que manter o foco, já que precisava achar outra pessoa. Olhei em volta, em busca de um par de olhos escuros que eu conhecia muito bem.

- Você sabe que eu só tenho 15 anos, né? - Sofia respondeu quando peguei taças de champagne para nós duas.

- Você é uma alma velha.

- Eu e minha alma podemos esperar, mãe. - Disse afastando a taça e voltando sua atenção para o caderno sobre o balcão do bar.

- Quando eu tinha a sua idade... - Insisti, chamando sua atenção outra vez. - Não posso contar essa história, é inapropriada. - Ela revirou os olhos e eu ignorei. - Mas esse é o meu ponto. Você não quer ter histórias inapropriadas que não possa contar para os seus filhos?

- Você tem o suficiente por nós duas. - Minha filha sorriu, achando graça.

- A vida devia ser uma aventura, Sofi. - Quer saber porque matei meu personagem principal? - Nem deixei que ela respondesse. - Nada mais era uma surpresa. Eu sabia o aconteceria em cada cena, assim como essas festas, tudo se tornou absolutamente previsível. "Sou sua maior fã, de onde tira essas ideias?" - Fiz aspas com os dedos imitando a maioria das mulheres que se aproximavam de mim.

- E a mais popular de todas, "Você pode autografar meus peitos?". - Ela disse, fazendo uma careta.

- Com essa eu não me importo tanto. - Respondi, logo dando um gole na minha bebida.

- Só pra constar, eu me importo.

- Eu só queria que você viesse comigo e dissesse algo de novo pelo menos uma vez.

I JUST WANT YOU | MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora