🏮
Não era a intenção de Minhyuk retornar para casa ainda aquela noite, não após uma invasão tão repentina, uma disputa tão sangrenta ou ainda, não quando sua debilidade física estava impossível de esconder dos olhos daquela que lhe esperava ansiosa em seu quarto todas as noites.
Mesmo assim, com todas as vozes em sua cabeça gritando para que aguardasse a melhora de suas feridas, ou a poeira baixar, ele decidira que não desejava estar em outro lugar naquele momento, que não ao lado de sua família.
Ainda era madrugada quando deixara os sapatos ao lado da porta, subindo a sequência de degraus até o andar superior com cuidado, para que nenhuma das duas despertasse de seu sono tranquilo. Não queria preocupar, seria injusto carrega-las para dentro de algo que ele sequer sabia a dimensão. Por isso, ao alcançar a porta de seu escritório particular no fim do corredor, Minhyuk fizera a si a promessa de deixar tudo o que pudesse acontecer dali em diante, entre aquelas quatro paredes, pelo bem de sua família, pelo bem de si mesmo e pela memória de seu amante.
Não se deu ao trabalho de acender as luzes pois o reflexo da luz prateada entrava pela vidraça da janela, deitando preguiçosamente sobre o carpete ao lado da mesa de trabalho, onde sentou-se com as pernas afastadas e as costas apoiadas nos pés da mesa, encarando o envelope vermelho seguro na mão trêmula.
O polegar escorregou sobre a tinta dourada no que pareciam felicitações em mandarim. Sabia que aquela era a caligrafia de Jackson, a reconhecia desde a ocasião em que o mesmo resolvera arriscar-se a mandar um cartão de aniversário à sua filha.
"Seja boazinha, Minjoo. De seu fada madrinha, J."
Poderiam ter sido descobertos naquele dia, quando em meio à sua grande inocência, Minjoo dissera à mãe que sua fada madrinha era um chinês baixinho muito encantador.
Por sorte, Min tinha respostas prontas para os questionamentos que a esposa fizera mais tarde. Contudo, sorte não era algo que iriam possuir por muito tempo, afinal, eram dois desgraçados, filhos da puta que tiravam vidas por muito pouco.
Minhyuk abriu o envelope, puxando uma folha amassada e manchada em alguns pontos, dissolvendo a tinta negra, mas não o bastante para torna-la ilegível.
"Mama, Feliz Ano Novo!
Como tem passado? A senhora e papai estão bem e saudáveis?
Sinto muito que tenha demorado um bocado para escrevê-la desde a última vez, mas o caso é que sei o quanto a senhora e papai odeiam me ter tão longe de casa, mesmo que já seja um homem formado, com bigode chinês e tudo!
Sabe mama, existe um motivo além do ano novo, para que eu viesse a enviar esta carta até a senhora. Estou tão exausto de carregar esses sentimentos comigo e, a única pessoa a quem poderia dizê-los sem que algo muito ruim acontecesse, é a senhora.
Sei que não sou o homem que planejou que eu seria, eu a envergonho por continuar com meu estilo de vida, mesmo após papai ter ameaçado me riscar da árvore genealógica inúmeras vezes. Não tiro sua razão, ele está coberto dela! Não me criou para ser um assassino, não me ensinou a agir com violência, mas, há um mundo abaixo dessa camada superficial em que vocês vivem e, sinto muito em dizer, mas sou mais necessário nele que ao lado de vocês ai em Hong Kong.
Mama, não estou tentando me justificar novamente, não é isso. Tenho completa noção que não importa o que eu diga, jamais serei integro o suficiente nas minhas explicações. O caso, é que quero que a senhora saiba que nem tudo o que ocorreu em minha vida desde que entrei para O Canil, foram inteiramente ruínas e desgraças.
VOCÊ ESTÁ LENDO
→ THE EVERSTIFLE CRIMINAL ←
Fiksi PenggemarLee Minhyuk e Jackson Wang são membros de organizações criminosas rivais, que disputam território há anos. Contudo, a presença da mãe de Wang no casarão dos Alligator, após uma invasão orquestrada pelo O Canil, organização cuja qual o filho faz part...