Assim como eu, ele também demonstrou estar surpreso. De repente, minha garganta ficou extremamente seca e meus lábios se juntaram brevemente, para formar uma palavra apenas:
— Kol?
Ele desfez seu semblante de surpresa, me mostrando um sorriso esplêndido, no qual, sempre me desconcertou. Ele se ajeitou de lado, para me olhar melhor, creio eu.
— Uou, olha se não é minha adorável, Srta. Cooper.
Aquilo me arrepiou de uma forma inexplicável. "Só pode ser uma pegadinha", era a única coisa que se passava em minha mente. Meus lábios se curvaram em um sorriso tímido.
— Ainda com este apelido? — Ri, quase inaudível.
— Oh, não faça essa carinha. Sei que gostava quando eu à chamava assim. — Ele ergueu uma das sobrancelhas, o que me fez desviar o olhar.
— Já parou para pensar que eu nunca disse que não gostava, para não lhe magoar? — Provoquei.
Mesmo que não o olhando, pude ver sua silhueta arregalar de leve os olhos. Ele riu em seguida, me fazendo fazer o mesmo.
— Você é realmente má Alyssa Cooper. — Negou com a cabeça e estalou a língua junto do céu da boca. — Mas me diga, o que está fazendo neste avião?
— Talvez seja meio óbvio... — digo em um tom de brincadeira. — Bom, eu estou indo para me descobrir. Acho que está na hora de eu saber quem sou e o que quero, de fato.
Enquanto eu falava, olhava minhas mãos. Ele tombou um pouco a cabeça para o lado e sorriu de uma forma calorosa, me fazendo o olhar.
— O... o quê foi? — Ri, sem graça.
— Você mudou. Antes estava certa de quê, queria cuidar de sua tia e prima até... ficar velhinha. E hoje, diz que quer se conhecer. — Me olha atenciosamente.
— Bom... — mordisquei meu lábio — faz dois anos Kolen. As pessoas mudam, ainda mais na nossa idade.
— Sim, dois anos. Senti sua falta Aly.
Ele se ajeitou na cadeira, claramente me mostrando que devíamos encerrar o assunto por aquele momento. Provavelmente eu havia tocado em uma ferida que aparentava não ter cicatrizado por inteiro. Não consegui respondê-lo, mas eu também havia sentido a falta dele.
Por fim, o último passageiro e dono da cadeira ao meu lado direito, chegou e se sentou na janela. Eu estava tão atordoada com o que acabara de acontecer, que nem consegui sequer dar bom dia ao rapaz. Mas de repente, me surpreendi ao ouvir sua voz, virei o rosto o olhando.
— Oh, é a garota de antes. — Diz surpreso em me ver. — Desculpa, não pude me apresentar antes. Sou Tyler, prazer em conhecê-la!
Ele me estendeu a mão, com um sorriso meigo nos lábios. Meu coração acelerou e eu solucei.
— Alyssa... — falei baixo, com a mão esquerda sob a boca e a direita segurando a dele.
Soltei sua mão e juntei as mãos na boca, ainda soluçando.
— Toma, bebe um pouco. — Disseram os dois homens sentados ao meu lado, em unânime, mostrando ambos as garrafinhas de água.
Aquilo me fez soluçar ainda mais forte, com os olhos arregalados. Afastei as mãos da boca e peguei minha garrafinha.
— E-Eu... tenho. Obrigado... — Eu tinha certeza de que estava totalmente vermelha. O constrangimento que eu estava sentindo, era imenso.
Abri a garrafinha e levei aos lábios, bebendo um pouco de água e respirando fundo. Concentrei minha respiração e pude sentir aos poucos, os soluços pararem.
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Era uma vez... Um clichê
RomansaPaís novo, cidade nova, rostos novos... Bom talvez nem todos. Em busca de uma vida de mais responsabilidades e adulta, Alyssa se muda para Londres, onde deseja encontrar seu destino. Mal sabe ela que sua vida irá virar de cabeça para baixo, quando s...