The Hamptons ✧ c.t.h

✧twenty two - the blood in my veins is made up of mistakes

Calum's pov

O relógio marcava cinco horas da manhã e Calum Hood ainda não tinha conseguido dormir por causa dela.

Ela tirava o seu sono, ela mexia com a sua cabeça, ela acabava com a sua sanidade e o tirava dos eixos. Ela o deixava exausto, sem forças. Fazia ele querer parar, ir embora e desistir do jogo. Calum nunca aprendeu a lidar com ela, a ansiedade.

Sentado no sofá da pequena varanda que tinha no seu quarto usando apenas aquela calça moletom, ele sentia a brisa fria daquela madrugada bater em seu rosto e seu peito nú, observando em silêncio a vista do jardim da sua casa, a piscina e o gramado verde até a escada de madeira que dava passagem para a praia. Antes de ir pra fora, checou Duke dormindo calmamente na cama com Melissa do mesmo jeito ao seu lado e sorriu, porque ali no seu colchão estavam deitados seus motivos de sorrir nas últimas semanas. O céu estava começando a clarear e Calum só conseguia ouvir o barulho das ondas do mar batendo, mas dentro da sua cabeça fazia barulho. Muito barulho.

A voz malandra de Roy ainda ressoava no seu ouvido perguntando se ele e Natalie realmente ficaram no dia da praia enquanto o time se trocava no vestiário para o jogo contra o Lions. A surpresa da líder de torcida ao ser questionada sobre isso logo em seguida, explicando que tinha postado o vídeo por causa de um desafio que estava brincando, mas o apagou logo depois porque nunca foi sua intenção causar nenhum tipo de mal entendido. Em seguida a imagem de Melissa ouvindo ele dizer que nem conseguia olhar pra ela naquele momento, sua feição machucada, seus olhos feridos e úmidos pelas lágrimas. Contudo, nenhuma dessas vozes que ecoavam e faziam barulho dentro da sua cabeça foi pior do que aquela ligação que ele recebeu antes de entrar em campo.

Flashback – 8 horas atrás

– Alô. – Hood atendeu o telefone sentado em um dos bancos do vestiário minutos antes de reunir o time na roda para as últimas instruções antes do jogo.

Sua cabeça estava a mil. Ele tinha acabado de descobrir que Natalie tinha postado um vídeo dos dois se beijando em seu Instagram no sábado passado, no dia que ele tinha ficado com Melissa pela última vez. Ele foi confrontar a líder de torcida no campo e ela se explicou, então na mesma hora ele entendeu tudo o que tinha acontecido. Foi por causa daquele vídeo que Mel tinha acabado tudo com ele, foi por causa daquele vídeo que ele teve que ouvir que foi um erro terem ficados juntos. Calum estava irritado, na verdade estava puto por como tudo aconteceu, por como a garota não foi sincera com ele, por como ela não deu a chance dele se explicar. Quando estava indo de volta para o vestiário viu Lancaster sozinha perto da entrada, mexendo no celular, então não pensou duas vezes antes de ir até ela e despejar tudo o que estava sentindo, falando até o que não queria falar. Voltou para dentro em seguida observando os garotos se prepararem e seu telefone tocou.

– Cal. – Era sua irmã Mali-koa e sua voz estava abafada e embargada em um tom desesperado. – Cal, você tá aí?

– Mali? – Perguntou, imediatamente preocupado, ouvindo soluços do outro lado da linha. – Você tá chorando? O que aconteceu?

– Eles me odeiam. – Ela disse chorando fortemente enquanto fungava e tentava manter a respiração.

– Do que você tá falando? – Hood franziu o cenho em confusão e agonia. Queria poder ajuda-la e estar com ela naquele momento mas simplesmente não podia. – Quem te odeia?

– A mãe e o pai. Eles me odeiam, Cal.

E na mesma hora sua feição caiu. Ele ficou sério e não disse mais uma palavra enquanto encarava um ponto fixo no chão e ouvia o choro forte da irmã mais velha. Seu coração apertou porque ele e Mali-koa sempre costumavam conversar sobre os seus problemas familiares, mas em todas as vezes que isso aconteceu, a mulher nunca tinha deixado nem uma lágrima sequer cair. Ela sempre foi forte, sempre segurou bem as pontas em Nova York, parecia ressentida, mas não machucada. Naquela ligação ela não só parecia machucada, mas estava quebrada. Vulnerável, indefesa. Mali chorava sem vergonha, sem pudor, sem medo. E aquilo assustava Calum. Aquelas palavras, o "eles me odeiam", acabavam com ele.