No início de sua carreira como herói, Katsuki decidiu que estava na hora de falar com seus pais.
Por tempos duvidou que fossem capazes de aceitar sem brigas o perfeito boiolinha apaixonado e puto que ele era, mas estava na hora de encarar a fera Mitsuki Bakugou e contava fielmente com o pai para que não fosse estrangulado até a morte ou coisa parecida.
Resolveu no mesmo dia apresentar Eijirou como o único ser vivo apto a estar eternamente com ele. Não com essas palavras, claro. Jamais falaria tal coisa romanticamente absurda em voz alta.
A ligação foi curta e sem muito espaço pra resposta:
— Velha, eu e o Kirishima estamos indo almoçar aí. Tenho algo importante para dizer à vocês. Chegamos em 30 minutos, tchau.
Mitsuki queria surrar aquele pequeno atrevido. Como ele ousa avisar tão em cima da hora e ainda por cima trazendo visitas?! Bom, Katsuki não lhe deu tempo para responder.
Pelo que lembra, Kirishima é o amigo ruivinho que adora carne, então faria curry e arroz, caso os pivetes achassem ruim que fosse à um restaurante. Também obrigou Masaru, seu esposo, a correr até o mercadinho mais próximo e comprar refrigerante.
Ainda que não admitisse, a senhora Bakugou amava receber visitas, principalmente do filho e mais ainda quando trazia o melhor amigo fofo que tanto fazia bem ao seu bebê. A pose de durona, tal qual de Katsuki, era apenas uma fachada para uma mãe zelosa que não escondeu bem a preocupação quando ouviu o filho dizer que havia algo importante para contar, assim, antes de sair Masaru deu-lhe um abraço e um leve beijo na testa.
Exatos trinta minutos após encerrar a ligação, o motor do carro de aplicativo parando em sua porta foi ouvido, espreitando da janela a loira viu seu pequeno delinquente e o amigo que havia esticado um bocado desde a última visita, este fez uma breve reverência para o motorista que seguiu viagem. Viu também quando Katsuki segurou a blusa de Eijirou, o puxando para um abraço. Achou melhor fechar a cortina para que não fosse descoberta espionando.
O garoto Bakugou abriu a porta com a própria chave, chamando pela mãe em seguida:
— Velha, posso entrar? — pôde ouvir sua mãe gritar em afirmação e convocou aquele atrás de si a acompanhá-lo.
Seguiram até a cozinha, onde o senhor Bakugou acabara de chegar do jardim e Mitsuki terminava de pôr as panelas na mesa:
— Então, vamos comer ou conversar primeiro? — perguntou levando a panela de curry ao centro da mesa.
O cheiro da carne fez Eijirou salivar, Katsuki percebeu e deu um leve sorriso, recebida a resposta.
O almoço seguiu tranquilo, aqui e ali Eijirou comentava sobre a comida incrível da senhora Bakugou e os quatro seguiram uma conversa sobre carreira e esportes. Era o momento de relaxar, a conversa séria viria logo depois.
Kirishima se ofereceu para lavar a louça e Katsuki o ajudou secando e guardando, Mitsuki aproveitou para fazer as perguntas costumeiras, avaliar a escovação dos dentes e a qualidade de sono de seu filho.
Na sala, após rirem bastante com as brigas entre mãe e filho, o tal assunto importante era enfim discutido:
— Mãe, pai. — assumiram uma postura tensa — Não tem uma forma sútil de dizer isso então que se foda. Eu sou gay. — o garoto aproveitou as caras de surpresa para continuar — E eu estou namorando o Eijirou.
Sem falar nada, a mulher de cabelos loiros se levantou com uma expressão taciturna e deu a volta na mesinha de centro até estar frente a frente a sua criança, Katsuki não se mexia pois não conseguia nem imaginar o que sua mãe estava pensando.
— Velha, eu já sou grande demais para ap-- —antes que pudesse prosseguir sua mãe o abraçou, com uma força da qual não se lembrava de já ter sido abraçado antes.
Sentiu-se confortado e amado. Gostou da sensação.
Sua surpresa o impediu de reagir direito, em seguida seu pai também o abraçava recitando com todas as letra o quão orgulhoso estava por ter criado um menino tão forte e verdadeiro. Eijirou foi puxado para o abraço e Katsuki sentiu as lágrimas quentes percorrerem seu rosto e o medo de não ser aceito lhe ser tirado dos ombros.
Após comoção e choro, algum discurso vergonhoso sobre proteção na hora do sexo e mais um milhão de perguntas sobre o casal apaixonado, estava na hora de ir embora, os jovens partiram despedindo-se dos pais do loiro na varanda da casa. A noite comemorariam a sós a coragem de Katsuki.
Mitsuki e Masaru observaram o carro seguir caminho até sumir de seus campos de visão. Ao entrar, a senhora Bakugou estendeu a mão.
— Um ano depois da formatura, querido. Passe para cá meu dinheiro. — bateu na própria palma.
O homem a olhou com as sobrancelhas arqueadas e tratou de pegar a carteira no bolso da calça, tirando de lá uma nota de ¥1000:
— Você não presta, sabia?
— Eu conheço muito bem meu filho, apenas. — saltitou até o sofá, onde sentou-se e deu uma batidinha para que o marido lhe acompanhasse.
Alguns anos mais tarde Katsuki ficaria quatro semanas sem dar notícias aos pais por descobrir que apostaram quanto tempo demoraria para que ele saísse do armário e contasse sobre sua real relação com Eijirou.
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Por mais dias ao seu lado
FanfictionPois a história de Katsuki e Eijirou deveria ser registradas e autenticadas. Continuação de Meus Dias ao Seu Lado, porém se não leu não terá problemas.