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inspirado na terceira e quarta
temporada de attack on titan

Os sapatos ressonavam impacientes contra o chão de pedra enquanto Wonho caminhava pelos corredores escuros e desagradáveis da prisão. Imaginá-la ali deixou suas mãos trêmulas e frias, não sabia o que esperar, mal podia acreditar que ela realmente havia se atrevido a passar as muralhas e cercas. A conhecendo bem como fazia, deveria ter imaginado que arriscar a própria vida para chegar ali era algo que iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

Os guardas e vigias direcionavam seus olhares de desaprovação, espanto e surpresa ao guerreiro do povo como se ainda não fosse possível crer que ele se encontrava tão alterado buscando por uma mulher da nação inimiga.

Após muito procurar, finalmente a viu encolhida no chão atrás das grades de umas das celas.

— Abram. Imediatamente! — quase ofegou, atormentado.

Os homens hesitaram, porém não deixaram de cumprir suas ordens, ainda que o julgassem profundamente.

Wonho adentrou a cela apressado, com as mãos ansiosas para tocá-la. O coração se comprimiu no peito, parecendo momentaneamente errar as batidas quando notou seu rosto machucado. A boca cortada com resquícios de sangue parecia distante dos lindos lábios que tanto sorriram para ele. O rosto todo possuía marcas que aos poucos se tonalizavam de roxo. Ele levou os dedos delicadamente à ela para acariciar, sendo respondido imediatamente por um ato de reflexo da mulher que agarrou seu pulso com as forças que ainda restavam.

— Hyewon... — a chamou baixinho — Está tudo bem agora.

Com lentidão, Hyewon abriu os olhos o fitando de modo desnorteado. Ela demorou, porém soltou seu pulso, parecendo cansada.

As mãos nervosas acariciaram o cálido rosto enquanto um turbilhão de sentimentos emaranhados rodavam dentro do corpo tenso. Era isso o que o destino guardava para todos no final?

— Deixe-me vê-la... Você a tirou de mim... Deixe-me vê-la agora! — ela sussurrou lutando contra o nó instalado na garganta. 

Wonho piscou algumas vezes, tentando reprimir a vontade de a abraçar, de sentir como se seus braços pudessem protegê-la de todo o mundo.

— Irei a levar. Ela está sob minha custódia agora. — anunciou em tom firme.

Ele não esperou por respostas ou protestos, apenas a ergueu com cuidado, a carregando para fora dali. Hyewon se dividiu entre odiar os atos carinhosos e sufocar contra a tristeza de não ter mais o marido tão amável que preenchia seus dias com felicidade. Ele ainda era o mesmo? Ou aquele ainda era seu papel? Se manteve calada durante o percurso, capitando os murmúrios confusos e a respiração pesada de Wonho.

Delicadamente, repousou sobre o banco de um carro antes de assumir o volante, dirigindo com notório afoito.

— Onde ela está? Preciso vê-la. — insistiu.

Ele apertou o volante até que a ponta de seus dedos se esbranquiçassem, se perguntando se havia sido tão egoísta como de repente lhe parecia. É claro que era, só não admitia, enterrando a verdade com desculpas que inventara.

— Ela está na escola, vou te levar para minha casa. Você deveria tomar um banho e cuidar dessas feridas, ela vai ficar assustada.

Hyewon riu baixinho.

— Então agora conhecerei sua verdadeira casa. — sussurrou com certa ironia, atraindo o olhar confuso dele.

O observou travar o maxilar, parecendo extremamente afetado com sua frase. Não conseguia ler os sentimentos presentes ali, raiva? Arrependimento? Dor?

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