O Herdeiro Perdido [vmon] - Parte 01

Capítulo 06 - Equinócio de Primavera

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Um dia muito importante em Buk é o equinócio de primavera, época da colheita do algodão - o maior produto de troca do vilarejo e matéria prima de tecelagem. O cultivo sustentou e fez com que a cidade crescesse no decorrer dos anos. O sistema político tinha como base a coletividade, o compartilhamento dos bens, das terras, da vida. Fora assim que Yoongi e Namjoon decidiram que seria quando viram os olhares perdidos de dezenas de pessoas abandonadas por seus lares, durante o contágio da peste. Todos ali compreendiam a importância daquela estação - dividiam a dor causada pela coleta em Esires.

Justamente por esse sentimento, tantos anos após o ocorrido, que as pessoas na cidade estavam agitadas, preparando a grande fogueira, enfeitando as ruas, as conversas altas e os risos se espalhavam. Nesse dia, Namjoon saiu cedo de casa, Maze e Tae mal acabaram de se levantar quando o mesmo atravessou a porta. Passaria o dia com Yoongi, só os encontraria novamente se os dois fossem na fogueira à noite, comemorar o equinócio.

Depois do desjejum de manhã, Taehyung e Haneul ficaram sozinhos. Maze precisava ir ajudar com os ajustes dos teares e com outras tarefas relacionadas aos preparativos. Haneul passou o dia questionando o ruivo sobre as ervas que ele mexia tanto, o que ele fazia, e como podia aquelas plantinhas ajudarem tanto as pessoas? Ela cozinharia o almoço para eles, faria o ensopado que Maze havia lhe ensinado. Tae sorria o tempo inteiro, respondia com atenção todas as perguntas, a zelou quando a mesma decidiu que era a hora de ir preparar os legumes e buscar o queijo. À tarde, Tae atendeu algumas pessoas que lhe procuravam para pedir receitas medicinais. Haneul estava concentrada em amassar as ervas na cuia que o ruivo havia lhe dado, para fazerem chá ao final do dia.

A água borbulhava na jarra em cima do forno à lenha de Maze, quando Namjoon adentrou a casa. Haneul correu para seus braços sendo levantada no ar em um rodopio, as risadas de ambos enchendo o ambiente. Namjoon a trouxe para perto, mantendo-a em seu colo, enquanto se aproximava do médico, sorrindo.

—Trouxe algo pra você, doutor — sorriu misterioso, capturando a atenção do ruivo, que parou o que fazia para observá-lo.

Não conteve o sorriso miúdo que surgiu por vê-lo com a pequena nos braços. Namjoon movimentou a cabeça em direção a porta, se virando na expectativa de que Taehyung o seguisse. Tinha deixado o saco de linho que trouxera perto da entrada. Colocou a menina no chão, e ela se juntou ao ruivo enquanto o mais velho abria o tecido.

—O que você...?

—Um presente do Yoongi, para você usar hoje à noite. Ele faz questão.

O mais alto tinha nas mãos um conjunto de roupas, com bordados delicados e rendas douradas. Taehyung olhava para o presente e para o homem à sua frente, sem palavras. Namjoon se aproximou mais, encostando o conjunto no peito do ruivo, soltando sem se preocupar se o mesmo o seguraria. O menor se apressou em segurar o presente, fazendo uma careta pro outro, que ria.

—Haneul, tenho algo para você também.

Tirou do saco uma coroa de flores miudinhas e brancas. Os olhinhos da criança brilharam enquanto ela exclamava surpresa e animada pelo presente do loiro. Ele colocou com cuidado na cabeça da menor, apoiando o joelho no chão para ficar na altura da mesma.

—Que linda Nami, eu sou uma princesa das flores agora!

—É a princesa mais linda de todas, Hani.

Ela abraçou o rapaz com força. Sorria. Assim que Namjoon a soltou, ela saiu rodopiando pela casa, o vestidinho esvoaçante a acompanhava. Os mais velhos sorriam.

—Te vejo mais tarde?

Taehyung acenou em silêncio com a cabeça, segurando as roupas novas que ganhara. Namjoon sorriu, se despediu da menor que estava entretida com o presente, e saiu pela porta. O ruivo não tinha percebido como o dia passara rápido, ao olhar pela janela viu as luzes pela rua, e as pessoas cantando, música ao longe podia ser ouvida, sentiu o corpo estremecer. Estava ansioso.