O Herdeiro Perdido [vmon] - Parte 01

Capítulo 07 - Insuportável distância

relembrando que no último capítulo, Nam revela ao Tae que ele é o herdeiro perdido de Esires....
boa leitura ~

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Namjoon não voltou para casa no final daquele dia. Taehyung não conseguia dormir. Ambos queriam correr até Yoongi para esclarecer o que estava acontecendo. Sentiam-se sufocados, as indagações em suas mentes transbordavaem ondas de ansiedade e palpitações, respirar era uma tarefa exaustiva. Ao mesmo tempo que queriam fugir para seus lares, isso significava voltar para a presença um do outro, e não fazia o menor sentido. Se forçaram a manter a distância, se forçaram a aceitar que os destinos não eram o mesmo, voltar para Esires era a solução para tudo: para o sossego de um, para a fuga do outro.

Maze notou a tensão entre ambos, e foi a primeira a recorrer à Yoongi, queria saber o que podia estar acontecendo, e ele seria o único a compreender a situação. No cais, durante a noite, Namjoon preparava um barco, não estava com cabeça para ficar em terra firme, e só o mar conseguiria o acalmar. Nunca pensou que teria que lidar com aquele passado novamente, pois sua disposição para seguir em frente fora tudo o que tivera por anos. Abandonou a própria família por seus princípios, e voltar atrás agora era impensável. Por mais falta que sentisse, por mais que tivesse perdoado o pai, por mais que seu coração doesse só de pensar em Jimin, não podia abandonar sua outra família, sua outra casa. Aquele não seria ele. Não faria isso nem se fosse por Taehyung, e admitir isso doía.

Remou até a ilha mais próxima da encosta de Buk. Atracou no pequeno cais, mas não saiu do barco, se deitou como pode, e procurou refúgio na vista das estrelas. Se lembrou do nome de cada uma, e de quem havia lhe contado todas as histórias sobre elas - seu pai. A sua preferida era Anwa, a pequena Anwa que mal se via o brilho entre tantas estrelas. Sua história era sobre a separação de dois amantes - onde um deles foi morar nela, e o outro ficou em terra firme, eles não se alcançaram nunca mais, mas se viam em quase todas as noites, remoendo a saudade de estarem juntos.

Sua amada mãe lhe contou a história daquela em específico, e por isso era sua preferida. As poucas lembranças que tinha da mulher eram preciosas demais para se permitir perder. Tentou não pensar no homem ruivo que salvara. Tentou disfarçar o coração acelerado, e negou as reações que seu corpo demonstrava quando a imagem do outro lhe via a mente. Queria o enviar de volta para Esires o quanto antes, e se ver longe... mas queria sentir que não estava perdendo mais uma parte preciosa do que havia conquistado. A vida parecia essa perda constante das coisas boas que tinha, era sempre forçado a abrir mão do que mais queria, seus princípios o implicam a isso.

Repetiu várias vezes em sua mente que o lugar de Taehyung não era ali, que ele precisava ir embora, e que tudo voltaria ao normal. Buk é marcada por constantes despedidas, e o ruivo seria mais uma, cedo ou tarde. Caiu no sono sem perceber, como o sol que em poucos milésimos de segundos se põe, deixando o crepúsculo para trás. Apesar de negar o que sentia durante sua vigília, seus sonhos naquela noite o levaram ao incidente de anos atrás, à Esires, ao desespero do povo, à uma troca de olhares com um jovem que o assistia partir no navio, aqueles olhos marejados não desviavam do seu, nem mesmo enquanto seu corpo esguio era arrastado por um guarda real. A cor de seus cabelos não deu espaço para dúvidas de quem era.

[...]

Pela manhã, mal terminara de amarrar o barco ao suporte preso ao cais, Yoongi se aproximara. Tinha um semblante sério e parecia pensativo.

—Nam, precisamos conversar

—Bom dia para você também. E sim, precisamos. Quando você vai mandá-lo embora, Yoongi?

—Ele vai quando quiser, Namjoon, nem você nem eu devemos interferir nisso. Não deportamos as pessoas que resgatamos e você sabe muito bem disso.