Capítulo 02 - Uma Luz

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gente, eu cometi um erro, postei o capítulo 03 como se fosse o 02, mas AH, talvez ninguém perceba ... caso você leu e não entendeu o conteúdo do capitulo Vai Ficar Tudo Bem, lê esse aqui que vai ajudar e tudo vai fazer sentido  ~ me perdoem é minha primeira vez nesse site T_T 

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Acordar não pareceu uma boa ideia, o ferimento doía demais, mas não mais que a sensação de impotência e desamparo que pesava em seu peito. Taehyung fechou os olhos com força quando flashes de seu capitão pendurado voltaram a aparecer em sua mente. Respirou fundo, a fim de tentar se acalmar. Como tudo aconteceu, exatamente? Toda a batalha era um borrão para si e nada fazia sentido, o motivo da derrota não lhe era claro, algo não estava certo.

Mordeu a língua, não era o momento para se desesperar completamente, ainda estava ferido. Não se lembrava de ter estancado-o, mas parecia que alguém o tinha feito. Seu torso estava enfaixado. Sentiu a garganta fechar e o ar pesou. Por que estava vivo, entre tantos homens que lutavam há anos? Cerrou os punhos, a raiva lhe consumia em ardentes impulsos pelo corpo que lhe aqueciam, lhe lembrando do quanto sentia fome e sede naquele momento, do quanto estava exausto mentalmente, do quanto queria ter lutado mais.

Quantos dias já haviam passado? Taehyung apenas ajeitou o corpo de um jeito que doía menos, enquanto encarava a escuridão de olhos abertos, os pensamentos incessantes. Sabia que não estava sozinho, era um prisioneiro agora. Era? Aceitaria ser levado tão facilmente? Para onde os levariam? A mando de quem aqueles piratas estavam subjugando e capturando pessoas? Pensar sobre aquilo lhe embrulhava ainda mais o estômago.

Um choro ressoou abafado naquele cubículo escuro. Taehyung sentiu um aperto no peito, balançando a cabeça em negação. O barulho na madeira perto do alçapão chamou a atenção do ruivo, que ficou atento, um engasgo soou e o choro que ecoava agora era só um murmurinho baixo. A pouca luz que entrou pela fresta da porta rangendo de madeira obrigou a todos a fecharem os olhos repentinamente. Um homem magricela de barba rala e um sorriso amarelo estava à vista, segurando uma cesta. Anunciou o momento da "refeição", e como se alimenta porcos, arremessou os pães em meio aos reféns, que em um alvoroço barulhento, se trombaram em busca de capturar o sustento de dias que passariam sem poder sentir o gosto de qualquer alimento.

O baque opaco do pequeno pãozinho já endurecido fez Taehyung esticar o braço com dificuldade para capturá-lo, havia caído perto de si. Encarando o alimento, o ronco em seu estômago o lembrou de não se preocupar com o mofo que começara a cobrir o pão. Mas o choro de minutos antes, na escuridão, o lembrou de que havia uma criança ali. Quando a cesta passou a conter somente farelos, o pirata magricela fechou o alçapão, trazendo a escuridão de volta.

Taehyung suportaria mais alguns dias de estômago vazio. O chorinho voltou a ecoar, a garganta desengasgada pelo susto não conseguia conter o medo. Com dificuldade, o ruivo se levantou e começou a assobiar baixinho, notas longas, que exigiam um tanto do pouco fôlego que tinha, e seus passos cuidadosos no escuro sob a orientação de seus ouvidos o levaram o mais próximo possível de quem chorava.

Tateou no escuro, e um corpinho trêmulo se fez sentir em seus dedos. Continuou assobiando, e acarinhou os fios sebosos da criança com a mão livre, a outra depositou nas mãozinhas o pedaço de pão mofado que Taehyung capturara. Enquanto voltava para o lugar onde estava, andando no escuro, lágrimas grossas escorriam quentes por suas bochechas, enquanto tentava sustentar o assobio melancólico que fazia, agora por conta do choro, sua garganta arder. Se forçou a engolir as lágrimas junto com o ódio que crescia em si, encostando-se na madeira novamente.

Acreditou que a exaustão o faria dormir, mas não podia pregar os olhos, cada extensão de sua pele estava eriçada, em alerta. Tinha que sobreviver, a qualquer custo.

O Herdeiro Perdido [vmon] - Parte 01Onde histórias criam vida. Descubra agora