CAPÍTULO 23

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- A gente nem sabe o nome dela. - Falo observando-a dormir no sofá.

- Precisamos achar os pais rápido, ela não pode continuar aqui, isso deve ser um tipo de crime, sei lá.

- Hoje foi um longo dia, preciso tomar um banho e descansar. Vou levar ela pro quarto.

- Deixa que eu faço isso. - Ele pega ela e eu corro para arrumar os lençóis da cama. - Você foi ótima hoje.

- Se eu tivesse sido, ela já estaria com os pais agora. - Olho para baixo triste.

- Ei, isso não é nossa culpa. -ele levanta meu queixo.- Algo deve ter acontecido com os pais dela. Mas vamos fazer de tudo para acha-los.

O que pode ter acontecido com os pais dela? Como eles não a procuraram? Será que abandonaram ela na rua? Tão pequena e indefesa.

...

Termino o banho e ao entrar no quarto vejo-a mexendo em uma das gavetas. Ao me ver ela corre para a cama e se cobre com os lençóis.

- Ei, calma. Eu não vou brigar com você. Você sabe dizer seu nome? - Chego mais perto e sento na cama. Vejo ela se mexendo. Também entro embaixo dos lençóis.

- Jade. - Ela fala olhando para baixo e aponta para seus olhos.

- Ah, que nome lindo! Por conta da pedra verde! Os olhos da sua mamãe também são verdes? - Ela hesita e depois assente. - Qual o nome dela?

- Ísis.

- Nossa, que lindo! E o do papai? Também é bonito assim?

- Papai no céu. - Coloco minhas mãos sobre a sua.


- Onde está sua mamãe? - Ela demora algum tempo para responder, mas não a pressiono.

- No carro. - Acho melhor chamar o Noah, talvez ele possa me ajudar.

-Noah, vem cá! - Ele entra nas cobertas. - Essa é a Jade, e a mãe dela escolheu esse nome por conta dos olhos dela, não são lindos? - Ele olha meio estranho pra mim.

-Ah, são sim, lindos. Então, Jade...você já foi à praia?

- Mamãe e eu gosta da praia das pedras coloridas, eu tenho um monte assim. - ela levanta os dois braços. Rimos.

- Você quer ir lá hoje? - Ela assente com vigor. Eu olho com indiferença para o Noah. - Então tudo bem!

- Vamos ver a mamãe? - Nos encaramos.

- Eu não sei...Mas logo logo nós vamos encontra-la, eu prometo de dedinho - Ele pega no dedo mindinho de Jade fazendo-a sorrir.

Puxo Noah pelo braço até o corredor.

- Noah, o que vamos fazer? Não sabemos cuidar de uma criança, isso é muita responsabilidade! Estou achando melhor irmos na delegacia o quanto antes, se demorarmos irão achar que a sequestramos.

- Espera, a gente pode ir mais além. Quem sabe não achamos a mãe dela na praia? Ou melhor, podemos perguntar se mais alguém que ela conhece mora aqui, talvez uma tia...- Pulo até o quarto e me ajoelhou em frente dela.

- Jade, cadê a titia? - Ela me olha como quem não está entendendo. - E a vovó e o vovô? Moram aqui?

- Vovô e o vovó briga com mamãe. - Ela assente.

Que tipo de mãe desnaturada é essa? Deixa a filha assim sozinha, não mantém contanto com a família e até agora não deu a filha como desaparecida na polícia.

- Alisson, a família dela não mora aqui. Provavelmente a mãe fugiu de casa porque engravidou cedo demais. Vamos tomar um sorvete e ir pra praia, Jade! - Ele a pega pela mão e ela se levanta eufórica.

Como ele está agindo assim, sabendo a gravidade dessa situação?

Espero que lá pelo menos alguém conheça ela...


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