Capítulo 12 - Espaço Em Branco

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    Henri se sentou na fileira ao lado da minha, um pouco atrás. As garotas da turma começaram a cochichar, óbvio que todas elas já sabiam quem ele era. Olhei em sua direção e ele acenou para mim, dando um sorriso, retribuí e virei para frente, foi aí que buchicho cresceu ainda mais, até que a professora resolveu dar um basta:

    "Calados! Adoro ouvir a voz de vocês, mas na hora certa! Seja bem-vindo Henri, tenho certeza que você terá muito a acrescentar nesta classe." 
   A aula continuou e assim que tocou o sinal para a próxima, algumas garotas se reuniram ao redor da carteira dele... Isso era tão previsível! 
   Guardei o material e me direcionei a porta, foi quando senti alguém tocar meu ombro:
     "E ai?"
   Era a voz do Henri e quando me virei completamente pude comprovar. Fiz uma cara de suspresa: 
   "O que você tá fazendo aqui?" rí ao falar.
   "Bem, uma garota que parece ter acabado de sair dos anos 50 me falou que essa era um das melhores escola com classe de música da cidade, então... Tive que vir comprovar."
   Rí novamente, dessa vez um pouco sem graça, mas ainda não tinha entendido se ele tinha vindo estudar aqui ou só comprovar se a escola era boa mesmo. Fomos caminhando e ele me explicou que tinha se mudado para a cidade e estava morando com a irmã, queria se aprimorar mais na área musical mas os colégios da cidade dele não eram muito renomados.
   Por coincidência ele também iria pra classe de francês naquele horário, e fomos andando juntos até a sala.
   "Você vai ter que me explicar essa escola porque ela parece mais confusa que um matagal cheio de araras... E onças, tipo um labirinto com macacos..."
   Não entendi muito bem o que ele falou, ou quis dizer com isso, mas mais tarde percebi que seria uma coisa que aconteceria com bastante frequência. Ele tinha uma jeito de se expressar pausado, parecendo pensar em tanta coisa ao mesmo tempo mas não conseguia colocar em palavras. 
    Falei por alto coisas sobre a escola e ela parecia tao concentrado no meu rosto e lábios: Se eu ria, ele fazia expressão de riso, ficava séria, ele também... Era como se o que eu falasse fosse um onda e ele entrava nela se deixando levar, sem perceber. Mas não era só comigo, Henri depositava toda sua atenção no interlocutor, seja ele quem fosse.
     No final da aula saímos juntos em direção à saída, recebi um sms da Leda:
    "Tô te vendo com um gato mas não vou aí te atrapalhar desde que vc prometa q quando chegar em casa vai me contar tudo."
   "Boba." Pensei, e olhei para trás. Ela estava perto do bebedouro e acenou para mim, fiz o mesmo e Henri também olhou para trás.
     "É uma amiga." Expliquei.
     "Hm." Falou, colocando a mão no rosto para tampar o sol.

     A está altura já estávamos no estacionamento. Tirei o alarme do meu carro quando Sykes comentou:
   "Estou me preparando pra um musical, dirigido pelo Kenny Ospina, e tenho que levar pelo menos 2 composições próprias pra ele, mas como estou sem inspiração e vi seus vídeos no youtube, acho que não teria alguém melhor pra me ajudar..." 
   "Claro, pode contar comigo" Falei sem hesitar, enquanto guardava meu material no banco traseiro do carro: "Se quiser pode ir lá em casa..."
   "Me passa seu endereço, tem alguma folha aí?" Perguntou, mas eu tinha acabado de guardar o material, então apenas peguei uma caneta que estava na gaveta do carro:
    "Posso escrever no seu braço?"
    Ele pareceu surpreso, mas levantou a manga da blusa xadrez que estava usando. Com cuidado toquei seu pulso, e pude ver de perto algumas de suas tatuagens.
    "Tem algum espaço vazio aqui?" Rí e ele fez o mesmo. 
     Escrevi o endereço e disse que ele poderia ir quando quisesse, era só me ligar e avisar antes.
   Nos despedimos e entrei no carro. O assisti indo em direção ao dele - ou da irmã, ainda náo tinha entendido muito bem aquela historia- Ele era alto e charmoso, porém ao mesmo tempo desajeitado. Sorri sozinha ao vê-lo sacudir o cabelo enquanto andava. Antes de ligar o carro, peguei a caneta que acabara de usar e escrevi no espaço em branco, desta vez do meu braço: "Henry Sykes".

It's Always You (A Haylor Inspired Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora