Os sons ainda chegavam abafados quando viu a figura de Steve surgiu em sua visão periférica, depois o próprio James Barnes com a face pálida, torcida em puro assombro. O cérebro de Wanda ainda não era capaz de distinguir se as coisas corriam em um ritmo veloz ou lento demais, mas ela discernia o choro de Natasha e a voz de James chamando seu nome de novo e de novo. Embora confusa, ela conseguiu soltar um gemido de dor e pôs a mão direita sobre seu peitoral, por onde o tiro havia atingido-lhe. No lugar do sangue quente, a jovem sentiu fragmentos pinicarem as pontas dos dedos e observou a cor vermelha de seu broche dissolver-se.
O impacto tinha sido brutal, mas a bala atingira a jóia.
Ela conseguiu erguer um pouco o tronco e passou um instante observando o broche deformado pela bala. Era um objeto nada valioso, as pedras baratas tinham quase todas virado pó. No entanto, ela segurava-o com a devoção de quem segurava algo sagrado. Começou a chorar de nervoso e gratidão, seu corpo de repente muito vivo e trêmulo. Quando tudo falhasse, o broche a protegeria.
Wanda acreditava nisso.
A bala caiu com um tilintar suave no chão e ela sentiu Natasha abraçando-a com força enquanto xingava em russo — Sua diaba sortuda! — e chorava ao mesmo tempo. Wanda não se importou com isso, pelo contrário: parecia ter nascido de novo, chorava sem entender muita coisa e precisava urgentemente de abraços familiares e a sensação de ser segurada com carinho. Depois de um pouco mais calma, ela tateou a pele por debaixo do tecido de vestido e viu que, mesmo não tratando-se de um ferimento fatal, o ponto ficaria deveras vermelho, talvez até adquirindo o tom roxo e amarelado de um belo hematoma.
James estava ajoelhado do lado dela e deu-lhe um beijo rápido depois de Natasha se afastar um pouco. Segurou seu queixo e buscou em seus olhos mais algum sinal de dor aguda, encarou seu vestido a fim de captar indícios de algum ferimento, mas não havia nada. O mecânico tinha gotículas de suor em sua testa, tensão pura na mandíbula e medo em cada nuance de suas íris azuis.
— Eu estava lá dentro, boneca, me perdoe. — Ele se explicou, como se suas atitudes pudessem ter mudado o fato de Declan Dane ter apertado ou não o gatilho. Quem sabe não pensasse que as atitudes do mafioso fossem tão longe assim e o peso da realidade tivesse rasgado-lhe. — Eu não pensei que...
Ela sacudiu a cabeça.
— Você mesmo disse que eu sabia das coisas, James. Não dá para repetir o passado, então estava na hora de eu te salvar, não é?
O riso que escapou da garganta dele foi um som nervoso e breve. Estava quase chorando, e até seu braço metálico estava trêmulo.
— Não vamos mais repetir mais nada disso, certo? Estamos quites.
Enquanto Steve e Bucky ajudavam-a se levantar devagar, mesmo com o apoio incerto dos sapatos com um pouco de salto, Pietro aproximou-se correndo. Assim como o resto de seus amigos — e de seu amante — ele também carregava uma expressão atônita no rosto, a diferença é que ele estava com a própria arma em mãos e gotículas de sangue espirradas na camisa e seu queixo.
— Wanda, fala comigo.
— Pietro, foi a mamãe. — Ela choramingou, buscando as mãos dele com as suas. Pegou apenas em seus pulsos, pois ele ainda segurava uma pistola e se referiu ao broche, à Magda. — Ela me salvou. Ela me salvou de verdade.
— Bom, eu espero que ela não se importe de eu ter dado um segundo tiro no desgraçado.
— Ora, Pietro. — Wanda sorriu fraco, lembrando-se do humor de Magda Maximoff. — Até parece que não conheceu nossa mãe.
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Art Déco
FanfictionNova York, EUA. A cidade brilha de dia com o fervor econômico, mas é o cair da noite e o som do jazz que trazem o verdadeiro tom para a década de 20. Embora a Proibição ainda esteja em vigor, álcool escorre por bares, bocas e festas; embora dificuld...