mistérios em Hausþoka

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Meu tio estava cuidando dos pássaros quando cheguei, os colocava para dentro do quartinho para ficarem aquecidos, nunca gostei de pássaros em gaiolas, me dá ansiedade ver eles pulando nos mesmos lugares sem propósito.
    Deixei meu material no chão perto da cama e me deitei, meu celular devia estar uns 30% quando a Brunhilda me enviou uma série de áudios. Brunhilda trabalhava na quitanda da cidade, em frente a delegacia, ela passou a morar na cidade depois que saiu do convento. Sinceramente acho bonito o lugar mas não viveria lá, antes havia uma linha ferroviária que passava quase em frente mas hoje em dia não se utiliza mais.

-Ou já soube da sua diretora? Soube que encontraram ela morta em casa. Tão dizendo que foi suicídio. Coitada não deve ter aguentado a notícia da morte do filho. Achava que ela estava bem, ela esteve aqui ontem e comprou 6 maçãs parecia estar seguindo e aceitando a morte do filho Camus. Pobre mulher.

   Confesso que a quantidade de informação me deixou confusa, tudo bem que não foi do nada, a morte do seu filho com toda certeza a destruiu. Ela vivia sozinha com ele no segundo andar do hotel que era do pai dela. Já faz anos que não eu não via o pai do Campus na cidade e não o vi no enterro do filho ou se ele foi não o reconheci.
   Isso é algo tão comum que nem nos surpreende mais não é? Pais separados encontram outros parceiros e criam novas famílias, e quando você vê não se encaixa em nenhuma mais. Camus não era do tipo briguento na escola ou na rua, suas passagens eram por pequenos furtos. Mas houve uma briga em que ele se envolveu a uns 2 anos imagino que a polícia já esteja seguindo essa iniciativa.
    Uriel trabalhava numa construção devia ter uns 20 anos, eles tiveram um desentendimento quando estavam bêbados e Camus usou um martelo, não me recordo com clareza mas acho que acertou a mão de Uriel.
   Isso seria motivo para uma outra briga entre eles mas esperar 2 anos para se vingar não fazia o tipo dele apesar do seu nome ser o do 4° arcanjo e o mais inteligente do mundo celeste aqui na terra ele não era tão inteligente quando no céu e o fato de Uriel cheirar cocaína e muitas vezes dorme na rua pelo estado elevado não o ajudava em nada, mas não acho que seja ele.

-Soube como ela se matou Brunhilda? Era para ela ter ido para a escola hoje mas não apareceu, deve ter feito isso a muitas horas então né?- mandei o áudio e fui para a cozinha deixando o celular carregando. Não sinto fome, nada me dá fome, eu tentei mas não consigo. Sempre quero vomitar o que como, sempre passo mal.

   Brunhilda não me respondeu depois disso já se passava das 7 quando Elfried mandou mensagem no grupo e a chuva lá fora só aumentava.

-Sabe do Akira? A mãe dele está na rua o procurando.- finalmente percebi que Akira havia ficado na escola e lhe disse- Não o vejo desde que saímos da escola, ele não quis vir né.- me deitei comendo algumas bolachas

- Akira foi o que mais estava preocupado com a chuva devia ter saído com a gente.- Ramona escreveu, achei que ela estaria ajudando o irmão com a Torá, ele tem disléxica então ela sempre o ajuda mesmo indo contra seu pai. Não tem Sinagoga na nossa cidade mas eles frequentam a que fica a uns 14 quilômetros daqui em outra cidade. Ramona não é muito crente a Deus mas não contraria os pais.

Elfried demorou um tempo até que enviou:
- Não o vi no caminho para a casa. E a mãe dele já pegou uma moto
-Moto com essa chuva e as estradas ruins desse jeito?

-Ela já ligou para a escola? Ele pode ter ficado lá porque a chuva começou- Ramona disse. Eu ainda estava pensando na diretora.

   Ela não era velha, Lyra era nascida e criada aqui na cidade e o avô dela que construiu o único hotel da cidade, lugar onde ela vivia. Ela devia ter uns 42 anos na época.

-Me contaram que acharam a diretora Lyra morta no hotel, na verdade eu não sei de mais nada só me disseram isso- esperei alguma segundos Elfried estava digitando -Mas ela estava tão bem, vi ela a poucos dias na rua das freiras -costumamos chamar assim a rua velha que leva ao convento- ela parecia bem, olhava as árvores tranquila-. -pelo visto não estava.