As vezes, por mais que tentemos, as coisas não vão dar certo, eu sempre fui muito azarada e pela vida dos meus amigos eles também não eram os mais sortudos.
Chegamos em menos de 40 minutos até a clareira, por conta da estrada horrível tivemos que ir a pé depois de mais da metade do caminho. A estrada estava enlameada e escorregadia, meus sapatos estavam cheios de lama e toda vez que eu andava grudava mais e respingava gotas na minha roupa e quando chegamos lá todos já estavam cobertos de lama principalmente Elfried que tinha lama até no cabelo devido um tombo que levou mas pelo menos aumentou o astral do grupo. A floresta estava quieta e graças ao sol que abriu não estava tão هههههههههههههههههههههههههههههههههههههههههههههههههههههه
Madalena estava sozinha em casa quando ele chegou e desde então tentou entender o que ele tinha feito para estar daquele jeito. Akira respirava pausado, tentava pegar as palavras no ar como se fossem palpáveis. Estava com nojo, nojo de estar na sua pele, ele sabia que era o marido dela naquele corredor, ele tinha certeza que ele o viu pular o muro e o reconheceria. Logo agora que as coisas estavam dando certo para eles teriam que ir embora de novo. Madalena deu-lhe uma toalha para que tomasse banho, quem sabe água quente o aquiete. Depois do banho vestiu roupas da Madalena e permaneceu deitado enquanto ela fazia gemada.
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Nós estávamos olhando do lado de fora da casa, torcendo para nada acontecer e podermos voltar para nossa monótona vida e nos preparar para passar 3 dias sem aula para maratonar alguma série quando ele apareceu na janela vestindo um moletom cinza. O que diabos era isso?
Olhei para para eles e Elfried parecia contente em poder continuar a "investigação" mas Ramona não, ela não queria mas tinha concordado, agora era só irmos até a porta e chamar. Essa é a parte fácil.
Aliana bateu e ainda esperava na frente da porta, aguardavamos encostados nas grades de madeira da varanda, já desistindo quando Aliana bateu pela 6 vez na porta. Sabíamos que tinha gente, mas por motivos óbvios eles nos ignoravam.
- Estão imundos.- Madalena disse assim que abriu a porta de uma vez só.
A olhei de cima a baixo, calça de moletom cinza e blusa de alcinha preta, talvez um pijama.
-. A gente pode entrar?- Aliana perguntou e torcemos para que ela fosse cortês conosco.
- O querem aqui?- respondeu a pergunta com outra pergunta, estavá desviando do assunto óbvio.
- A gente tava de passagem e..... A gente viu o Akira aí.- porra Ramona, tudo bem que não tínhamos um plano combinado mas assim de uma vez só.Primeiro lembrete: sempre ter um plano combinado com todos.
- É ele passou aqui. Querem deixar recado? - Madalena disse de maneira monótona.
- Ele não passou, ele TÁ aqui. A gente só quer saber o que rolou.
- Ele fugiu de casa.
Ela disse me encarando.
- Qualé Mada, a gente sabe que não foi só isso, ele tomou banho aí né? Tava todo sujo de sangue....
- Cala boca Elfried, e não vem com essa de Mada não que o Akira já me contou?
- Contou o que?
Aliana questionou todos ali presentes mas não iria obter essa resposta da minha pessoa. Madalena abriu a porta de tela para passarmos. Ramona seguia emburrada.
- Ele ainda está lá encima vou chamá-lo.
Elfried disse enquanto subia as escadas da casa já que conhecia o caminho até o quarto da Madalena. Me sentei no balanço enquanto Aliana se acomodou no sofá amarelo, Ramona e Madalena esperavam em pé torcendo para acabar logo quando Elfried começou a descer as escadas com Akira, pálido mas cheirava bem. Madalena esperou ele se sentar no sofá ao lado de Aliana para entregar gemada a ele numa caneca. Todos ali olhavamos para como se fosse um animal raro, aguardando ele terminar de comer e nos dar respostas assim que acabou Madalena pegou a caneca e foi para a cozinha.
- Sua mãe tá louca atrás de você, até deu queixa na polícia dizendo que está desaparecido.
- Eu não vou voltar, vão achar que eu fiz algo.
- Realmente você aparece no meio da noite coberto de sangue esperava o que?
Akira não era de falar muito e Aliana parecia querer dar uma lição de moral pelo susto que levou.
- Sabe de quem era o sangue?
Perguntei tentando trazer o foco de volta ao grupo quando Madalena retornou da cozinha.
- É da Lyra né?
Akira ficou branco, no modo de dizer óbviamente já que ele é negro. Encarou Madalena assustado.
- Matou a diretora? -obvio que ele vai dizer sim Elfried.
- Não idiota ele tentou, ela ainda tá viva. - a sanidade deles me tranquiliza igual heroína.
- Eu não fiz nada, ela que vomitou em mim e...
- Ela está no hospital agora, ninguém vai te culpar de nada se você não fez nada. - Madalena tentava tranquilizar o namorado quando meu celular apitou 9 da manhã hora do remédio.
- Pode me dar um copo d'água Madalena?
- Só tem da pia, a geladeira estragou.
- Pode ser.
Segui Madalena até a cozinha que não era nem um pouco longe da sala, ficava em baixo da escada, uma área pequena, muito pequena. Enquanto eu procurava na mochila o remédio certo e Madalena esperava encostada no batente da porta escutava Elfried e Akira conversando.
- Por que contou pra ela? Achei que fosse amigo do Camus.
- Eu era, até ele se matar.
- Ele não se matou...
- Não? Eu disse que ele não devia ir, ele foi por que quis.
- Devia ter me avisado.
- Ah claro, da próxima eu aviso pro amante dele.
- Chega Akira.
Madalena interrompeu a discussão indo na direção do sofá e se sentou do outro lado de Aliana que permanecia quieta enquanto analisava a situação, aparentemente ela foi a única que não tinha entendido ainda que Elfried transava com Camus. Ramona estava sem esboçar nada, nem um pingo de surpresa. Não era como se o próprio Elfried tivesse tirado um tempinho para nós contar, mas já sabíamos pelo fato de Elfried não ser a pessoa mais neutra que existe.
- Você ainda não disse o que ocorreu Akira. Você pulou muro da minha casa, no meio da noite e agora parece muito bem.
Aliana falou tentando mudar o assunto de traição e focar no suicídio ou talvez assassinato.
- Eu só pulei para me esconder não estava pensando em pedir ajuda a você.
- Pois saiba que eu também não planejava lhe ajudar em nada...
- De quem era o sangue?
Perguntei ainda com o copo na mão, Aliana parou para me encarar.
- Da Lyra, eu só fui ver como ela estava e ela passou mal.
- Foi visitar a diretora de madrugada? Fala sério Akira você não é o mais sociável aqui.
- Eu só queria saber se ela estava bem, foi só isso.
- Então viu o que ela comeu antes de "passar mal"?
Akira me encarou com incredulidade.
- Você acha que se eu visse ela comendo vidro eu deixaria?
- Talvez tivesse mais alguém na casa com ela.
Ramona viu um pouco da furia graciosa que Akira estava tendo por causa da minha pergunta para fazer outra, talvez até melhor.
- Tinha dois homens lá quando eu saí, mas quando entrei não tinha ninguém.
- E como você entrou?
Ramona questionou isso já que era um hotel e se não me engano o quarto da diretora era no quarto andar, ele teria que passar pela portaria e pelas câmeras.
- Eu usei os fundos.
- E você faz isso sempre?
A pergunta de Elfried o deixou incomodado, Madalena ainda estava sentada ao lado de Aliana, não fazia perguntas, talvez nem fizesse questão de saber, mas, encarou Akira que ao intender suspirou pesado.
- Bem se você não quer dizer nada a nós então pode dizer a polícia.
Ramona disse pegando sua mochila se preparando para sair, Elfried ainda estava pensando, algo raro.
- Sério Ramona? Espera aí que diferença vai fazer eu contar para vocês?
- Se contar TALVEZ eu não conte a polícia.
- Se contarem a polícia a Lyra vai perder o emprego. Vocês mesmos disseram que ela está hospitalizada, isso só vai piorar para ela.
- Se você quer ficar calado e escondido para "proteger" fica então. Mas a polícia já tá de olho em você por causa do seu pai, e com o seu desaparecimento no mesmo dia que o suicídio da Lyra as coisas podem se misturar.
- Eu não fiz nada com ela, estava preocupado por ela não ter ido a escola então depois da aula eu precisava vê-la, precisava ter certeza que ela estava bem, esperei anoitecer e fui direto até o hotel e entrei pelos fundos pulando o muro seguindo o corredor dos empregados quando entrei ela já estava bêbada eu acho e parecia ter recebido visita já que a porta estava aberta e 2 taças estavam sujas na mesa mas apenas 1 prato ela já tinha comido eu juro. Ela ainda usava pijama então decidi ajudá-la lavando a louça enquanto ela encarava a janela e dizia coisas de gente bêbada, era como se tivesse orando.
Houve um breve silêncio, talvez ela realmente tivesse tentando suicídio, não havia mistério.
- Depois de guarda a louça fui até a sala e só abracei ela, mas ela levantou e foi andando para o quarto a segui e me deitei na cama também. Ela me disse coisas sem nexo e vomitou em mim, ela vomitava muito e era vermelho, quando percebi que realmente era sangue entrei em desespero e sai correndo desci as escadas e ao passar pelo mesmo corredor de serviço vi dois homem entrando pela porta da frente e tenho certeza que eles me viram pois um deles tentou me pegar enquanto eu pulava o muro. Um era o marido dela, o pai do Camus, o outro era o porteiro não vi direito mas trabalha lá.
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mistérios em Hausþoka
Mystery / ThrillerVivo em uma cidade velha e antiga porém esquecida chamada Hausþoka, todos vivíamos nossas vidas mesquinhas e sem graça, guardando nossas segredos. Até o corpo ser achado. (TW)Alerta de gatilho: suicídio, abuso de drogas, depressão, auto-mutilação, a...