Vírus

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Olá!!!
Fico muito grata que tenha se interessado pela minha história!
Espero que você goste!
Agora, fique com o primeiro capítulo!

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- Você quer sair comigo?

O toque que sinalizava o final do intervalo tocou como se tivesse sido programado exatamente para aquele momento. Em segundos o corredor havia se tornado em uma correria de alunos voltando para suas devidas salas.

- Sayuri? - ele me chamou.

- Eim? - foi minha única resposta. Não conseguia vê-lo por causa do tumulto e estava perdida em muitos pensamentos.

Até que ele me puxou delicadamente pela mão e nos encontramos novamente, meus olhos nos olhos dele. Ele corou levemente antes de continuar:

- Se precisar pensar, tudo bem.

Mas eu já sabia o que eu queria.

- Sim, eu saio com você.

- Sim?

- Sim.

- Então, sim.

A multidão separou nossas mãos entrelaçadas devido às batidas entre ombros de estudantes e antes de nos dirigirmos novamente a nossa familiar sala de aula, lancei um último olhar para aqueles olhos cintilantes que eu conhecia tão bem.

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- Melhores amigos na infância e namorados na adolescência, que clichê!

- Naomi, não somos namorados! - rebati.

Naomi era minha melhor amiga de classe, ela sabe de todos os meus pensamentos ou sentimentos, e agora sabe também sobre o meu primeiro encontro.

- Adultos, se tornam marido e mulher...

Corei.

- Para, Naomi!

Ela riu, se divertindo com o meu constrangimento.

- Que roupa vai vestir? Aonde vão?

- Não sei ainda...

Recebi uma bronca, mas sei que foi de brincadeira. Naomi tem mais experiência nessas coisas, afinal, ela namora nosso amigo Hiroshi há 2 anos.
Viajei em lembranças, quando me toquei, já estava admirando o rosto daquele que foi meu melhor amigo a vida inteira e que agora talvez se tornasse algo a mais.
Takira Oshiro, esse é o nome dele.

- Quem diria? Minha pequena Sayuri finalmente está se tornando uma mocinha. - ela provocou.

- Naomi, para!

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A caixa de som da classe começou a tocar a melodia de anúncio do diretor, com isso, o professor desceu a lona branca e ligou o projetor. E então, um vídeo que eu não fazia ideia do quão marcante seria para minha vida, começou a rodar.

"Queridos alunos e alunas, o momento em que estamos passando jamais seria previsto por qualquer ser vivo. É uma situação completamente atípica e parece até fictícia. Porém, o governo está disseminando avisos sobre um novo vírus desconhecido que está se espalhando rapidamente. Uma pessoa é contaminada por esse vírus (até agora denominado como "Z") a partir de qualquer tipo de machucado feito por um indivíduo contaminado. Infelizmente, ainda não se achou uma cura. Os contaminados apresentam os seguintes sintomas: a pele se torna mais dura e áspera como couro; os olhos carregam olhares vazios; os órgãos, podres como o de um defunto; como se o contaminado estivesse morto mas ao mesmo tempo vivo, ele se torna louco e ataca os humanos ainda saudáveis. As autoridades ainda não têm certeza se é algo temporário, portanto declararam quarentena, lock down, até termos certeza do que está acontecendo com nossa sociedade. A partir de agora se tornou de extrema necessidade que todos os alunos e funcionários voltem para suas devidas casas até tudo se tornar seguro novamente. Não entrem em pânico, as autoridades já estão cuidando de tudo. Desde já, agredeço a atenção de todos."

O vídeo ainda estava tocando, mas os alunos não se contentaram e começaram a discutir sobre o assunto. Era uma brincadeira, estávamos perto do Halloween? Era um treinamento? Era o fim do mundo? Não sabíamos, mas não acreditávamos no que nossos ouvidos tinham acabado de escutar. E aí é que vem o ditado: "só acredito vendo".

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No vídeo, o diretor olhava paralisado para um determinado ponto, os olhos arregalados e conseguíamos ouvir alguns barulhos. Lentamente vimos o homem de idade avançada pegar uma luminária de mesa e segurar com toda a força possível. E então, algumas interferências aconteceram, e de repente... Baam, um som como se a porta tivesse sido arrombada e gritos. A imagem estava um pouco embaçada mas foi possível ver um esboço de luta entre o nosso diretor e uma pessoa desconhecida. Não bastou muito tempo até a janela ser quebrada e outra pessoa entrar na luta contra o homem. E finalmente percebemos. Era um contaminado. Um? Não, dois. E a transmissão acabou.

O silêncio dominou a sala de aula, todos nós estávamos processando o que tínhamos acabado de ver. O pensamento de tudo não passar de uma pegadinha ainda pairava sobre o ar, até escutarmos o terror que vinha de fora.
Mais gritos e gente correndo pelas ruas, outras pessoas sendo atacadas e outras que estavam machucadas levantar vagarosamente e perseguir pessoas que fugiam com tudo que podiam.
Era real. Aquilo era real.

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Minha cabeça estava uma bagunça, minha visão estava escura e eu me sentia tonta. O que é isso? Senti um forte balanço e ouvi alguém chamar meu nome, então acordei para a realidade.
O lugar estava em chamas, não literalmente, mas estava uma zona. Todos em pânico e tentando fugir para um lugar seguro. Ouvi meus amigos discutirem entre si:

- Acho melhor nos escondermos em algum lugar por perto, na escola ainda. - uma voz feminina falou.

- Sim, tem razão. Tem contaminados à espreita, precisamos esperar a poeira baixar. - Hiroshi? - Sayuri? Sim, sou eu.

Olhei para meus amigos, não percebi que estava falando em voz alta.

- Estou com medo. - era o único sentimento que eu fui capaz de entender naquela hora, eu não fazia ideia do quão seria pior viver nessa situação, que eu sentiria muito mais do que apenas "medo".

- Vai ficar tudo bem, não se preocupe. - aquela voz que me trouxe um espontâneo sentimento de conforto, claro, não podia ser de ninguém mais, ninguém menos do que...

- Takira.

Obviamente tudo estava bom demais para ser verdade, neste mesmo momento em que tudo parecia estar perto de uma solução, um rosto familiar entra na sala. Porém nem tanto, esse rosto era do nosso diretor. Do nosso diretor contaminado. Ele entrou com um andar torto, um olhar vazio. Sua pele era semelhante ao couro, morto e duro, era algo repulsivo. Ele praticamente rugiu para nós antes que o tumulto começasse novamente dentro do cômodo. O pânico dominou o ambiente, os alunos lutavam uns com os outros na tentativa de salvar a própria pele. Me senti péssima, a única coisa que conseguia fazer era observar a cena. Takira pulou para a pequena sacada e disse:

- Por aqui! Vamos subir as escadas de emergência e chegar ao terraço, lá estaremos seguros! Pelo menos, por um tempo.

Subimos mais ou menos 12 degraus até a sala ficar mais silenciosa, com apenas alguns rangidos de dentes roçando em ossos. E então percebi que essa seria a minha vida a partir de agora em diante. Adeus, vida de estudante normal cheia de drama de estudante normal. Olá, vida de sobrevivente do Apocalipse "Z".

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Esse capítulo ficou um pouco curto, porém o segundo é maior!
Espero que tenha gostado!
Te vejo no próximo capítulo!

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