Terraço

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Olá!!!
Sejam bem-vindos a mais um capítulo de "Apocalipse Z"!
Se você está aqui é sinal de que você provavelmente está gostando e isso me deixa muito feliz!
Espero que gostem deste capítulo!

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Tudo estava perfeitamente bem. Como que, em segundos, o mundo poderia mudar tão bruscamente? Como tudo ao redor ganharia o significado de morte ou perdição, quando há um minuto atrás, tudo ainda significava vida? Eu encarei o chão e me deixei ser levada pela maré de pensamentos.

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Já estávamos no terraço há algumas horas e nada parecia melhorar. Os meninos acharam um rádio na casinha de limpeza e deixaram conosco antes de explorarem um pouco mais, nos disseram para tentarmos achar algum sinal mas estávamos tensas demais para realizar qualquer movimento.

Naomi estava sentada ao meu lado, conseguia escutar suas tentativas de me confortar bem ao fundo, mas meu cérebro não me deixava realmente ouví-la. Meu estômago roncou me fazendo sair daquele côma.

- Você está com fome. - ela disse - Pena que não estou com minha lancheira aqui, se estivesse eu te daria meu almoço. Não estou com apetite algum.

- Fome. É realmente algo que me preocupa. - Takira tomou a palavra.

- Ah, já retornaram? Conseguiram algo?

- Alguns rôdos e vassouras. - Hiroshi respondeu - Os quebramos para torná-los mais fatáis. Seria bom se conseguíssemos acesso ao clube de jardinagem, lá poderíamos pegar defesas melhores.

- Mas para alcançarmos os jardins teríamos que descer, assim como para comermos. O refeitório é ainda mais longe de onde nos localizamos agora, por isso a fome me preocupa. Precisamos de força e energia, e para tal, é necessário estarmos bem alimentados.

- O que vocês pretendem fazer com essas coisas? - perguntei - Vocês estão pensando em sair daqui?

Eles se entreolharam, sabem que sou fraca.

- Pelo menos não sou covarde. Mas acho perigoso por enquanto.

- E é. - Takira respondeu - Por isso vamos esperar por mais algum tempo. Talvez teremos que passar algumas noites aqui.

Me faltou paciência para ouvir qualquer outra palavra a mais. Minhas pálpebras pesaram e minha visão escureceu; me permiti ter um tempo de paz, um tempo sem contaminados, sem vírus, sem "Z".

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O sol quente aquecia meu rosto enquanto vagarosamente, acordei. Eu era a única acordada no momento e me dirigi até a sacada para olhar como estava o mundo do lado de fora. Por mais que eu ainda me sentisse num pesadelo, se o colégio estivesse mesmo de brincadeira isso já teria terminado há um bom tempo. E nada do lado externo estaria assim, bagunçado.

Na rua da escola, um ou dois postes haviam sido derrubados e sangue se espalhava por toda parte, até alguns membros ou órgãos eram vistos no asfalto. Olhei para os prédios, nenhuma luz acesa nem som, como se tudo tivesse sido abandonado, janelas quebradas e em algumas, as cortinas pendiam para fora. Tudo parecia deserto mas eu sabia que se entrássemos lá, encontraríamos muitos e muitos contaminados. Vi também algumas pessoas paradas na calçada ou que se movimentavam lentamente, não consegui identificar pelos traços se ainda eram humanos, mas ao pensar sobre o perigo que estariam expostos ao se comportarem como estátuas em meio ao caos percebi que também estavam sob o efeito do vírus "Z". E então eu vi algo que poderia até ser cômico. Era quase que engraçado ver um ônibus praticamente intacto em meio aquela desordem, um ônibus escolar amarelo que provavelmente tinha os bancos ilustrados por alunos encrenqueiros. Aquele veículo de alguma forma me passou algum sentimento de conforto.

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