Capítulo 11 - Himawari

61 8 0
                                    

Os dias estavam cada vez mais estranhos, mama estava estranha, parecia cada vez mais tensa, preocupada, logo agora que achei que as coisas iriam dar certo, estávamos em uma casa nova, trabalho novo e até escola nova. Estamos dando duro para ter uma vida normal.

Acho que nem sabem o quanto eu sei dessa história, não e mesmo? Mas eu sei de muita coisa, sei que quase todos os dias mama chora no quarto proibido, e que sempre que nos mudamos a planta da casa tem que ter três quantos, sendo que somos só nós duas, também sei que em todos os meus aniversários ao me colocar na cama, mama corta um pedaço de bolo e entra no quartinho, as vezes fica a noite inteira chorando, já em outras apenas passa um curto período de tempo.

Uma vez cheguei a perguntar o que tinha, mas ela apenas mudou de assunto e disse que não era do meu interesse, aquele foi o único dia em que ela foi grossa comigo.

Mas como ainda sou criança, e muito curiosa, abri a porta do tão misterioso quarto, claro que fiz isso escondido, pois ela jamais deixaria eu entrar. Procurei a chave e destranquei, o medo bateu, eu devia mesmo abrir? Estou quebrando a confiança da minha própria mãe... apesar daqueles pensamentos me rodearem, apenas balancei a cabeça e abrir, dando de cara com um quanto todo enfeitado, era  uma linda decoração em tons pastéis, com dois berços, um em cada lado. A princípio achei que aquelas coisas seriam minhas, mas era muito para ser de um único bebê.

A investigação iria continuar mas o som da porta de entrada, sinalizava a chegada da mais velha, fechei imediatamente e guardei a chave onde estava, assim fingindo como se eu nunca estivesse naquele local.

Isso tudo foi algumas semanas atrás, mas... agora é diferente, estou em uma vã, que cheira a chulé e cigarro, minha boca está tampada com uma fita resistente, meus pés e mãos amarrado, e para piorar a situação um saco com um cheiro horrível de lanche estragado. Se eu não vomitar por causa do cheiro com certeza será pelos balanços, que o carro faz.

No rádio tocava um música um tanto estranha, não posso escutar direito já que o homem que estava conduzindo o veículo não parava de tossir, o que me deixou mais desconfortável ainda.

Eu tinha certeza absoluta que estava sendo sequestrada, mas o que me intriga é o por que? Mil e uma coisa passou na minha mente, mas nenhuma fazia sentido, a não ser... o novo namorado da mama.

Tá ela não disse que estava namorando, mas eu estava lá, todas as vezes em que ela acordava com um sorriso no rosto, no dia em que ele a deixou em nossa casa. Capitei os mínimos detalhes, mas acabei deixar passando as ameaças, as cartas sem nomes, o desespero que estava em pequenos pontos sem brilho de seus profundo  olhos perolados, achei que não era da minha conta, um grande erro!

Mas aqui estou, em um lugar em que eu não faço a mínima ideia, quase colocando meus órgãos para fora, e com um cara que tem sérios problemas de pulmão, que provável mente está me levando para algum lugar pior ainda e que vão pedir um resgate com um valor absurdo, e que minha mãe vai vender um rim para poder pagar a quantia, mas a questão é por que? Para que? Nem somos famosas, vivemos na mó paz, sem perturbar ninguém, mas talvez seria alguém querendo atingir o novo namorado da mama? Ou até o vovô, acho que a última opção está fora de questão, já que ele nunca se importou com nós duas, mas... estou confusa e calma de mais com tudo isso.

Andamos por quase duas horas e meia, já que em 30 em 30 minutos o maldito relógio de pulso, do motorista, apitava loucamente, fazendo um desagradável som. Paramos, não pude ver o local mas  pude sentir que era bem afastado a cidade, já que o ar era úmido e havia muitos insetos pousa do em mim, fui pega no colo e levada para dentro, o que imagino que seja uma casa muito velha, já que o piso rangia, sério que não tinha lugar melhor para colocar alguém que foi sequestrada?! Típico local.

Sombras do passado Onde histórias criam vida. Descubra agora