Hey babys, o vídeo acima é de um grupo regional onde eu já dancei, mais abaixo tem outro vídeo escolhido a dedo para agradar um amigo e também leitor fã do Carimbó assim como eu, porém ele não é paraense. bizinhoo
Incrivel como o Beto deu sorte, mesmo que eu tenha avisado a Cuca sobre o filho do pescador. Sei, fui egoísta, mas e daí? Agora não tenho mais ninguém tão próximo de mim. Era ele tudo o que eu poderia chamar de família, afinal ambos tínhamos cauda.
Sigo até o bar onde canto todas as noite, agora sem meu fiel escudeiro. Acesso a porta do minúsculo camarim e visto uma saia longa e bem rodada, hoje é a noite do carimbó e sempre estou bem alegre, ou costumava ficar. Tiro a camiseta regata e coloco um cropped branco que deixa minha pele negra evidente e aparentemente mais iluminada, mas não me sinto feliz como antes. Sinto falta dele, vou sempre sentir. Passo um cheiro do Pará em partes estratégicas do corpo, quando eu rodar a minha saia, vai exalar e ninguém vai querer ficar longe do meu cheiro cheiroso. Não tem nada de chega-te a mim na mistura, nem algo que vá amarrar alguém ao meu pé. Não nasci para ser presa, a prova disso é meu pai me banindo da tribo por ser a melhor guerreira. Homens e suas babaquices.
Termino a maquiagem básica, com lápis, rimel e batom super vermelho. Solto o coque que prende minhas tranças e engato uma flor vermelha nos dreads, estou pronta para o show e triste por saber que essa noite é a última com meu amigo por perto. Beto e João Tiago vão embora, vão para a capital estudar e vou ficando por aqui, sem rumo e sem prumo por perder a última pessoa que eu tinha como família. Inspiro e expiro algumas vezes, aqueço a voz, não posso perder a única graça que me restou, Tupã me concedeu por abrir mão do meu lado guerreira, perdi minhas forças e habilidades, além de esquecer o caminho de volta para o que antes era o meu lar, eu só poderia escolher uma das muitas coisas e pedi para ficar com o doce encanto da minha voz. E aqui estou, entristecida e com a voz aquecida, pronta para o show.
Sigo até o palco, as luzes fortes e acesas me cegam, mas a energia do lugar me guia. Paro ao lado dos degraus, inspiro mais uma vez e subo, a música para, os clientes se alvoroçaram e eu sorrio contente, ele realmente veio. Beto está aqui, Tatá e Caipora também, não vejo o namorado do meu quase irmão de fardo. Afinal, talvez nunca me livre da sensação de vazio que invadiu minha alma no momento que fugi e caí no rio quase me afogando, a lua não era o bastante para guiar meu caminho e foi aí que Tupã me concedeu vida, voz e fado. Meu nome, Iuara, quer dizer tantas coisas, mas nada se compara a lenda da sereia que criaram sobre mim. Tupã me deu voz e calda reluzente, a dor de nunca lembrar mesmo que me esforce muito, as únicas pessoas que não esqueço são as que citei agora, Beto e João Tiago, Bernardo e a irmã dele Carina. Nomes que eles precisam usar para poder fazer parte de algo maior que nem mesmo estamos acostumados a viver. São forças da natureza em favor dela mesma e são pessoas maravilhosas de se conviver. Basta não desmatar, nem matar sem comer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fascinada
FantasyIuara, sempre foi a guerreira mais destemida da tribo, sua força, coragem e garra causavam inveja em todos os homens guerreiros, principalmente em seus irmãos. Ao completar quinze anos, seria expulsa da tribo pelo próprio pai. Que não contente em a...