08 - Margarida

194 25 6
                                    

Acender as tochas e velas do segundo baile com uma chama que duraria a noite toda não era a tarefa mais fácil do mundo, por isso sempre era sorteada apenas entre os alunos mais velhos. Para Rubi, a dificuldade era baixa, mas não deixava de ser bastante cansativo.

Olhou em volta enquanto parava para recuperar um pouco da energia. Gostava de ver como todos trabalhavam como formigas na hora de decorar os bailes. A maior parte das tarefas, assim como a do fogo especial, era distribuída entre os alunos mais velhos, mas mesmo as tarefas que ficavam com os mais novos eram trabalhadas com uma organização impecável, como se fossem todos pedacinhos da mesma máquina.

O Baile das Flores era o segundo da ordem anual, mas ficara em sexto lugar da ordem de criação. Aconteceu no ano em que Serena decidiu homenagear todas as estações, e então criou um baile para cada uma delas. Tinha escolhido o Jardim Maior, que ficava ao lado do labirinto, para comemorar essa data, pois era um lugar bem próximo da natureza e como o jardim já era cheio de flores, já estavam meio caminho andado com a decoração.

A iluminação dependia de um círculo de tochas que ficava em volta da pista de dança e algumas outras espalhadas perto das mesas; perto da comida, tinham que acender algumas velas. Os alunos com dons da natureza eram o mais requisitados na decoração. Dominadores de plantas faziam as mesas e cadeiras manipulando raízes, que depois da festa voltavam ao mesmo lugar de onde tinham saído, e organizavam as flores mais cheirosas em pontos estratégicos para agraciarem todos com suas fragrâncias durante a festa. Querendo ou não, era um ambiente agradável, e por isso se tornou um dos bailes preferidos de Rubi.

— Mais uma vez trabalhando juntos, será que é uma conspiração? – ouviu a voz de Kane em suas costas enquanto acendia uma das últimas tochas do dia.

— Conspiração? Num sorteio aleatório?

— Um conspiração de Temaf, do destino, do universo...

— Parece que alguém acordou de bom humor hoje! – Rubi respondeu dando risada. — Depois que você pediu desculpas pensei que estaria tudo bem, mas passei dias sem nem ao menos te ver.

— E por isso eu também quero me desculpar. Eu ainda estava um pouco envergonhado por tudo, mas o real motivo foi por estar muito ocupado mesmo. Você também poderia ter passado na aula algumas vezes depois do fim da detenção, as crianças perguntam de você.

— Sério? Eu pensei que não tinha jeito nenhum com crianças.

— E não tem, mas por algum motivo elas gostaram de você. – os dois deram risada. — Mas quem sou eu pra julgar...

— Eu prometo que vou dar as caras por lá algumas vezes, é que esse ano eu tive que duplicar algumas aulas. – mudou de assunto quando percebeu que poderiam entrar em um que ela preferia evitar, Kane sempre entendeu essas mudanças e como sempre acompanhou.

— Claro, me avise quando puder que eu preparo uma aula especial pra eles. Já está indo se arrumar?

— Não, eu ainda tenho que acender umas cinco tochas.

— Eu já terminei as minhas, posso acender essas que faltam e você pode ir. Eu me arrumo bem rápido.

— Não, Kane, eu não posso pedir isso.

— E você não pediu. Vai, esse pode ser meu real pedido de desculpas.

— Se você vai começar a fazer meu trabalho por mim pra merecer o perdão, acho que a gente vai ter que brigar mais vezes... – respondeu dando risada.

— Ainda mais? Não, não se acostume, hoje eu só estou bondoso.

— Obrigada pela bondade. – Rubi terminou ficando na ponta dos pés para abraçar Kane antes de sair, quase se arrependeu da espontaneidade quando percebeu o quanto seu coração acelerou pelo simples fato de ter os braços dele em volta de sua cintura.

🔥RUBI - A irmã do Fogo |1🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora