Sobre Nós

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Mob

Não sabia ao certo que horas da noite já eram, só sei que ficamos ali a tarde inteira. Nenhum parecia ter coragem o suficiente pra encarar o mundo lá fora, ninguém dizia uma palavra. O silêncio dele me machucava muito. Por mais que eu já soubesse sua reação, pensei que pudéssemos enfrentar qualquer coisa juntos, mas ele me mostrou o contrário. Eu não o culpava, eu sabia como era difícil, só não esperei que ele fosse reagir tão abruptamente.

Eu o encarava nesse exato momento. Ele estava deitado com a barriga pra cima, fazendo algo com as mãos, com o olhar cansado, mas se recusando a dormir, e sem olhar pra mim desde a última discussão. Eu estava deitado também, só o observando.

— Por que que cê não passa um tempo lá em casa? Pelo menos até-

— Não - Ele cortou, sem aumentar o tom, somente sua voz casual. — Eu tenho que falar com a Tainá - Ele respondeu, finalmente me olhando nos olhos, por míseros segundos.

— Eu posso ajudar se você quiser-

— Não. Cê já fez o bastante, Mob - Dizia sempre evidenciando um sentimento de qualquer coisa.

— Vai jogar a culpa em mim de novo?

— Talvez - Pausou pra se erguer na cama, procurando meus olhos de novo em meio a escuridão do quarto. — Se você não tivesse... Se a gente não tivesse-

— O que? Transado? Mas a gente transou, você chupou o meu pau e depois a gente fez várias coisas durante a madrugada! Pronto. Não dá pra mudar isso - Extravasei correspondendo seu olhar frio.

— Foi um erro, Mob-

— Depois que vem as consequências, tudo se torna um erro.

— Eu acho que você não entende-

— Eu entendo, Victor. Eu sei que você precisava de um tempo antes e sei que vai precisar ainda mais agora... sei que como isso veio a tona pode ser um problema, eu não tô dizendo pra você fingir que não aconteceu nada, tô dizendo que eu vou tá aqui quando você superar...

Houve um breve silêncio entre nós. Eu podia sentir as emoções emanando daquele simples olhar, como se quisesse tanto, mas resistia mais que tudo.

— Quando se decidir, me procura - Me aproximei para beijar sua bochecha, ele aceitou. Deixei um beijo demorado ali, queria que ele lidasse com tudo da melhor forma possível, então daria espaço e o tempo que for necessário.

O andar debaixo estava completamente vazio. Foi um pouco melhor pra mim e pro meu emocional. Tinha uma longa jornada pela frente, conversar com meus pais, com os amigos, esclarecer tudo, mas primeiro um banho demorado e uma boa noite de sono. Uma fachada. Eu estava sem sono e a primeira coisa que fiz depois de tomar banho, foi pegar meu celular e me jogar na cama. Eram tantas notificações, de fãs, dos meus amigos da Loud, inúmeros prints, parece que estivemos nos assuntos mais comentados no Twitter. Vasculhando mais afundo, vi que a única cena vazada foi nosso beijo, ou melhor, o beijo surpresa que eu dei no Victor e ele correspondeu. Menos mau.

Adormeci com o celular na mão, lendo os tuítes com a hashtag do meu shipp com o Coringa. Quando acordei no dia seguinte, comecei a responder todo mundo antes mesmo de escovar os dentes. Nisso eu reparei que o Coringa tinha desativado o perfil dele no Insta. Algo que eu já esperava, mas deixei pra lá.

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