Sobre Seu Toque

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Coringa levantou cuidadosamente quando amanheceu, tentando não acordar um Mob encolhido, agarrado aos lençóis da cama. Notou o estrago que a janela tinha se tornado após a noite anterior, reparou os vários estilhaços pelo chão, tomando cuidado pra não pisar, e no pé do armário, uma pedra consideravelmente grande. Porra, ele pensou quando pegou em mãos, era pesada o suficiente pra quebrar a janela, mas quem tinha a arremessado?

Quando descia as escadas, viu que as luzes já estavam acesas e Bradoock e Jordan dividiam um dos sofás, conversando sobre algo.

— Ah, já aprenderam a ligar tudo - Debochou passando reto pra cozinha.

— Claro, se depender de tu e o Mob, ia acontecer de novo-

— Só trabalho mal feito - Bradoock completou.

Não deu muita atenção pra provocação dos meninos, tinha umas coisas em mente o perturbando mais que isso, só não sabia ao certo qual dos assuntos queria debater primeiro mentalmente, antes de entrar em colapso sem decidir nada. Colocou um pouco de café no copo e continuou seguindo pensativo. Primeiro, por que Mob estava tão próximo dele assim? Tudo bem que são amigos, mas se ele acha que Victor não estava notando nada, ele estava errado. Pra falar a verdade, até gostava mais da aproximação, acha que essa conexão pode ser muito benéfica no futuro de ambos.

Mas até que ponto tão próximos?

Sentou em uma das cadeiras da parte de trás, afastado dos outros garotos. A parte dos fundos da mansão era realmente impressionante, vidraças eram a única coisa que separava os meninos da mata extrema. Era lindo de se ver, e Victor gostava muito. Dava pra refletir por horas. Até achou boa a ideia de Ph de se afastarem completamente da mídia, um pouco de paz e natureza.

Poucos passos foram ouvidos atrás de si, pela mesma porta que acabou de entrar. Primeiro, com o olhar baixo, alcançou os pés cobertos por um par de meias preto, subindo a visão até o rosto do garoto moreno, foi assim que ficaram por um breve momento, se encarando, era como se Mob quisesse dizer algo e Victor queria tanto ouvir que não tirava os olhos dele.

Mob caminhou até estar em pé, bem em sua frente. O olhar de Victor vacilou um pouco, ocilando entre os olhos e a cintura do mais novo.

— E aí-

— E aí-

Disseram quase ao mesmo tempo. Victor bebericou o café no copo, enquanto Mob se sentava ao seu lado, apreciando a vista.

— Ontem foi osso, né? - Referiu-se aos acontecimentos da noite passada, Mob.

Victor assentiu, com um balançar de cabeça, procurando não encarar o garoto nos olhos mais.

— Tá pensando em que? - Mob perguntou.

— Umas paradas aí - Fez descaso, pra não levantar suspeitas.

— Sei, espero que não seja sobre ir embora, eu sei que depois de ontem tá meio estranho as coisas, mas você tinha dito que não ia - Mob disse. Tentando ao máximo não passar suas emoções pelo tom de voz.

— Não, não é sobre isso. Também né, foi mó estranho o que aconteceu ontem a noite, mas não.

— É sobre o que então? - Insistiu mais um pouco.

— Er... - Coçou a parte de trás da cabeça, visivelmente envergonhado. Mob entendeu que era constrangedor pra ele admitir o que quer que fosse. Decidiu então, não mais forçá-lo a dizer. Uma chuva serena começou do lado de fora, respingos e gotículas começaram a escorrer pelas paredes transparentes de vidro.

Victor relaxou o corpo, encarando fundo a mata a sua frente. Mob voltou a olhá-lo, era súplica que ele expressava, embora Victor sentisse o olhar dele sobre si, preferia não corresponder, talvez não conseguisse atender suas expectativas, ou as próprias.

— Coringa... - Mob chamou. Então Victor teve um motivo pra conectar-se visualmente com ele.

— Que foi? - Perguntou baixo. Mob não disse nada, e assim ficaram por mais um tempo, até a chuva se intensificar.

— Acho que eu vou me deitar, aproveitar a chuva já que não tem nada melhor pra fazer mesmo - Victor disse, entregando o copo vazio a um Mob levemente frustrado e deixando-o sozinho nos fundos. Era inútil, ele pensou. Aonde estava com a cabeça afinal? Achar que o amigo comprometido pudesse correspondê-lo e o pior, por que exatamente era isso que ele esperava dele?

Estava assustado com todos esses novos sentimentos brotando do nada, como se Victor tivesse uma chave que destrancasse toda uma parte que ele nem ao menos sabia que existia, mas era tão bom de se experimentar, era quase como se liberasse êxtase por todo o seu corpo. Gostava de quando se tocavam acidentalmente ou de propósito e principalmente, gostava de quando dormiam juntos. E isso o deixava tão irritado, o fato de gostar tanto assim. Não gostaria de participar de algo sozinho.

E foi isso que ele pôs em mente quando deixou o copo de qualquer jeito e saiu disparado, rumo quarto acima, precisava de uma resposta de Victor e teria que ser agora. O problema é que estava com medo de como ele reagiria, não queria assustá-lo, não queria propor que ele esquecesse tudo pra ficar com ele pra sempre, longe disso, somente ouvir os sentimentos do garoto em relação a si, já seriam o suficiente.

No topo da escada, foi onde ele congelou, olhou pro sofá da sala, onde Jordan e Bradoock continuavam a conversar, olhou pros quartos a frente, todos fechados e nenhum sinal de movimentação. Ok, eu posso fazer isso.

Quando abriu a porta, dando a chance de ver o garoto agora de olhos abertos pelo barulho da porta. Outra troca de olhares. Sinceramente, Victor quase tinha certeza do que Mob faria, e ele só não sabia se teria forças pra impedir. Então deixou e ele veio. Mob apoiou os dois joelhos na cama, e tocou a camisa de Victor, mais especificamente, seu peito coberto pelo tecido. Victor que parecia assustado com as ações, mas não recuava, o toque de Mob lhe causou sensações incríveis, e ele estava afim de experimentar mais. Colocou uma mão por cima do toque, guiando-o, até que chegasse em seu rosto.

Mob chegou mais perto e puxou-o pro primeiro beijo que ele já deu em um garoto, talvez pelo susto, Victor colocou uma mão em seu peito e o afastou, mas isso não durou muito, no segundo seguinte era ele quem puxava Mob pro beijo mais demorado, mais molhado e este exigia mais fôlego. As mãos de ambos passeavam por partes do corpo um do outro, buscando maior contato enquanto as línguas se entrelaçavam, Quando se separaram, Mob sorria, finalmente, havia realizado o que ele pensou nunca sentir, pelo menos até uma semana atrás. Deixou um último selo singelo nos lábios de Victor e saiu da cama.

Victor também tinha gostado, mas sua mente estava lutando pra não condená-lo como um traidor.

— É... foi mal - Quem diz isso depois de beijar? Mob pensou. Mesmo tendo dito tais palavras, ele não conseguia esconder o sorriso.

— De boa, eu acho - Victor respondeu deixando a cama também e entrando no banheiro.

— Cês vão almoçar agora? - A porta abriu, mostrando Samuel.

— Coringa foi tomar um banho, mas já, já a gente vai - Mob respondeu com um sorriso largo, Samuel ergueu as sobrancelhas antes de dizer um "tá" e deixar o quarto.

Continua

Sem revisão T-T

Primeiro beijinho rs

Gente me prometam uma coisa, quando a comunidade mobictor dominar o mundo, a gente vai subir hashtags o dia todo no Twitter pro Mob e o Victor lerem as fanfics deles em live né? De preferência um de frente pro outro levando tudo ao pé da letra. Acho bom

Mansão de FériasOnde histórias criam vida. Descubra agora