se a lua chorasse, nos afogaríamos | nct

DOIS

Material, carnal, alcançável, humano e meramente vivo. Assim ele se define quando pergunto o porquê de tantas manchas tristes em sua derme seca quando se olha no reflexo, quando me abriga entre suas únicas paredes realmente indestrutíveis, infelizmente feitas de cimento. Durante a madrugada, vejo que se incomoda com o vento gelado que bate em seu rosto e sopra os fios soltos do elástico de cabelo, que lhe diz sussurrando um segredo que não poderá revelar tão cedo ao coração frágil altamente quebrável.

Ele sabe, tem o total conhecimento de que a sensibilidade envolve seus passos e movimentos sutis, loucamente delicados. Ele é necessitado de amor e carinho sincero, mas não quer precisar demais. 

Isso me machuca como faz com ele, corta a sola dos meus pés da mesma forma que faz com ele quando dançamos pelas horas arrastadas de nossos encontros nem tão secretos.

A lua me confirmou ao fim do reinado de hoje que eu ficaria ao lado dele, que o faria minha lua porque de todo modo, ela já não conseguia tocar seu rosto e secar suas lágrimas como eu tinha a possibilidade de fazer.

Temo que a falta de sabor doce das amoras ainda não maduras reflitam em suas emoções frias.