QUATRO

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Como esperado, a garoa foi boa desculpa para que, ao vê-lo deitado no beiral da janela, dissesse precisar de uma companhia menos tempestuosa, mas creio que não foi das melhores expressões utilizadas.

A vontade gulosa que tenho de segurá-lo me consome no momento em que deita a cabeça olhando para mim, quando parece sorrir sem nenhum efeito externo, ao fazer brilhar a lua sob si: como se finalmente pudesse dizer para ele que amoras se comem maduras e que todo ser humano necessita de amor, toda carne é frágil e alcançável de alguma forma e que sua matéria pode ser mais que banal se utilizados esforços específicos.

Ainda não me disse seu nome. — seus olhos se fecham ao esperar uma resposta.

— Vim a pedido da lua.

Achei que você fosse a lua.

Não percebo o momento em que se senta no beiral e me chama com um sinal de cabeça, logo estando ao seu lado, ouvindo-o sussurrar: — Quando perguntei, sobre quantas já havia roubado, me referia a inconsequência, a coragem de retirar a alma do corpo sem mais nem menos.

Sorrio ao sentir nas mãos mais uma peça dele, e seu beijo me distrai facilmente.

— Então não se trata de um roubo, chittapon, se trata de sentir, como tu, as consequências humanas na própria pele. — sinto o mesmo arrepio que vem de sua derme devido ao vento que bate, mas dessa vez, ele parece não se incomodar.

Nem com o vento, e nem comigo.

Posso perceber a lua sorrindo.

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fresquinho aqui p vcs pq daqui a pouco tô de volta com umas bombas

se a lua chorasse, nos afogaríamos | nctOnde histórias criam vida. Descubra agora