𝑴𝒆𝒔𝒎𝒐𝒓𝒊𝒛𝒆𝒅- 𝑺𝒖𝒏𝒂 𝑿 𝒓𝒆𝒂𝒅𝒆𝒓 (𝒊𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆)

cap. 15

meu despertador tocou, como sempre, antes das 6, mas á essa altura eu já estava acordada. não consegui dormir direito com tudo que aconteceu ontem, pensando principalmente no Suna. como ele se sentiu esse tempo todo? ele realmente recebeu o suporte que precisava? ninguém deveria passar pelo que ele passou, ver pessoas tão próximas fazendo coisas tão ruins.

acho que o Suna precisa de um abraço. precisa de muito mais do que isso na verdade, mas um abraço é uma das únicas coisas que estão ao meu alcance.

depois de olhar minhas redes sociais e gastar um pouco mais de tempo no celular, coloquei o uniforme e fui até a cozinha tomar café, que mais uma vez era preparado pelo Lucas.

-bom dia ou boa noite?- perguntei, vendo que ele parecia agitado.

-boa noite. só levantei da cadeira agora porque o Sol já saiu, mas os casos ainda não foram resolvidos.

-você quis dizer "não foram teorizados" né? você consegue resolver mesmo um caso criminal que não foi resolvido nem pela polícia?

-a polícia brasileira é uma merda, S/Nzinha. é seletiva. ainda mais nos anos 60. não sei se consigo, mas se tiver provas o suficiente acho que posso voltar o caso a tona. o que acha de eu cursar jornalismo?

-não combina com você. até onde eu saiba, jornalistas precisam ser limpinhos.

-diz isso quando eu for o próximo William Bonner, seu jacaré.

tadinho, mal sabe ele que eu realmente duvido se ele toma banho ou não. se alguém me perguntar, eu sinceramente vou ficar na dúvida em responder, mas vou continuar sendo sincera na brincadeira (pelo menos ele tem outras qualidades).

nos sentamos na mesa e começamos a comer, Lucas tomando café em uma caneca cheia para se manter acordado pelo menos pela manhã. um pouco antes de sair de casa, recebi uma mensagem.

SR: bom dia s/n
SR: já saiu de casa?

respondi na hora, dizendo que não, e mudei o contato para o seu nome mesmo. depois de mais ou menos um minuto, outra mensagem:

Suna: estou passando ai pra te levar pra escola

eu: q??
eu: é sério?

Suna: pq n seria?
Suna: pode sair

-tá olhando pro celular desse jeito porquê? o Suna terminou contigo?- perguntou Lucas, enchendo a caneca novamente.

-não, ele disse que está vindo me dar carona. e ele não é meu namorado.

-que fofo, o namorado dela leva ela pra passear de carro.

virei os olhos e me despedi dele, cruzando a porta da frente rápido. Suna estava estacionado na frente da minha casa, com o carro cinza escuro brilhando no Sol que já começava a esquentar.

-oi. hã... porquê decidiu me dar carona?

-estava passando por aqui.

-ah, sim, você mora perto. obrigada- disse, meio sem jeito.

-já tomou café?

-sim. e você?

-não, mas eu nunca tomo. se quiser alguma coisa, sabe, é só falar- ele disse, dando partida no carro, o esmalte das unhas agora mais descascado e olheiras menos fundas.

-tudo bem. você é legal, sabia?

ele levantou as sobrancelhas e deu um sorriso sarcástico, já na avenida principal do bairro. no trânsito parado, concluí que já tinha intimidade suficiente pra colocar música no meu celular apenas com um "vou colocar, tá?".