TW: menção de bulliyng, menção de suicídio
eu corria de alguma coisa, tentando alcançar alguma outra coisa. corria como se minha vida dependesse somente disso. corria como se a coisa atrás de mim não pudesse de maneira alguma me alcançar, e como se eu necessitasse profundamente do que havia na minha frente.
eu gritava.
eu chorava.
talvez por medo da coisa atrás de mim me alcançar, talvez por receio de perder o que estava adiante de minha face. eu corria incansavelmente em completa agonia.
mais uma vez, acordava apavorada de um sonho bizarro.
era uma manhã quente de fevereiro, daquelas que podem te fazer querer viver ou morrer no chão de azulejo frio do banheiro. coloquei meu uniforme e fui até o local, como sempre.
eu não gosto de espelhos, apenas por eles refletirem minha imagem. não gosto de olhar para mim mesma, não gosto de pensar sobre mim, sobre as expectativas que eu tinha sobre mim e sobre o que me tornei.
mas nada que alguns remédios não resolvam.
fui até a cozinha e tomei café com leite, fiz carinho no gato e peguei meu lanche preparado no dia anterior. estava prestes a sair quando o segundo evento ruim do meu dia apareceu: ninguém menos que meu pai.
-bom dia- disse
-eu já não tinha jogado essa merda de tênis fora?
-acho que não. já vou indo- suspirei
lidar com comentários desse tipo já faziam parte do dia a dia, infelizmente, porém ir pra escola me deixava um pouco mais animada, já que lá veria meus amigos. ainda mais hoje, que Ester finalmente voltaria do intercâmbio.
não que ela precise de um, já que estudamos em uma escola internacional.
ir pra escola é uma aventura: pegar dois ônibus ás 5 da manhã para chegar lá as 6:35, todos os dias, de manhã e de tarde. quando tenho aulas extras, almoço por lá e, quem sabe, durmo na casa da Ester junto com o Atsumu. minha família não é pobre, mas também não é consideravelmente rica; desde que ganhei uma bolsa de quase 100% em uma das escolas mais caras do estado, essa vem sendo minha rotina, e sinceramente não me arrependo.
mais tempo com meus amigos, menos tempo com meu pai.
como disse anteriormente, ninguém precisa de intercâmbio quando se estuda na minha escola, e essa é a parte mais divertida. japoneses, coreanos, nigerianos, brasileiros, franceses, peruanos, americanos, o mundo inteiro em um só lugar. não gosto muito das pessoas de lá, mas saber que posso conhecer tantas pessoas de tantos lugares do mundo me deixa animada.
o ônibus chegou e coloquei "middle of somewhere" do the neighbourhood pra tocar no fone.
o veículo começou a andar e fui me lembrando do fim do ano passado: Ester indo para Miami, eu e Atsumu no aeroporto morrendo de saudades e Osamu apenas querendo acabar logo com aquilo, porém também sentindo sua falta. as vezes que saí com os gêmeos nas férias, todo o sorvete que tomei, melancias que comi e todas as vezes que joguei vôlei com os meninos na quadra do parque da cidade. os momentos que morri de rir com as chamadas de vídeo da garota falando como as pessoas (principalmente os garotos) de lá eram absurdamente lindos e afirmando que não exagerava nem um pouco. o pior é que era ela nos Estados Unidos e Atsumu do meu lado, o tempo inteiro falando de homens e festas cheias de bebida. nunca curti essas coisas, mas conversar com eles era tão divertido que eu nem me importava.

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𝑴𝒆𝒔𝒎𝒐𝒓𝒊𝒛𝒆𝒅- 𝑺𝒖𝒏𝒂 𝑿 𝒓𝒆𝒂𝒅𝒆𝒓 (𝒊𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆)
Romance𝐞𝐦 𝐮𝐦 𝐩é𝐬𝐬𝐢𝐦𝐨 𝐦𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨, 𝐬𝐮𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐬𝐞 𝐜𝐫𝐮𝐳𝐚 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐝𝐞 𝐮𝐦 𝐠𝐚𝐫𝐨𝐭𝐨 𝐜𝐚𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐞 é 𝐨 𝐦𝐨𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐝𝐚 𝐢𝐧𝐭𝐢𝐦𝐢𝐝𝐚𝐜𝐚𝐨 𝐝𝐞 𝐦𝐮𝐢𝐭𝐨𝐬. 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐮𝐦𝐚 𝐥𝐞𝐭𝐫𝐚 𝐝𝐨 𝐍𝐢𝐫𝐯𝐚𝐧𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐭𝐚𝐝...