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Já era tarde quando os garotos pararam o carro frente um portão de ferro gigante. E as quase oito horas de viagem lhe torturaram como o inferno, definitivamente.

Anna queria ir ao banheiro, estava com fome e suja de sangue. Seu corpo também doía pra caramba, porém sabia que se ousasse abrir a boca em reclamação, seria esnobada e muito provavelmente, ignorada.

Mas algumas vezes Youngjae falava com ela. Três ou cinco palavras no máximo, sobre como o defeituoso estava e então voltava-se para frente, focado no percurso, junto a Mark. Eles revezavam o volante.

A moto do defeituoso também surgia algumas vezes perto deles, com Bambam dando breves sinais, como "vamos para a direita", ou , "aquele caminho está menos movimentado''.

Deveria ser um modo de despistar aqueles que os procuravam, mas Anna sentia que também era um modo inteligente de confundi-la.

O que, no caso, funcionou.

Ela nunca teve muito senso de direção.

E enquanto observava sua cidade tão familiar passar diante os seus olhos a cada segundo, o coração apertava um pouco, fazendo uma pontada de medo lhe torturar.

Não saber exatamente onde estava era perturbador.

Baixando os vidros do carro, Mark estendeu os braços, tocando o interfone que se mantinha ali. Anna notou uma luz ao lado, a moto se aproximando também.

— Quem é? — uma voz feminina ecoou.

— Abra os portões de uma vez, Samantha. E chame o doutor Finn, ele está muito ferido, precisa de tratamento urgente.

Não houve nenhum protesto vindo da garota. Em questão de segundos, aqueles portões gigantescos foram abertos e eles entraram. A moto passando na frente, com leves buzinas.

Youngjae sorriu, mostrando o dedo do meio para Bambam.

Pareciam finalmente estar mais calmos. Como se, agora, fossem capazes de sentir certa segurança. Não era o mesmo para Anna, entretanto.

— Nós chegamos? — ao seu lado, o defeituoso sussurrou.

Os olhos estavam fechados, a respiração era fraca, sua mão se mantinha pressionada nos ferimentos, como se aquilo fosse melhorar a dor. Não adiantava, Anna sabia.

— Sim, nós chegamos — ela acenou para ele, assim que a porta traseira abriu.

— Finn já deve estar indo para a enfermaria. Vamos, vou levá-lo até lá — Youngjae disse, ajudando o garoto a descer. Então olhou para trás, em direção a Anna. — Venha também, doutora. Tem ferimentos pelo corpo, precisa desinfetar isso. Além de analgésicos e pomada.

Era estranha a forma como eles pareciam tratá-la. Tão frios e ao mesmo tempo tão solidários. Eles sabiam a forma certa de agir, sabiam como ser gentis, só não escolhiam essa opção.

Por isso eram defeituosos?

Era diferente para os outros. Aqueles dentro da sociedade.

Anna tentava fingir que não percebia, mas notava o convívio vazio. A falta de sentimentalismo, lidando com tudo da mesma forma genérica como sempre. Seguindo os padrões impostos pelo governo, ditados como certos, ela sempre agia assim, embora sentisse o incômodo.

Talvez.... fosse realmente uma defeituosa?

— Ei, doutora — Mark segurou seu braço quando ela desceu do carro, prestes a seguir Youngjae. — Você realmente o ajudou?

— Como assim? — a expressão nos olhos dela eram de surpresa.

— Estou perguntando quais são suas verdadeiras intenções. Jinyoung costuma ser amigável, mas não tolo. E no passado, seu pai foi um grande traidor para nós. Isso quer dizer que você também pode ser, afinal, filho de peixe, peixinho é.

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⏰ Última atualização: Mar 05, 2022 ⏰

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Defective ❄️ Park JinyoungOnde histórias criam vida. Descubra agora