Bebidas

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Sentada na cama de Yolanda, Nebraska refletia suas ações. Ela haverá fugido de casa após descobrir que seu noivo a traía com uma prostituta, apesar de não ama-lo com imensa paixão, isto não mudava o peso de uma traição.

- Acho que vou pegar um copo d'água. - Ela se levantou e saiu do quarto, se deparando repentinamente com um homem. Ele a olhou de cima a baixo e deu um sorriso.

- Você é? - Perguntou ele.

- Nebraska.

- É nova aqui? Deve ter muitas reservas. - Ele levantou uma mão para toca-la no rosto porém ela se afastou.

- Não sou uma prostituta, sou uma hóspede.

- Claro. - Ele não havia acreditado e isso incomodava Nebraska.

- Acredite se quiser, vou pegar meu copo d'água. - Assim que ela passou por ele seus olhos bateram e Yolanda. Caramba. Pensou ela, Yolanda estava mesmo bonita esta noite, e por mais que parecia que ela havia se arrumado para os clientes, ela havia se arrumado para impressionar Nebraska.

- Ele está te incomodando Nebraska? - Yolanda perguntou tirando Nebraska de seu transe.

- Eu queria uma noite com ela, não incomoda-la.

- Nebraska não é prostituta, ela é uma hóspede temporária, e você não devia estar no corredor dos quartos. O salão é para lá. - Yolanda apontou além do homem e ele se virou saindo.

- Tome cuidado por favor, não se esqueça que está em um Bordel.

Yolanda se aproximou de Nebraska com um sorriso praticamente a deixando sem jeito.

- Me desculpe. - Foi a primeira vez que Yolanda ouviu Nebraska dizer desculpa, somente então que ela percebeu que o seu visual havia dado o impacto que ela queria.

- Não me disse ainda por que estava na neve. - Nebraska congelou.

- Fugi de casa, mas não se preocupe esse seria o último lugar que minha família iria procurar. Eles não vão fazer um escândalo em sua porta. - Yolanda riu levemente.

- Sendo assim fico mais aliviada. Vem, você pode ficar no bar com a Calina, é melhor que ficar sozinha. - Yolanda lhe esticou uma mão. Porém Nebraska não a pegou. Novamente aquela muralha de ódio as prostituta estava de pé.

- Apenas me mostre o caminho e me deixe em paz. - Yolanda suspirou. Ela começou a andar sendo seguida por Nebraska e logo as duas chegaram ao bar, os homens não tiravam os olhos de Nebraska por sua beleza e isso deixava Yolanda mais do que desconfortável com a situação.

- Calina, cuide dela por favor, sabemos que não vai sair do bar hoje. - Calina riu.

- Dia de folga, eeee. - Ela disse dando alguns pulinhos.

- Fica tranquila amor ela está em boas mãos. - Calina deu um beijo na bochecha de Yolanda que riu em resposta.

- Eu sei que está. - Ela se afastou voltando aos homens. Nebraska olhava para ela e para outras, de dançarinas a prostitutas e garçonetes, seu estômago se revirava de nojo e agonia. Contudo ao olhar para Yolanda ela sentiu seu corpo arrepiar, ela era mesmo atraente quando não em suas roupas de "folga"

- Yola é linda não é? Ela começou aqui aos 14 e desde o começo tinha muitos clientes. - Nebraska se assustou.

- Aos 14? - Calina assentiu.

- A mãe dela morreu e ela nunca teve pai ou avós, ela estava morando na rua quando conheceu a Serena, ela diz que foi salva por ela e que é muito grata.

- Grata por ser prostituta? Isso é ridículo. - Nebraska riu fraco.

- Não fale assim, saiba que ela queria ser médica, a maioria aqui tinha um sonho, mas nem todos nasce em berço de ouro com uma família que faria tudo por eles.

- Desculpe então por não conseguir compreender vocês. - Calina sorriu.

- Está desculpa. Olha, sei que está bem óbvio que Yolanda tem interesse em você, por mais que seja preconceituosa não a trate mal, pense nos sentimentos dela, ela sempre se machuca quando se trata de amor. - Nebraska concordou.

- Eu vou deixar bem claro que não quero nada com ela, não se preocupe.

- Será que não quer mesmo? - Calina parecia olhar no fundo de seus olhos, quase como lendo sua alma.

- Não mesmo, obrigado. Depois do que vivi uma prostituta é a última coisa que quero.

- Nada contra ela ser mulher então? - Nebraska negou.

- Nada contra.

- Fico aliviada, agora toma um drinkzinho. - Nebraska sorriu pegando o drink e virando em um único gole.

- Menina vai com calma, não quero você bêbada dando trabalho para Yolanda.

O sorriso de Calina no entanto dizia o contrário, isto era exatamente o que ela queria.

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