Nevoeiro

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Estava frio e a neve que cairá era pesada junto com o vento qualquer um seria arrancado do chão e em seu pleno juízo se recusaria a sair de sua casa quentinha.

Exceto Yolanda, que não tinha escolha há não ser caminhar até a cidade em baixo de neve, ventos e muito frio. A jovem loira de olhos verdes mal conseguia enxergar o que havia a sua frente, ou caminhar com toda aquela neve.
No entanto algo em destaque chamou sua atenção.

Perto a uma árvore havia um cachecol jogado, porém não havia ninguém ali, não visivelmente.

- Será possível? - Com certa dificuldade ela se ajoelhou na neve e começou a cavar, e cavar. Quando finalmente alcançou algo, ou melhor, alguém.
Ela colocou toda suas forças e puxou a pessoa para cima. Porém não era o suficiente. A neve talvez tenha a deixado mais fraca, para uma mulher que estava acostumada com entrar em brigas e vence-las, não ter força para algo tão, simples. Era absurdo.

- Vamos lá Yolanda. - Ela repetiu a si mesma mais uma vez colocando toda suas forças, dessa vez o corpo se mexeu um pouco do lugar então ela tornou puxa-lo para revelar a imagem mais linda que ela já haverá visto.

Uma pele pálida, lábios rosados e cabelos brancos, como a branca de neve. Era uma jovem muito bonita e pelo estado havia caído ali há alguns minutos.

Tenho que leva-la ao bordel. Pensou Yolanda, ela tinha prioridades na cidade, mas quando se tratava de outra vida, uma qual a cativou muito ela já não pensava em outra coisa.
Com esforço colocou a menina nas costas e começou a caminhar, lhe parecia que ia cair e a cada passo seus pés afundará mais na neve.

Respirando fundo e incontáveis vezes, Yolanda que não estava muito longe chegou ao seu local de trabalho, um bordel. Yolanda é uma prostituta, e ela não se envergonha disso, ela, e somente ela, sabe o quão duro foi a vida até encontrar um lugar para chamar de lar. Usar seu corpo para viver não lhe deixa enjoada, pelo contrário, ela não sente nada, pois não se atraí por homens, basta um pouco de fingimento e pronto, o dinheiro está na mão.

- Oh minha nossa. - Serena, é dona do bordel. Tem cabelos e olhos negros e uma pele morena. - Yola querida, de onde tirou essa beldade? - Ela se aproximou passando a mão pelo rosto da menina desacordada.

- Soterrada pela neve, acho que ela está com hipotermia, e não sei se vai acordar tão cedo. - Antes de dizer qualquer coisa Serena deu espaço a Yolanda para que pudesse passar em direção aos quartos.
Em concordância Yolanda balançou a cabeça e seguiu pelo corredor do Bordel. Entrando no quarto onde ela e algumas meninas dormiam, ela colocará a jovem sobre sua cama e parou para observa-la melhor.

- Devia dar um banho quente nela, lhe tirar essas roupas frias e colocar outras quentes. - Disse Serena.

- Eu vou fazer isso já já. - Yolanda respondeu da boca para fora, estava distraída pois a menina era mesmo linda.

- Yola? Ande logo Yola. - Serena bateu sobre a cabeça dela.

- Sim senhora. - Yolanda virou-se e olhou para as outras camas em busca de alguma amiga para ajudá-la. Entretanto pelo visto era apenas ela.

Ela deu seu melhor para carregar a garota até a banheira e tirar as roupas dela, não conseguia reparar em seu corpo estando ela naquela situação deplorável.

Ela pegou uma esponja e começou a passar pelo corpo da mesma, havia algumas cicatrizes e manchas que pareciam marcas de nascença, de alguma forma, Yolanda sentia estar conhecendo algo sobre a menina misteriosa que encontrará.

- Você não está em coma por causa da hipotermia, está? - Yolanda perguntou olhando para ela, no entanto apesar da respiração a garota não acordava. E Yolanda esperou ao lado dela por mais de quatro horas recebendo até mesmo a permissão para pular seu dia de trabalho.

- Essa menina está viva mesmo Yola? - Galadriel, uma das garotas que trabalham no bordel e melhor amiga de Yolanda distraiu um cliente apenas para ver se a menina já tinha acordado.

- Eu acho que ela está em coma, mas como você sabe. Médicos são íntegros demais para vir a lugares como estes. - Galadriel suspirou e passou uma mão pelo ombro de Yolanda.

- Por que não tenta dormir um pouco? Talvez amanhã ela tenha acordado. - Yola assentiu.

Ela deitou-se na cama de costas pra a jovem e Galadriel a olhou pasma.

- Ei sua burra. - Galadriel lhe deu um tapa. - Se a menina está congelando você não deveria abraçar ela? Mesmo um idiota sabe que o calor de outra pessoa ajuda, e muito. Abraça essa menina agora Yolanda. - Pelo susto no tom de Galadriel, Yolanda rapidamente se virou e abraçou a menina.

- Ótimo, deixa eu embrulhar vocês. - Galadriel puxou o cobertor cobrindo ambas, Yolanda e a garota.

- Vê se dorme hein. - Ela disse saindo do quarto e apagando a Luz.

Yolanda apertou a garota um pouco e respirou fundo. Ela estava tão fria que parecia mesmo morta. Porém mesmo preocupada Yola pegou no sono.

No dia seguinte voltou a espera de todas, e no outro, e mais outro..

Haviam passado-se 7 dias e a garota não acordava, ela já estava mais quente do que podia estar.

- Gente, GENTE!! - Maleah entrou no salão gritando.

- Fala menina. - Daiana disse. - Fala em nome de Jesus.

- A garota acordou. - Yolanda foi a primeira a correr seguida pelas outras. Todas ficaram sobre a menina olhando de perto, ela as encarava em silêncio. Puxa que olhos lindos. Todas pensaram. Eram azuis cristalinos e pareciam refletir uma alma doce.

- Onde estou? - Ela disse. E como esperado por Yolanda sua voz era agradável.

- Em um Bordel.

- CHARLOTTE!! - Yolanda gritou a corrigindo.

- Você está bem? - Yolanda se aproximou dela que por reflexo se afastou, seus olhos de repente escureceram.

- Fica longe de mim sua imunda.

Desirée bateu a porta com força.

- Viram só? Yolanda passou 7 dias cuidando de uma ingrata, viram o que eu falei? - Desirée se virou para as meninas todas estavam caladas e entristecidas. Entretanto nenhuma estava como Yolanda que parecia ter tido seu coração em dois.

- Me deixem ir embora. - Ela disse.

- Vai aberração. - Elida disse. - Vai pro diabo que te carregue. - Ela abriu a porta.

A garota se levantou e caminhou até a porta, olhou para os lados e por um chute acertou a saída, porém ao abrir a porta ela se deparou com o pior. Um forte vento e o chão cheio de neve.

- ... - Ela olhou para trás e viu todas a encarando com ódio.

- Você não pode sair, estamos no inverno, todos tem que ficar em casa. - Yolanda disse.

- Não quero ficar nesse antro com mulheres como vocês. - Maleah fechou um punho com força.

- EU VOU TE SOCAR SUA DOENTE!! - Ela gritou partindo para cima da menina, e sendo segurada pelas outras.

- Yola não merece isso, ela tem um coração bom, ela esteve preocupada com você todo esse tempo. - Ela começou a chorar. - Ela nem conseguia comer direito ou trabalhar.

- É mesmo? - Ela olhou para Yolanda e por um momento seu coração parecia ter amolecido, mas foi apenas um breve momento.

- Ela fez tudo isso por que quis, não devo nada a vocês.

Serena se aproximou dela.

- Deixe-me te dar duas escolhas. Você fica e se mantém quentinha, ou você sai e morre congelada, eu espero que seja inteligente o suficiente para fazer uma escolha sábia. - Serena sorriu.

A jovem olhou dela para as outras meninas algumas vezes e depois ficou em silêncio.

- Meu nome é Nebraska. - Ela murmurou. - Eu vou ficar até o inverno passar. - Yolanda sorriu.

Ela estava aliviada pois a garota não iria mais correr risco de congelar ou ser devorada por um bicho selvagem que não hiberne.

Porém será que a convivência com uma garota preconceituosa vai durar até o fim do inverno?

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