Inverno •|Em Andamento|•

Neve

Yolanda

- Yola. - Ouvi a voz de Calina atrás de mim e me virei para olha-la. Ela estava soluçando alto e me olhava com um sorriso.

- Tentei embebedar ela, mas quem acabou bêbada foi eu. - Ri fraco.

- É, eu percebi. - Disse.

- Sou resistente a álcool. - Nebraska disse com um sorriso vitorioso.

- Isso é ótimo querida. - Ela não me olhou nos olhos apenas sorriu.

- Sem clientes hoje Yola? - Calina perguntou.

- Na verdade eu estava indo com um agora. Com licença. - Sai sem olhar para Nebraska outra vez, não posso ficar me rebaixando.

Narrador

Enquanto Yolanda estava com o seu cliente, Nebraska voltou ao quarto para refletir um pouco, ela estava preocupada que sua estadia neste lugar pudesse ser muito longa, mas no geral, não haveria outra escolha.

- Nebraska. - Yolanda disse entrando no quarto.

- Não foi dormir ainda? - Ela perguntou fazendo Nebraska rir.

- Estou de pé, não estou?

- Posso te fazer uma pergunta Yolanda? - Yolanda assentiu.

- Você sente prazer quando se deita com esses homens?

- Não, mas eu sou ótima em fingir. Então me viro. - Nebraska ficou em silêncio.

- Não se sente atraída por caras? - Yolanda negou.

Ambas ficaram em silêncio por algum tempo até Nebraska respirar fundo. Ela tinha algo há dizer mas Maleah entrou no quarto desesperada e com a boca sangrando.

- O que aconteceu com a sua boca? - Yolanda perguntou assustada e se aproximando da garota.

- Um cliente me bateu, acho que as meninas vão matar ele. - Yolanda saiu correndo seguida por Nebraska e Maleah.

- VAI BATER NELA DE NOVO? - A situação era nojenta, Desirée segurava o homem com ódio, era óbvio que ela havia dado uma bela surra nele.

- RESPONDE PRAGA. - Outro soco. Nebraska estava assustada, mesmo chegando agora nunca pensou que as meninas pudessem ser tão violentas.

Nebraska

- Não vou. - Desirée o soltou assim que ouviu aquelas palavras, olhei para suas mãos ensanguentadas, e todas as outras preocupadas com Maleah.

- É algo comum. - Yolanda disse ao meu lado.

- Acontece com muitas de nós, várias e várias vezes, ainda mais quando os clientes estão bêbados. Evitamos esses tipos de cara, mas Maleah é nova e gananciosa, ela quer ganhar o dinheiro dela acima de tudo.

- Ela só não imaginava que ia apanhar, não é? - Yolanda assentiu.

- Desirée é sem paciência, ela é a única de nós que com certeza nunca vai apanhar, pelo contrário, os outros que apanham. - Ri.

- Vantajoso.

- Bom, vou cuidar da Maleah, se você me der licença. - Ela se afastou de mim e aproximou-se de Maleah. Ela passou a mão pelo cabelo dela e sorriu. E por um breve momento isso me incomodou.

- Melhor eu voltar ao quarto. - Me virei e voltei ao quarto, ao chegar lá fui me deitar e fiquei pensando. Talvez eu esteja sendo injusta, elas colocam a vida em risco, deve ser mesmo necessário.

Fechei os olhos tentando dormir quando de repente o quarto se encheu de barulho.

- Nebraska já dormiu? - Ouvi a voz de Yolanda.

- Pelo que parece já. - Desirée respondeu.

- Yola, dorme comigo. - Maleah disse. Isso sim me incomodou de uma forma inesperada.

- Maleah você não é mais um bebê, durma sozinha. - Ouvi a voz de choro de Maleah. Porém isso não parecia atingir Yolanda como o esperado.

- Boa noite gente. - Senti um peso do outro lado da cama, e percebi que Yolanda estava deitada. Estavamos de costas uma para a outra quando ela repentinamente se virou é passou a mão pelo mdu cabelo.

- Eu sei que você não está dormindo. - Me virei para ela.

- Você é mais esperta do que aparenta. - Ela sorriu. E era um belo sorriso.

- O que você ia me dizer mais cedo?

- Eu apenas ia perguntar o que aconteceu para você vir parar aqui, neste lugar. - Yolanda suspirou.

- Aconteceu muita coisa. Eu era nova e o pouco que eu lembro é bem vago. Minha mãe morreu, e eu não tinha pai, só minha irmã adotiva, a Bridget. Não tínhamos para onde ir e nunca fomos a uma escola. E a Serena nos deu uma escolha. - Concordei.

- Talvez vocês estariam na rua agora, mas compensa mesmo vender seu corpo por um teto? - Yolanda não disse nada, ela apenas ficou me olhando em silêncio.

- Você é muito certinha. - Ela se manifestou.

- Não é isso, só estou sendo moralmente correta, sou uma boa moça.

- E eu não?

- Woah, me fez parecer horrível agora. - Ela riu baixinho.

- Você também é uma boa pessoa, cuidou de mim, uma desconhecida e ainda me acolheu, não conheço muitas pessoas que fariam isso.

- É apenas o mínimo.

- Vocês duas vão dormir ou ficar fofocando? - Bridget estava abaixada próxima a nossa cama.

- Deixa Bridget, é melodia para os meus ouvidos. - Desirée disse.

- Nós já vamos dormir, desculpa meninas. - Disse. Virei de costas para Yolanda e fechei os olhos tentando dormir. Como ela ficou quieta e não me atormentou mais o sono chegou e finalmente pude descansar.

No dia seguinte o quarto estava cheio de barulho, me sentei para só assim abrir meus olhos e ver algumas das meninas pintando as unhas.

- Vocês são barulhentas. - Disse.

- Você se acostuma fofa. - Galadriel respondeu.

- Quer um docinho? Yolanda que fez. - Me levantei ainda meio sonsa pelo sono e peguei o doce.

- E onde estão as outras?

- Estão lá fora tirando a neve da entrada, se for ajuda-las pega umas roupas quentes no armário. - Abri o armário e peguei um casaco.

- De quem é? - Mostrei o casaco a elas.

- Meu flor. - Elida disse. -Pode pegar, não mesmo que vou sair daqui se dentro.

- Obrigado. - Vesti o casaco e me surpreendi com o quão quentinho era. Sai dos quartos procurando a saída do Bordel, como o esperado, eu não sei tudo sobre esse lugar. Mas depois de um esforço acertei a saída e ai veio Minha surpresa.

- YOLANDA!! - Gritei ao vê-lá. Ela estava apenas de blusa e short naquele frio é com uma pá na mão.

- Está querendo congelar? Vem aqui. -Ela se aproximou de mim. Tirei o casaco que estava usando e vesti nela que apenas sorriu.

- Pronto, quentinha.

- Você é fofa. - Ela disse. Olha essa garota.

- Vocês são fofas isso sim. - Ouvi a voz de Desirée e só ai a percebi no local

- Certo, certo, vou ficar olhando vocês daqui de dentro. - Voltei a entrada do bordel e me sentei observando-as tirar a neve da entrada.