The Hotel

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24 de outubro de 2020, 9:50am

FERNANDO

Hotel Palarazzo, em comparação a foto no site de locação, ele aparentava ser bem maior, mas não ficarei por muito tempo – eu espero – servirá para ter uns bons dias de descanso.

Mando uma foto em frente a placa do hotel para Mia, sempre cumpro as minhas promessas, e se a disse que lhe deixaria a par de tudo, é isso que farei.

Vou até o hall para fazer o check-in de minha chegada.

O local parece ser tirado de um livro viking, todos detalhes trabalhados em madeira e vinhas. Um cheiro absurdamente forte de verniz novo, o que faz o meu nariz arder um pouco. O chão é feito de pedra rústica e um pequeno caminho em relevo direciona os visitantes até os guichês.

Lembra muito o bar em que fui com Gustavo quando ele chegou.

Ele estava tão lindo, tão perfeitinho, até estourar uma garrafa com a mão...

Chego ao balcão de número 6 e encontro um rapaz alegre, com um colete preto, camisa xadrez – até que está bem estiloso – e um sorriso no rosto, como se nada na vida o atingisse ou como se tivesse o propósito de fazer as pessoas felizes. Desço o olhar até a plaquinha em sua mesa, nela está escrita "Zach Sobiech" enfeitada por diversas nuvens, notas musicais e sorrisos.

- Boa tarde cara, como vai o seu dia? Sou Zach – ele se levanta para apertar a minha mão.

- Até que bem, me chamo Fernando, gostaria de fazer o check-in para pegar as chaves do meu quarto por favor.

- Claro meu caro haha – ele parece ter saído de um filme da Disney, sua energia contagia qualquer um – bom, preciso de algum documento seu por favor.

Entrego-o o meu RG, estou estranhamente bizarro nessa foto, estava saindo ensino médio quando o renovei. Ele é mais das espinhas e cravos do que meu.

- Enquanto termino de confirmar a sua instalação, se não for incômodo claro, gostaria de saber o que atrapalha o seu dia.

- É que tipo... Zach, você já se viu preso em alguma situação em que devia escolher a amizade ou o amor?

Ele para de digitar e cai fundo em seus pensamentos, se desliga do universo por uns segundos.

- É, já tive sim, foi complicado de entender tudo no começo, mas depois, foi tudo correndo bem, melhorando, e como gosto de dizer: subimos até as nuvens hahaha.

- Bom, estou numa situação dessa, o cara que eu gosto – a muitos anos – acabou de se declarar para mim, esperei por tanto tempo por esse momento, que, que. Que quando finalmente chegou a ex dele acabou com tudo, e eu não sabia o que fazer e, está tudo tão confuso, porque eu o quero, mas será que não era um blefe o que ele disse? E se estivesse bêbado? E se fosse uma pegadinha? Eu devia dar uma chance? E se aquela louca voltar? E SE

- Ei, Fernando, você não tem controle do futuro, até onde estou entendendo não foi culpa sua. Apenas aproveite cada segundo, você não sabe o dia de amanhã. Quer um copo d'água? Chocolate? Eu tenho uns aqui, você sabe, emergências.

ELE É TÃO FOFO! Por que o mundo só não pode ser feito de pessoas assim? Olha que pitchuco AAHHH.

- Muito obrigado Zach, mas já estou melhor, obrigado.

- Eu estou escrevendo uma música, e tem uma parte dela que acho válida para o seu momento atual.

- QUE MUITO LOUCO! Pode me mostrar qual parte seria?

Ele abre uma das gavetas na escrivaninha e tira um tipo de diário, folheia algumas páginas e finalmente chega a uma que está marcada como "Fix Me Up".

I'll see u againOnde histórias criam vida. Descubra agora