Second Chances - L.S.

2.0 Harry

    Estou há duas semanas em Londres e durante esse tempo tomei mais atitudes sobre meu novo livro do que havia tomado em todo o período de anos que passei em Nova Iorque. 
    Ainda não havia escolhido o nome, mas todo o plano de enredo já tinha sido enviado para a editora, que eu aguardava ansiosamente ser aprovado para que eu pudesse escrever meu novo romance. Uma história sobre um casal que depois de anos divorciados se apaixonam novamente. Sei que se fosse só isso aprovariam automaticamente, adorariam me vender como o escritor que escreveu um romance assim, enquanto passava por um divórcio, me venderiam como um coitado. Mas esse livro não era sobre meu recente processo de separação, não era sobre Faith e acredito que nunca saberiam verdadeiramente sobre quem era, mas dificultei encaixar a narrativa nos parâmetros deles, era um romance gay.

    Quando enviei a proposta senti uma sensação de vazio me consumindo. Eu não tinha mais o que fazer por um certo tempo, isso me preocupava, já que trabalhar tinha sido o escape que eu havia arranjado para fugir daqueles problemas que me rondavam. 
    Fui até a geladeira, na cozinha ainda muito vazia de casa, onde percebi que já tinha passado da hora de eu ir ao mercado, infelizmente meu estoque de lasanha congelada e refrigerante tinha acabado e talvez fosse bom eu comer algo que não fora preparado em um microondas. 
    Passei a volta do mercado me martirizando por não ter levado nenhuma bolsa ecológica e agora estar carregando dois sacos de papel que poderiam rasgar a qualquer momento. Felizmente consegui chegar ao meu andar sem derrubar tudo no elevador, transferi um dos sacos para o braço direito, segurando os dois com o mesmo, enquanto tentava virar a chave na fechadura que parecia não funcionar. 
Coloquei força ali, o que resultou na chave quebrando com uma parte dentro da fechadura e outra fora. Escutei uma porta atrás de mim, de outro apartamento abrindo -por favor não seja o Louis.- Tentei colocar as sacolas de papel no chão mas uma delas acabou rasgando na parte de baixo e derrubando tudo que havia dentro de si. Respirei fundo, tentando não xingar, mas antes mesmo de eu me abaixar para tentar juntar tudo vi uma mão familiar agarrando algumas das coisas para me ajudar. Era ele. 
Ali abaixados estava eu e Louis, sem trocar uma única palavra, só recolhendo os congelados que estavam esparramados na frente da minha porta quebrada. 

- Vi você quebrar a chave. Vai precisar ligar para um chaveiro. - Louis iniciou a conversa quando alcançou o meu pacote de batatas congeladas. 

- Duvido que algum chaveiro esteja disponível às nove horas da noite de um domingo. - Respondi, pensando que eu não sabia o que fazer agora e que aquela comida ia estragar fora da geladeira. 

- Você pode ficar lá dentro, se quiser. - Ele apontou com a cabeça para o apartamento atrás de nós que estava com a porta aberta. - Aposto que Zayn não vai se incomodar. Posso guardar essa comida para não estragar. 

E assim fizemos, depois de apertarmos o máximo as comidas no congelador do apartamento de Zayn eu me apressei para procurar um chaveiro, torcendo que por algum milagre alguém viesse hoje, mas como já era esperado, todos recusaram e só consegui um que viesse às duas horas da tarde de amanhã. Agora eu precisava achar um hotel para ficar. 

- Quer comer alguma coisa? - Louis estava sentado no sofá vendo alguma série aleatória, enquanto bebia um copo de whisky que repousava na sua mão direita. - Estou querendo pedir uma pizza. 

- Eu não sei, acho melhor eu ir atrás de um hotel na cidade para passar a noite. - Respondi, não sabia se eu devia ficar ali com ele para jantar e procurar um hotel pela internet ou simplesmente ir embora e parar no primeiro hotel que eu encontrasse. 

- Não seja idiota, pode ficar aqui, o sofá de Zayn é confortável. - Ele respondeu, antes de dar mais um gole em sua bebida. 

- É, mas essa não é a sua casa, Louis. - Falei, sem pensar duas vezes, só me dando conta depois que aquilo talvez tivesse sido um pouco grosseiro.