1.5 Louis

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 Enfrentei longas horas de bebedeira no bar do hotel até eu voltar ao quarto para buscar as minhas coisas e fugir dali. Fiz com que Simon -nosso empresário- me avisasse quando os três babacas saíssem de lá para fazer alguma coisa. Quando isso ocorreu fui cambaleando até o quarto onde peguei minhas roupas, meu notebook e coloquei tudo dentro de uma mochila para ir embora dali. Que se dane meu contrato, que se dane a turnê, que se danem aqueles três que cheguei a considerar minha família. Olhei para todas as outras roupas deles que estavam naquele quarto e dei uma risada, antes de jogar uma por uma da janela, vendo a massa de fãs pulando para pegar as peças.

 E foi assim que me preparei para partir em direção ao aeroporto em busca do único lugar no qual eu me sentiria bem agora, o último lugar que um dia eu chamei de casa. Por sorte, um antigo amigo meu concordou em deixar eu ficar na casa dele quando contei sobre toda a confusão, ignorei todos os paparazzis e pessoas curiosas que gritavam perguntando o que tinha acontecido e fui embora dali, não queria ver Los Angeles por um longo tempo.

    Demorou para chegar no prédio antigo próximo ao centro de Londres que um dia eu chamei de lar, quando já estava na porta mal via a hora de subir até o apartamento de Zayn e beber algo para esquecer todo esse inferno. Mas, assim que meus pés tocaram o saguão daquele local uma onda de nostalgia e adrenalina me invadiu, meu peito batia forte e me sentia com vinte anos novamente, ah o Louis de vinte anos, pobre garoto que achava que a vida seria tão bela e deliciosa que mal via a hora de se formar na faculdade e se casar com seu namorado -que obviamente não era Scott-.

    Olhei na direção dos elevadores e vi que um já estava ali, somente com uma pessoa aleatória carregando uma quantidade exorbitante de sacolas dentro. Eu poderia ter ignorado e esperado o próximo elevador, mas a adrenalina que ainda existia em mim tomou conta dos meus atos me fazendo correr até a porta gritando para quem quer que estivesse ali dentro me esperar, o que funcionou, já que na mesma hora a mão segurou a porta e eu entrei agradecendo.

    Fiquei um segundo em silêncio, respirando, antes de finalmente olhar para quem era o desconhecido ali comigo. E foi aí que eu o vi, seus olhos assustados me encaravam como se estivesse vendo um fantasma, mas quem sou eu pra julgar, né? Não é todo dia que seu ex chega correndo no elevador do prédio onde vocês moravam juntos cinco anos atrás.

    - Harry. - Fingi surpresa, enquanto tentava me acalmar, eu não esperava toda essa emoção em um só dia, no fundo eu torcia para estar alucinando com a presença dele ali.

    Foi uma conversa rápida, típica de elevador, seu ponto alto foi saber que eu não era o único a estar passando por um fim de relacionamento e o sorriso dele. É difícil admitir isso sobre seu ex namorado da faculdade, mas ele estava estupidamente atraente, felizmente continuava desastrado o bastante para eu o ajudar levando algumas se suas sacolas até a porta de seu -que um dia foi nosso- apartamento, antes de seguir para o de Zayn.

    Minha história com Harry é longa, nos conhecemos quando éramos crianças e nos tornamos inseparáveis, os melhores amigos que viviam juntos, que cresceram, se descobriram, se apaixonaram e se separaram para sempre.

     Encontrei o apartamento de Zayn vazio, ele já havia me avisado sobre, já que trabalhava a noite sendo âncora em um jornal do metrô de Londres, agradeci mentalmente por ele ter me dado uma chave reserva anos atrás e eu não tê-la perdido. Fui até a cozinha, procurando por alguma bebida na geladeira, mas antes de abrir me deparei com um post-it de Zayn.

"Bem vindo de volta a Londres, irmão.

Desculpa não estar aqui para te receber.

Fica a vontade :)"

       Sorri ao ler o pequeno bilhete amarelo, era bom saber que minha amizade com Zayn era algo constante e que mesmo depois de anos estaríamos ali um pelo outro. Peguei meu celular em meu bolso e mandei mensagem para ele agradecendo.

      Quando finalmente me deitei na cama do quarto que seria meu por tempo indeterminado, tomei o último gole da cerveja que havia pegado na geladeira, antes de alcançar um isqueiro em meu bolso para acender o baseado que eu havia preparado minutos atrás. Levou alguns minutos para eu sentir a tensão em todo meu corpo amenizar, conforme meus pensamentos ficavam mais calmos e eu relaxava. Temi que eu fosse tomado conta por meus devaneios envolvendo Scott, passei o dia evitando lembrar dele, do nosso casamento fracassado ou de algum momento em que eu realmente acreditei que existisse amor ali. Ao contrário do que eu esperava, quem me possuiu mentalmente foi Harry. Olhei para minha mochila no pé da cama e a alcancei, tirando um livro ali de dentro. Encarei a capa em tons de azul claro e sorri lendo "Spring Euphoria. Escrito por Harry Styles"

     Passei os dedos no relevo do título sentindo meus dedos formigarem como se eu tivesse tocando em algo extremamente valioso, era meu livro favorito, li ele sete vezes desde seu lançamento, eu amava a escrita de Harry antes mesmo de ele sequer sonhar em publicar um livro. Conseguia ler suas entrelinhas e nesse romance não foi diferente, como tudo o que ele escrevia era sobre um amor que durou uma estação inteira antes dos dois serem separados por circunstâncias da vida, um amor de recordação e eu me peguei durante várias noites se eu era uma recordação para ele também. Se tinha algo meu que ele apertava contra o peito em um longo suspiro se lembrando de mim, assim como eu fazia com esse livro. 

Second Chances - L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora