now and maybe forever

Limonadas caseiras

SHIVANI

Hoje fui visitar um dos lugares onde posso fazer trabalho voluntário, falta alguns meses ainda, então está tranquilo, não preciso de pressa, mas resolvi conhecer hoje.

Saindo do lugar na mesma rua vejo à loja da mãe do Bailey, a famosa "Linden & White". Aqui tem tantas coisas que sonho em ter.

Ela vende mobílias modernas, mas também tem jóias lindas e deslumbrantes, de diferentes décadas inclusive.

Na vitrine vejo o meu sonho, um pingente de ouro, em formato de coração e no meio tem uma pequena pedrinha de diamante, da década de 90.
Custa quatrocentos e noventa dólares, então, vai continuar no meu sonho, não posso pensar em gastar, não agora.

Lembro de uma vez em que eu e Mahara vimos um broche de ouro em formato de trevo, ficamos apaixonadas, ele era lindo. O dia das mães estava chegando então resolvemos juntar dinheiro e presentear nossa mãe. Ficamos um mês vendendo limonadas caseiras em uma barraquinha no bairro, juntamos 20 dólares.

Na época fiquei tão orgulhosa que iríamos conseguir dar uma jóia para nossa rainha, achei que estaríamos pagando a maior parte e papai só pagaria o resto.

Nem perguntei quanto papai pagou, mas sei que não foi 20 dólares, muito menos o dobro, talvez eu não deveria saber.

Enterramos mamãe com ele, era o favorito dela.

Ainda admirando as coisas na vitrine, passando a mão no vidro, vejo Bailey sair dos fundos da loja.

— Oi - diz ele, surpreso.

— Oi - respondo. - O que você tá fazendo aqui?

Bailey me olha como se eu fosse burra.

— Acho que a dona dessa loja é a senhora Vanessa Cabello, que por acaso é minha mãe, lembra?

— Eu sei disso - suspiro. - Só nunca vejo você por aqui, anda trabalhado?

— Não, as vezes eu ajudo com umas coisas e hoje foi isso - coloca uma caixa no chão. - Descobri que tenho que fazer uma viagem pra pegar umas encomendas pra ela amanhã - passa a mão no cabelo, um pouco molhado - Duas horas pra ir e voltar. Um saco.

Assinto o olhando mas logo volto para a vitrine, fingindo olhar qualquer coisa, quando algo me chama atenção.

Um globo rosa e preto, chamativo e a cara da Mahara, seria um bom presente de natal, ela gostaria.

— Quanto custa esse globo? - pergunto.

— O preço na etiqueta. - ele se afasta um pouco das caixas e vem mais perto de mim. - Você deveria ir.

— Aonde? - o olho confusa.

— Buscar as encomendas comigo.

— Você acabou de dizer que vai ser um saco. - volto a olhar as coisas da vitrine.

— É, sozinho. Se você for talvez seja menos pior. - olho pra ele incrédula.

— Nossa, obrigada.

— De nada. - pisca.

— Essa não está no contrato.

Ele revira os olhos.

— Você vai ou não? - pergunta.

— Ou não.

— Ah, vamos! Vou buscar em um propriedade à venda. Era um casal de velhos que morava lá. Estão vendendo muitas coisas, algumas devem ter mais de cinquenta anos, com certeza vai ter algo que você goste, você gosta de coisas antigas, não gosta?

— Gosto - respondo, surpresa por ele saber esse fato sobre mim. - Na verdade, eu sempre quis ir à uma venda dessa.
Como o dono morreu? Quanto tempo demoraram pra achar o corpo? Ele tem filhos? É uma mansão?

— Caramba, como você é mórbida. Não sabia que tinha esse lado.

— Eu tenho muitos lados. - inclino um pouco para frente. - E aí, como ele morreu? - falo mais baixo, curiosa.

— Ele não morreu esquisita, só está velho, sozinho e a família vai o mandar para um asilo.
Pego você amanhã às sete. - avisa, andando de volta para as caixas que estava carregando.

— O que? Sério? - olho chateada. - Você não disse sobre sair às sete da manhã em um sábado!

— Desculpa - diz parecendo culpado. - Temos que chegar cedo para comprar coisas boas.

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Naquela noite preparo o almoço para mim e para Bailey amanhã.

Faço sanduíches com queijo, tomate, algumas folhas verdes e maionese.
Maionese pra mim e mostarda para o Bailey, ele não gosta de maionese.
São coisas assim que aprendemos em um relacionamento de mentira.

Estava em uma chamada de vídeo com Joalin, enquanto fazia os sanduíches.

Desde à conversa que tive com Bailey no corredor da escola sobre a viagem que "eu só vou se a Joalin for", venho tentando convencê-la de ir comigo, mas ela não quer de jeito algum.

Mas é por isso que eu só vou se ela for, porque eu sei que ela não vai.

Ayla entra na cozinha quando estou terminado o almoço, tenta pegar um pedaço mas não deixo.

— Não são pra você.

— É pra quem então?

— Meu almoço amanhã. - pego o papel alumínio no armário. - Meu e do Bailey.

Ela senta em um dos bancos da bancada, me olhando embalar os sanduíches.
Eles ficam bem mais lindos enrolados em papel alumínio, sempre que posso uso papel alumínio.

— Eu gosto do Bailey. - Ayla confessa, quebrando o silêncio da cozinha. - Ele é bem diferente do Lamar, mas gosto dele.

Olho pra ela.

— O que você quis dizer? - pergunto.

— Ele é engraçado. Cheio das brincadeiras, metido. Você deve estar muito apaixonada mesmo para estar fazendo sanduíches pra ele. Quando Mahara e Lamar começaram a namora, ela fazia macarrão com molho três queijos sempre, porque era a comida favorita dele. Qual é a comida favorita do Bailey?

— Eu... - penso. - Eu não sei... Ele gosta de tudo. - real, Bailey não tem muitas frescuras com comida.

Ayla me olha.

— Se você é namorada dele, deveria saber a comida favorita dele.

— Ele não gosta de maionese. - digo.

— Porque maionese é nojento. Lamar também não gostava.

Sinto uma pontada. Lamar odeia mesmo maionese. É até engraçado, Bailey e Lamar tem pontos parecidos, se fossem amigos acho que não teriam tantos.

— Sente falta do Lamar? - pergunto.

Ayla assente.

— Sinto falta de quando ele vinha aqui. - um olhar de saudade surge no rosto da garota, estou quase indo dar um abraço nela quando de repente coloca as mãos no quadril. - Não use todo o queijo, preciso dele para o meu sanduíche da semana que vem. - desce do banco.

— Se acabar faço salada de atum pra você, caramba.

— É bom mesmo. - fala e anda em direção as escadas.
"É bom mesmo" da onde ela tira isso?
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oiêee amores
eu amei esse cap
estou voltando aos poucos, como eu disse tô usando esse final de semana para me reconectar com a história e ter ideias
como vocês estão?
espero que bem
não esqueçam da estrelinha e comentem, me incentiva muito 💗

com carinho, Nay