CAPÍTULO 3

74 8 1
                                    

"Saltos são desconfortáveis sim, mas minhas pernas ficam bonitas quando estou neles"
(Pensamentos secretos de Liana)

LIANA LORENZINI

PASSADO

Eu definitivamente estava me tornando uma sócia da Netflix, não que fosse ruim mas era como dar um tiro na minha popularidade

Meus "amigos" me ligaram, mandaram mensagem me convidando pra qualquer festa idiota mas eu não consegui me imaginar indo a lugar nenhum

Papai tem me visitado, ele estava preocupado agora que Thamara aceitou morar aqui, essa casa era tão grande que nós não nos víamos. E também eu não podia sair pois papa tinha colocado dois homens para vigiar quem entra e sai dessa casa e então nenhum passo seria dado sem ele saber, o motivo de ter dois caras grandes acampando na frente do casarão era totalmente desconhecido.

Não se preocupem, isso é apenas para segurança! Ele disse, e é óbvio que eu me preocupei.

Assim era melhor, mas o que me chocou foi minha mãe simplesmente não se importar, eu não deveria estar surpresa já que tudo isso foi ideia dela mas mesmo assim doeu.

Como eu disse, ela não era muito maternal.

Sair de casa tem sido um desafio pra mim mas hoje eu era obrigada a comparecer, então eu estava preparando meu pequeno ajudante

Quando eu tinha quinze anos eu bebi pela primeira vez, foi horrível. Minha mente estava louca, meu corpo estava quente e eu não lembro de absolutamente nada até hoje... Se sua vida tem tanta pressão você precisa focar em uma dor maior, ou em algo que te tire da fodida realidade.

Mas quando meu pai descobriu foi feio, minha mãe como sempre agiu como se não soubesse e fingiu estar desolada... as vezes eu acho que ela deveria ter seguido a carreira de atriz por que ela é muito boa.

Então eu fiquei de castigo por meses e eu gostei, nada de festas, nada de sorrisos falsos, nada de ser obrigada a estar sempre perfeita em todos os lugares... Foi um sonho e um pesadelo ao mesmo. O mais difícil foi lidar com a dependência, eu tinha quinze anos e estava viciada em álcool... isso foi escondido de muita gente, mamãe dizia que uma mulher bonita não demonstra seus medos e fraquezas... então ela fez com que ninguém soubesse que sua filha perfeita estava viciada em álcool na adolescência.

Eu só vivia com ela então era tudo da maneira dela, eu senti a dor de estar quebrada em um nível que nada me ajudaria, e ainda sim convivi com tudo aquilo. Sorri sem humor nenhum, apenas sarcasmo do que eu tive que sobreviver e coloquei a pequena garrafa na geladeira, a tequila me convidando a fugir com ela... era tentador, tão tentando...

Mas eu não tive coragem, larguei a tequila e a deixei lá, no fundo da geladeira, atrás de tudo! Se eu não a visse, não me sentiria tentada. Eu sabia que ainda precisava de ajuda, mas talvez eu pudesse acabar com isso sozinha, eu lidava bem com crises sozinha.

Andei até meu quarto e suspirei, era realmente uma casa grande e silenciosa... Tamara não falava comigo e bom eu também não falava com ela, subi às escadas e escutei um barulho alto.

Andei até o final do corredor e a porta do quarto dela estava fechada como sempre, mas tinha barulhos lá dentro. Bati na porta com medo e a música alta foi ligada, suspirei e bati novamente e o volume foi aumentando, tentei mais uma vez e esperei.

Meu coração sabia que tinha algo de errado. A música parou e eu continuei esperando, fiquei encarando a porta até a fechadura ranger. Quando ela abriu minha irmã me encarou com raiva, o cabelo azul estava preso e seu rosto manchado pela maquiagem escura.

Preto Fosco - Livro 3 - DESCENDENTS OF THE DEVILOnde histórias criam vida. Descubra agora