Capítulo 9

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Camila Mendes

O resto da "viagem" foi normal, digamos assim. O namorado filho da puta da Tia Marisol continuou enchendo a merda do nosso saco e, mesmo tentando evitar, a cara de cu dele estava me dando nos nervos. Eu e ela conseguimos tirar um tempinho juntas e, mesmo que não tivesse sido tanto tempo assim, foi bom da mesma forma. Tia Marisol sempre está do meu lado, mesmo que isso custe belas horas de discussões, e eu adoro a forma como sou tratada por ela. Todos que convivem comigo já estão cansados de ouvir isso, mas eu nunca vou me cansar de falar, é algo muito especial pra mim. E, tocando nesse assunto, estou sentindo algo muito estranho nesse sumiço do meu pai. Faz tempo que não vejo notícias sobre ele, mas eu tô adorando esse tempo em que me sinto livre, mesmo que seja por alguns dias, horas ou minutos, é ótimo ter esse sentimento. Espero poder acreditar que um dia ele seja totalmente verdadeiro.

Tudo bem, eu acho que já estou ficando um pouco paranóica demais em relação ao Kj. Eu sei que fui euzinha que resolvi terminar, e euzinha que ocasionei todas as nossas discussões anteriores, mas eu tô carente, tá legal!? Eu não paro de pensar nele e isso ta me causando abstinência, porque, se vocês pararem pra pensar, já vai fazer duas semanas, vocês tem noção disso? Duas semanas sem beijar, sem transar e sem aquele corpinho lindo e gostoso, e, bom, isso nem é o pior, porque, pra piorar toda essa situação, eu vi ele na praia há cinco dias e, mesmo falando que eu não ia mais correr atrás dele, eu fui lá e praticamente o beijei. Agora, Camila, ele sabe que você ta quase morrendo por dentro, o que, no momento, não é mentira, mas isso não vem ao caso. Que ódio, eu odeio a minha vida. Por que amar alguém tem que ser tão difícil?

Como estava decidida a ir embora hoje de manhã, não queria atrapalhar Tia Marisol fazendo ela me levar em casa, então conversei com a mesma ontem antes de ir me deitar e só depois de todas as precauções, conversas, regras e de arrumar um motorista de confiança, ela me deixou em paz. Eu sei que gosto da forma como sou mimada, mas tá parecendo que eu tenho cinco anos e não sei me cuidar, minha nossa!

Agora são cinco da manhã e eu, como uma pessoa muito ativa e não atrasada que sou, já estou arrumada e prontinha para voltar à minha linda residência onde...

- MEU DEUS DO CÉU, EU ESQUECI A TRUFFLE EM CASA! - grito em um sussurro e saio rapidamente do quarto, ja descendo as escadas. Eu sinceramente espero não ter acordado ninguém, porque esbarrei na porta e nos sofás umas cinco vezes só pelos sustos que tomei aqui. Essa casa me dá medo, e, depois do que aconteceu com os supostos "vizinhos", eu espero nunca mais voltar aqui. - Cadê essa merda de motorista que não chega? - digo impaciente e olhando meu celular a cada cinco segundos, esperando algum sinal do mesmo, que parece estar vindo do Japão. Se eu chegar e a Truffle tiver morrido, eu vou matar ele pelo atraso, eu juro, a culpa vai ser todinha dele.

(...)

- Bom dia, Dona Camila. - ele diz parando o carro e me ajudando a colocar as malas no porta malas. Ah, bom dia deve ser só no mundo dele, porque eu não entendi o motivo de tanta demora. Eu sei que estamos no cu do mundo, mas, por favor né, ele poderia ter sido mais compreensivel comigo, eu não aguento mais isso aqui.

- Bom dia, Smithers. - digo suspirando nervosa e entrando no banco de trás, impaciente. Por que nós não podemos simplesmente entrar no carro e ir embora normalmente? Pra que diálogos a essa hora da manhã? Isso deveria ser proibido no mundo.

- Está tudo bem, Senhorita? A Senhorita parece nervosa. - ele diz e finalmente começamos a andar pra bem longe dessa merda de fim de mundo. Olha, não me julguem, eu posso ter curtido passar uns dias aqui offline das coisas e respirando o ar puro, mas, pelo amor de Deus, eu já estava ficando fora do sério com o namorado da Tia Marisol e com a falta de pessoas. Gente, que isso, eu também sou humana né!?

Por trás das câmeras | Kjmila Onde histórias criam vida. Descubra agora