Por trás das câmeras | Kjmila

Capítulo 7

Camila Mendes

Depois de longos quatro dias colocando toda minha vida em "ordem", as meninas finalmente conseguiram me tirar de dentro de casa. Faz um tempo que eu não saio só com elas e vai ser bom ter um dia pra esfriar a cabeça. Estou começando a achar que esse tempo em casa está me fazendo adquirir alguns problemas psicológicos. Me falem que limpar a casa inteira três vezes no mesmo dia é normal que eu esqueço isso

Tia Marisol veio aqui ontem, depois de um tempo sumida. Para o meu desgosto, ela comentou que começou a namorar, e agora não me deixar mais dar palpite em sua vida amorosa. O Mark não vai gostar de saber disso. Ele acha que eu não sei, mas eu vejo o quanto ele gosta dela e o quanto fica mal sabendo que ela não sente o mesmo. Na verdade, ele está equivocado, porque ela sente sim o mesmo, só não sabe administrar esse sentimento, já que eles sempre foram tão amigos, e agora andam fazendo essas cagadas, como namorar um cara qualquer por aí.

Ela vai embora hoje, sei que ela ficou pouco tempo, mas, sério, eu não sei como essa mulher consegue falar tanto em apenas uma noite. Desde ontem, ela só quis saber da minha vida, sobre mim, e não deixou eu comentar nada sobre a dela. Falando sério agora, eu acho que ela foi psicológa na outra vida, não é possível.

- Bom dia, bolinho! - ela me cumprimenta, com um beijo na cabeça, assim que saio do quarto. Eu deveria me acostumar com o fato de que tia Marisol praticamente acorda com "as galinhas", porque, assim, talvez não me assustaria todas as vezes, mas já aceitei que isso ainda não está disponível na minha lista de coisas a fazer. Tirando o susto, eu adoro quando ela dorme aqui.

- Bom dia, tia. - resmungo e sento no sofá, coçando os olhos. Eu sinceramente gostaria de me acostumar a acordar só depois das onze horas, porque, agora que estamos em hiatus, acordar todos os dias às nove horas tem sido um pedido pra morrer. Eu fico super entediada em casa, isso é um saco. Não quero começar a pegar os hábitos de velho da tia Marisol.

- Que carinha é essa? Vamos nos animar, olha que dia bonito! - ela diz animada e abrindo um pouco mais as cortinas, fazendo o sol vir direto na minha direção

- Talvez seja a carinha significando que eu acabei de acordar e que são nove da manhã? - digo sarcástica e colocando uma almofada no rosto, onde abafo um grito de raiva. - Desculpa por ter sido grossa, mas acordar às nove da manhã, em uma quarta-feira, estando de "férias" é um porre. - suspiro e encaro ela, que se controlava para não rir.

- Ta tudo bem, eu te entendo. - ela ri baixo e se senta no braço do sofá, onde coloca as mãos nos meus ombros. Estar com ela me faz lembrar da minha mãe, eu já falei isso, eu sei, mas é bom lembrar. Gosto da forma como ela tem carinho por mim, um carinho diferente do que tem pelos outros. Talvez seja esse o motivo que tem me feito ficar nos trilhos. - mas não vamos começar o dia com mau humor, você não vai sair com as meninas? Então, coloca um sorriso nesse rostinho e vai se aprontar. - ela beija minha cabeça e se levanta, indo em direção à cozinha.

- A gente só vai sair à uma hora, tia. - rio baixo e observo ela lavar alguns copos - mas você tem razão, vou colocar um sorriso e começar o dia da melhor maneira. - sorrio e faço um coque alto e frouxo. Nunca conheci alguém que tenha mais bom humor de manhã do que tia Marisol, essa mulher é quase a Alegria do filme "Divertida Mente". Ela sempre está de bom humor e é muito difícil conseguir tirá-la do sério. Ainda bem que sou sua queridinha, então, assim, ela ajuda as meninas a me controlarem quando alguma coisa dá errado.

- É assim que se fala, menina! - ela sorri e se vira pra mim, já secando as mãos. Cara, ela sabe lavar uma louça rápido, hein? - agora levanta a cabeça e vai superar esse término! - reviro os olhos e rio com ela - tudo bem, eu sei que ama ele, mas supera, meu amor, segue em frente, ele foi um babaca e agora eu só quero ver vocês juntos quando ele souber tratar minha garotinha do jeito que ela merece. - ela me abraça e beija minha bochecha. Tem outra coisa também... tia Marisol adora beijos e abraços. Não é que eu não goste, eu adoro, mas ela faz isso toda hora.