04 - Loja Popular

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Domingo às 11:30 da manhã, Tânia acorda com uma ligação da Mônica:

— Alô, Ciganinha? Te acordei? Desculpa, mas queria te convidar pra ir no shopping, lá a gente almoça e faz algumas compras. Topa? — pergunta do outro lado da linha.

— Oh, sua infeliz! Mulher amargurada e sem propósito! Como ousa me acorda de madrugada — responde com voz sonolenta. — É muita audácia!

— Ah, deixa de frescura! Se fosse o César tenho certeza que você não responderia dessa forma! Bem que a minha mãe falou que cigana é tudo preguiçosa! Levanta da cama que em meia hora estou chegando aí pra te buscar! — provocou a amiga. — Ainda mais que você desmarcou comigo ontem, então está em divida comigo...

— Primeiro, preguiçosa é aquela senhora que trabalha em casa de massagem e é a tua progenitora! E segundo se fosse o César xingaria do mesmo jeito! E em terceiro lugar, você me ama e não vive sem mim! — responde Tânia entrando na brincadeira — Mas aceito sim! Até porque eu preciso comprar algumas coisas mesmo!

— O.k., baby! Eu te amo e não vivo sem você! Mas ofender a mãe da amiguinha é golpe baixo! Não precisava disso! Vá logo se arrumar que eu já estou saindo de casa... Beijo, beijo e tchau! — responde Mônica desligando o telefone.

Lentamente Tânia se levanta da cama, e vai em direção ao banheiro, se tem uma coisa na vida que ela mais odiava era acordar cedo, mas por causa do trabalho sempre levantou muito cedo e no domingo a única regra que ela impunha pra se mesma era dormir até não ter mais sono. Mas naquele dia em especial agradeceu aos céus por aquele convite! Porque não via a hora de entregar os materiais para o menino Pedro!

E ligando o chuveiro deixou a água escorrer pelo seu corpo enquanto, pensava no valor de todo aquele material, sabia que não custaria muito barato e que com certeza pesaria um pouco em seu orçamento, mais ainda sim não ligava! Só pensava na felicidade que proporcionaria e por causa disso recitou uns versos de um poeta desconhecido:

— "Dizem que a felicidade tem esse encanto: quando se divide logo se adquire um outro tanto!" — recitou esses mesmos versos várias vezes como um mantra enquanto secava os seus cabelos!

Vestiu-se com muita simplicidade, usava um vestido da cor areia estampado com pequenas flores azuis, com alças finas e bem acinturado, os cabelos ficaram soltos, usava brincos de argolas grandes e prateadas, muitas pulseiras no braço esquerdo e mesmo sem se maquiar não dispensou o seu batom vermelho. Mal acaba de se arrumar o interfone toca, Tânia pega uma bolsa de crochê preto e saiu para encontrar a amiga que estava te esperando ansiosa dentro do carro.

— Que demora, Mulher! A gente tá indo no shopping e não em um casamento! — reclama Mônica abrindo a porta do carro — Mas, nossa! Você tá linda nesse vestido!

— Ah, obrigado! Comprei em um brechó aqui do bairro! Custo só vintão! Mas e você! Cortou o cabelo! Esse corte em camadas deixou os seus cachos ainda bem mais valorizados! — Responde retribuindo o elogio! — Ah, meu cabelo tá muito grande! Se eu pudesse iria nesse mesmo salão! Mas não estou disposta a sacrificar um rim apenas para cortar o cabelo!

— Ah... Para com isso! Você fala assim como se eu tivesse uma árvore de dinheiro em casa. E não é bem por ai! Isso sem contar que o seu cabelo é perfeito, e eu ainda acho que não deve cortar! E outra eu posso dar meus dois rins e um pulmão que nunca o meu cabelo chega aos pé do seu! Por isso se alegre, mulher! — responde girando a chave de ignição.

O carro deu a partida e seguiram a viagem por um tempo em silêncio, cada uma com os seus pensamentos, Tânia pensava que só o loo básico da Mônica que era uma calça Jeans, uma bata bordada e um tênis plataforma custou mais caro que todo o seu guarda roupas inteiro; enquanto refletia a sua amiga ficava bonita em qualquer tipo de roupa, inclusive naquelas compradas em brechó, o seu corpo bem desenhado dava um caimento perfeito para qualquer peça!

ANJO VERDADEIROOnde histórias criam vida. Descubra agora