ROSALYN- taekook

Nicotina

Rosalyn brincava com os gatos por entre os vasos de plantas sob o olhar cuidadoso de Jeongguk, que segurava um cigarro entre os dedos enquanto soltava o vapor lentamente de dentro de seus pulmões, sentado em um banquinho perto da porta de casa.

Cigarro eletrônico não era a mesma coisa que o comum comprado no mercado de esquina, mas continuava sendo um cigarro e tinha uma dose significante de nicotina, isso bastava por agora. O vapor gelado descia pela traqueia tão satisfatóriamente que seus nervos se acalmavam de modo instantâneo e o estresse da longa manhã quase se esvaia, por vezes desejava mais, mas pensava em Rosalyn e o exemplo que estaria dando a ela se continuasse com seu hábito assassino.

Estavam esperando a chegada de Taehyung, e ainda não conseguia acreditar que ele havia mesmo dito sim a sua proposta. Analisando toda a situação, era muito complicado sair cedo da cidade e quase atravessar o estado para chegar até ali, onde o sol nascia ao meio dia.

Jeongguk não conseguia tirar da cabeça o abraço apertado que o Kim lhe deu, aquilo foi muito carinho em resposta a tanta coisa ruim que fez contra ele. Jamais se perdoaria por tê-lo abandonado, mas essa sua mágoa por si mesmo não muda o passado, e só lhe resta dar um jeito de contar tudo o que aconteceu a Taehyung, e tinha que fazer isso logo, já estava prolongando demais.

—Cheguei, Rosalyn!!

A voz grave soou da ponte de madeira. Taehyung estava em pé, segurando sua típica maleta e com a mão livre acenava para Rosalyn, que largou tudo o que segurava e correu em sua direção sem se preocupar se suas mãos sujas iriam deixar manchas no cardigã bege do seu professor, quando abraçou sua cintura e confessou ter sentido saudade. Essa seria sua quinta aula, e ela parecia gostar cada vez mais do professor.

—Taehyung-ssi, vamos ver os brotinhos, estão no sol agora!

—Vamos, me deixe cumprimentar seu pai antes — riu da animação da pequena e caminhou em direção a Jeongguk de mãos dadas com ela.

—Boa tarde! — sorriu. — Seu tornozelo está melhor?

Perguntou com uma pitada de preocupação na voz, só deus sabia o quando ele queria sentar ali e cuidar daquele machucado, sabia que por mais resistente a dor Jeongguk fosse, ele ainda apreciava e gostava muito de afeto e saber que estava sendo cuidado por alguém que se importava com ele.

—Ainda está dolorido, me desculpa por não ter ido buscar você nas últimas aulas, ainda não consigo andar sem sentir dor.

O pedido de desculpas soou sincero, e o moreno sentiu vontade de dar mais uma tragada no cigarro para tentar acalmar seu nervosismo por estar perto do Kim e parecer um pouco mais normal. Ultimamente estava se sentindo um trapo.

—Sem problema, sei caminhar pelos becos daqui muito bem!

Até então, o Kim estava meio agachado, já que Jeongguk estava a um nível mais baixo, e sem ter mais o que dizer endireitou-se e anunciou que estava entrando com Rosalyn para começar mais uma aula. Mas antes é claro, ele foi ver os pequenos brotos de caule que já estavam saindo das semente de girassol, Rosalyn estava amando toda aquela experiência, era mágico para ela ver uma planta crescer, principalmente uma que ela mesmo plantou.

O pai é quem precisa aguentar ela falar sobre os girassóis dia e noite, e sobre matemática básica e o ciclo da água. Quando ele faz chá, ela fala sobre como a água está “virando nuvem” e o quanto isso é um máximo. Vê-la tão feliz e animada o deixava satisfeito, preenchia a alma e fazia tudo valer a pena.

Depois da aula Rosalyn iria para a casa dos avós maternos onde ficaria até o dia seguinte, e Jeongguk teria um tempo com Taehyung, só não tinha certeza se poderia acompanhá-lo até a estação de trem por conta do tornozelo. Maldito dia em que caiu da escada, isso reduziu drasticamente seu desempenho e já não conseguia cuidar tão bem de todos os detalhes da casa e do trabalho.