Camadas

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O coração palpitante de Jeongguk parecia estar mais perto a explodir a medida que o céu ganhava cor escura, o cair lento da noite apagando o brilho do poente.

Eles regressaram a casa de Taehyung bem mais tarde que o previsto. Depois do parque, foram comer churros e tomar sorvete, e após isso Rosalyn quis ver os jardins com mais flores coloridas possíveis para se inspirar em seu próprio futuro jardim, e colhendo algumas flores fez um lindo buquê para o pai e Taehyung.

De longe enquanto brincava os observou conversando, achou suspeita a proximidade e pensou sobre a possibilidade de eles estarem voltando com a amizade do passado. Ela enxergava nitidamente nos olhos do pai o quanto ele se importava com o professor, os olhos focados e cheios de um amor que brilhava e preenchia seu rosto expressivo, o sorriso lutando para se mostrar nos lábios pressionados para qualquer coisa que o Kim fizesse ou falasse, parecia que tudo o que fazia era incrível e inédito, e era, porque o que importa é que vem de Taehyung.

Quando estavam tomando sorvete seu pai levou um pouco do seu até a boca do Kim dizendo ser o melhor de todos e o outro ficou com as bochechas mais vermelhas que morango maduro, em alguns pequenos instantes eles ficavam tão imersos um no outro que esqueciam da tentativa falha e inútil de fingir que não tinham uma relação bem mais íntima em frente a Rosalyn. Aquilo, na verdade, era uma tentativa de não deixá-la confusa, ver seu pai tão próximo de seu professor, do jeito que era próximo de sua mãe poderia ser chocante para uma criança de seis anos, pelo menos era o que pensavam.

Ela naquele momento estava na cama do quarto de hóspedes a beira de um sono profundo e aconchegante, suas pernas e braços estavam tão pesados, era como ter sacos de arroz amarrados neles, brincou como nunca havia feito antes e se perguntou quando poderia fazer tudo outra vez, se lembrava apenas vagamente da última vez que conversou com outras crianças, mas diferente da daquela, essa havia sido uma experiência muito confortante e agradável.

Taehyung entrou na varanda encontrando um Jeongguk obviamente nervoso encostado no parapeito, seu contraste com a noite que recém chegou era tão perfeito quanto se recordava, a camisa preta de mangas longas e a calça moletom faziam parecer que aquela era só mais uma noite qualquer de um dia comum do qual eles iriam curtir e se preparar para acordar cedo na manhã seguinte.

— Toma um pouco de vinho, acho um ótimo jeito de começar uma conversa.
Sugeriu ao moreno, que só então se deu conta de que já estava ali.

O nervoso que sentia não era tão ruim, era mais como uma ansiedade para o que vinha depois desta noite, se tudo ficasse claro eles poderiam ser ainda mais eles mesmos, sem ter tantas interrogações na mente.

Quando aceitou dar aula a Rosalyn, um dos seus objetivos era isso, finalmente estavam ali para esclarecer tudo.

— Vou ser bem direto Jeongguk. — sentou-se numa das cadeiras da varanda, com o rosto em direção ao horizonte. —  Quando eu decidi fazer faculdade pensei que todas as relações que estabeleci até ali nunca iriam mudar, que era possível que tudo continuasse o mesmo embora as conversas fossem com muito menos frequência. — suspirou pesado em meio a fala. — Eu percebi estar errado logo no primeiro mês, quando não recebi nenhuma ligação sua.

— Eu peço desculpas por isso, sei que… — foi cortado por Taehyung, que levantou a palma da mão em um pedido silencioso para ter a palavra.

— Antes de tudo, eu gostaria que soubesse que apesar de tudo, não sinto raiva de você, mas ainda assim isso me gerou feridas e foi muito complicado na época. Estando em outra cidade, num lugar que nunca estive antes e convivendo com pessoas que jamais vi, foi um tanto desgastante porque eu pensava que teria seu apoio o tempo todo, então passei anos vivendo uma vida muito solitária por causa disso.

ROSALYN- taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora