Punição

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Bianca Andrade's point of view.

Caminhei em passos lentos ao lado de Diogo até a entrada da Melim Enterprise. Ele me olhou de canto, e lançou um sorriso feliz. Na noite anterior fizemos as pazes, logo após eu ter chegado do Sky Room. Meu marido já estava em casa, deitado em nossa cama enquanto assistia os comentários do jogo que havia saído para ver. E eu, como boa esposa, dei ao mesmo o carinho que tanto ele havia pedido na noite anterior. O que rendeu um homem bem humorado no dia seguinte, a ponto de realizar um pequeno pedido meu.

- Tem certeza que não quer que eu peça para alguém do RH fazer isso? – perguntou, enquanto acenou para um dos funcionários.

- Tenho, meu amor.

Passamos pelo sistema de identificação biométrica na entrada, recebendo alguns olhares discretos. Na M.E os funcionários sempre mantinham em uma postura séria, sem demonstrar qualquer tipo aparente de distração. Tudo se devia aos supervisores rigorosos, a mando de Diogo. Atravessamos a ala principal da entrada, caminhando em direção aos elevadores do outro lado. Dois dos três elevadores estavam ocupados, dando a escolha do que estava na lateral esquerda. Não demorou muito, e logo estávamos no ultimo andar, onde ficava a sala de meu marido. Aquela área ficava reservada unicamente para sua sala, tendo divisória somente para a mesa da secretaria, que até o momento estava completamente vazia.

Atrasada, que ótimo.

- E depois diz que não tenho razão. – falei ao deslizar a ponta dos dedos sobre a madeira fria da mesa de Clarice.

Diogo me lançou um olhar, que dizia "você está exagerando". Mas logo virou-se em direção a sua porta, entrando em sua sala. Caminhei rapidamente sobre meus saltos finos, logo atrás do mesmo. Meu marido largou sua pasta de couro marrom sobre a mesa, e então desabotoou os três últimos botões de seu paletó, na cor azul marinho, sendo coberto por linhas finas de giz. Ele sentou em sua cadeira, e deixou sua atenção se roubada pelos papeis que estavam sobre a mesa. Eu me aproximei do mesmo, levando as mãos até seus ombros onde apertei devagar.

- Não vou demorar muito aqui, ok? Tenho que ir para a galeria com Mari. – disse, depositando um beijo na nuca dele.

- Tudo bem, querida. Eu também tenho uma serie de reuniões hoje.

Diogo olhou para fora da sala, provavelmente a procura de algum sinal de Clarice. Levantou parcialmente o braço para olhar as horas em seu relógio de ouro, já passava das oito e nem um sinal.

- Ela nunca se atrasa.

- Mari me contou que viu ela no Sky Room ontem. Deve estar de ressaca.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ouvimos o barulho do bipe do elevador. Dando espaço para uma Clarice apressada, e um tanto desajeitada. A mulher ainda tinha o rosto com leves marcas de quem havia acabado de acordar. Seu uniforme contava com ondulações amassadas de puro desleixo.

- Desculpe a demora Sr. Melim. – disse assim que pôs os pés dentro da sala.

Diogo fitou a mulher por alguns segundos, assim como eu. Deslizei os finos dedos sobre os ombros de meu marido, enquanto analisava a postura de Clarice a nossa frente. A imagem de Rafaella agarrada naquela mulher se desenhou em meus pensamentos, fazendo-me expulsar qualquer tipo de dó que eu poderia ter.

- Clarice, eu quero que você passe no RH. Nós não vamos mais precisar de seus serviços.

A mulher deixou que seu queixo caísse em surpresa, não esperava por tal noticia aquela hora da manhã. Eu respirei fundo, erguendo a cabeça em uma postura firme.

- O que?

- Exatamente isso que ouviu.

- Mas senhor, eu sei que me atrasei e sinto muito.

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