XEQUE-MATE

Resgate

Bianca Melim's point of view.

O barulho de nossos saltos ecoava pelos corredores vazios daquele galpão. Caminhei à frente, tendo Ivy e Mariana seguindo logo atrás. Um dos capangas nos acompanhava para prestar os serviços solicitado por nós. Encarei ambas as mulheres assim que paramos diante a porta grossa de metal; elas assentiram brevemente, e então encarei o rapaz.

- Pode abrir. – ordenei.

- Sim, senhora.

O homem aproximou-se da porta, retirando o molho de chaves de seu bolso e, rapidamente tratou de destrancar a porta que rangeu ao ser empurrada lentamente por mim.

- Pode ir dar uma volta. Chamamos você se precisar. – murmurei ao rapaz que alternou seu olhar diante das três mulheres a sua frente.

- Como quiser. – disse antes de se retirar.

Mariana adentrou a sala escura, sendo seguida por Ivy e depois por mim. A morena estava incrivelmente bela para aquela situação, como se para minha melhor amiga aquele plano também fosse um ato para ser comemorado e deliciado da melhor maneira possível. Ela gesticulou com o dedo indicador em meio à penumbra do lugar, sinalizando que deveríamos fazer silencio. Eu assenti lentamente, e caminhei para o centro da sala. Ivy se aproximou da parede, próximo a uma caixa de controle. A mulher abriu a tampa, e de forma delicada girou o interruptor, acendendo o foco de luz sobre o corpo do homem preso a uma cadeira de ferro no centro daquela sala fria.

Bruno.

O homem estava devidamente amarrado com as mãos para trás, tendo seus olhos vendados com um pedaço de pano preto. Talvez ele estivesse desacordado, pois seu corpo pendia para frente. Um sorriso vitorio e satisfeito nasceu em meus lábios no exato instante que tive aquela imagem a minha frente. Caminhei lentamente, deixando que o barulho de meus saltos fossem o único efeito sonoro daquele lugar.

- Vamos acordar ele agora. – Mariana exclamou.

Ela e Ivy seriam as únicas a falar naquele momento, eu apenas assistiria ao show como uma perfeita espectadora assistia seu programa de TV favorito. Eu não poderia me dar o luxo de participar, mesmo que a vontade fosse tamanha. Então, puxei uma outra cadeira, colocando de frente para a dele, há alguns metros de distancia. Sentei-me sobre ela, e cruzei as pernas delicadamente, enquanto repousava a pistola dourada sobre meu colo.

- Está na hora de acordar, querido. – Mariana soltou sarcástica ao puxar os dreads de Bruno. – Chegou agora de conversar.

Assim que as mãos de Mariana deixaram o cabelo do homem, sua cabeça pendeu para frente, ainda desacordado. Ivy me lançou um olhar intenso, então fui até o outro lado da sala, talvez um banheiro. Me permiti analisar o corpo do homem a frente; ele estava lá há alguns dias, mais precisamente desde o momento que deixei a Suíça acompanhada de Rafaella.

- Infeliz está totalmente apagado. – Mariana resmungou ao dar alguns pequenos tapas no rosto do mesmo.

- Uma péssima vilã, Mariana. – sussurrei, fazendo a gesticular novamente para que eu fizesse silencio.

Antes que eu pudesse murmurar em protesto para a jovem mulher, Ivy se aproximou rapidamente, e despejou um balde com água fria sobre a cabeça de Bruno que despertou em desespero em meio a uma crise de tosse.

- Acorda, porra! – exclamou em uma ordem severa, arrancando-me um sorriso satisfeito. – Acabou a brincadeira.

Mariana a encarou de olhos arregalados, e Ivy lhe lançou um pequeno beijinho no ar. Eu apontei para Ivy e assenti como quem dissesse "Assim que tem que ser." Mariana apenas meneou com a cabeça em um sinal negativo e se aproximou de Bruno.