Na casa de Miguel, parti logo para o que interessava. Em algum momento eu teria que saber se ele estava psicologicamente bem pelo que houve naquele maldito quarto, mas não podia fazer isso agora — não enquanto antes não tirasse a pedra do meu caminho.
— Você conhece a camareira? — indaguei meticulosamente, em pé diante de Miguel. — Aquela senhora de cabelo grisalho?
Miguel estava sentado na cama, olhando para mim. Tinha acabado de sair do banho, e, mesmo em meio ao meu devaneio mental, consegui apreciar o seu cheiro amendoado. Isso foi bom para afastar o odor enferrujado que estava impregnado às minhas narinas.
— Sim. Ela se chama Amélia.
Trinquei os dentes. Puta merda. Eles são amigos.
— O que houve? — Miguel perguntou, notando minha indignação por trás da máscara.
— Ela me viu saindo do quarto — respondi, indo até a mesa, onde apertei a borda com as mãos, pensativo. Meu rosto continuava no rapaz. — Você sabe a localização da casa dela?
Ele quase se engasgou.
— Sei. Já fui lá uma vez.
— Ela é casada?
— Não. Não que eu saiba.
— Mora com alguém?
— Não.
— Tem filhos?
Ele ficou espantado com minhas perguntas apressadas.
— Sim, mas ele está em outra cidade. Tudo o que Amélia tem é uma neta, e ela está aqui com a mãe.
— Sabe o nome da garota?
Miguel se esforçou para pensar.
— Letícia.
— Certeza?
— Sim. Amélia vai visitá-la em alguns finais de semana.
Como fiz no elevador, regulei a minha respiração. Eu só poderia pensar com clareza se estivesse totalmente em paz.
— Quando o turno da camareira termina? — perguntei.
Ele hesitou. Seu olhar arregalado manifestava seu temor por algo, embora não soubesse exatamente o quê.
— Por favor, Miguel, me responda — exigi. — É importante.
Miguel inspirou fundo e pegou seu celular do bolso. Olhou para mim um segundo depois.
— Daqui a meia hora — ele me disse.
Soltei a madeira da mesa.
— Me leve até a casa dela.
Fiquei grato por ele não ter demorado a se levantar da cama.
No minuto seguinte, eu já estava na estrada com Miguel. Ele me passou o endereço assim que entramos no carro. Eu teria que agir contra o tempo. Em algum momento, talvez daqui a poucas horas, o pessoal do hotel encontraria o corpo de James. Ele era o gerente — era fácil alguém notar sua ausência. Uma investigação se desencadearia assim que a polícia o achasse. O futuro era fácil de ler.
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INTENSÉMENT (temporada um)
RomanceMiguel Duarte é um rapaz de vinte e quatro anos que tem uma vida muito simples e solitária. Sem contato com seus pais e sem uma graduação, sua única rotina é trabalhar em um hotel luxuoso localizado próximo à sua casa. Certo dia, numa madrugada de d...