Kingdom • Jikook

C.22

Yibo, não era um homem descuidado, mas seu companheiro o deixava disperso por várias vezes. Então, quando Jimin o pegou naquela situação, foi que percebeu seu erro.

Era um insolente, um perverso. Jimin deveria pensar o pior dele, mesmo antes de virarem íntimos.

— Sinto muito, hyung...

— A culpa foi minha, deveria ter avisado que viria. — Não conseguia o olhar nos olhos, estava constrangido.

— Você não consegue nem me olhar, deve estar enojado, não? — Yibo conhecia e sabia pouco sobre o irmão, e seus relacionamentos não eram muito comentados.

— Só estou constrangido — sentou perto das árvores, apreciando o vento gelado em seu rosto. — Não esperava ver meu irmão tão exposto no terceiro dia que nos conhecemos.

— Podemos esquecer o que aconteceu? — perguntou ansioso.

Jimin tinha tantas perguntas, e respostas para ele, que logo mudou de assunto, esclarecendo tudo que levou a se afastar de sua família quando seu pai veio a falecer. 

Queria saber mais sobre o irmão e o que viveu até chegar a sua antiga casa e com filhos. Era maravilhoso ser tio e ter o irmão por perto, mas tantas informações o impedia de aproveitar sem preocupações àquele momento. 

Sem perceber, já havia agarrado a mão do irmão enquanto ambos choravam. Todos aqueles anos separados e sofridos, queriam tanto esquecer.

— Foi tão difícil, mas Zhan me ajudou ter uma vida agradável. Ele me ensinou o que família significa e me trouxe para te encontrar. — Yibo tinha tanto medo do irmão o rejeitar após tanto tempo, que aceitou a ideia de não o procurar. Agora percebia ser tolice, seu irmão continuava adorável e fofo.

— Não queria te afastar daqui, mas o papai transformou nossa vila em um campo de guerra. Era perigoso manter meu pequeno irmão aqui... — ele tentava não deixar toda saudade escapar de si em forma de lágrimas. 

— Soube que arrumou outro irmãozinho enquanto estava fora — Yibo fez beicinho, limpando as lágrimas do próprio rosto. — Fiquei muito curioso com a aparência dele. Deve ter sido difícil cuidar de outra pessoa e limpar a bagunça que o papai fez!

— Sim, eu fiquei confuso por um tempo com tantas responsabilidades. E Jeongguk não é um irmãozinho. É um rapaz muito precioso embora.

— Seus olhos transmitem o carinho que sente por ele, hyung. Agora estou mais curioso, aposto que ele é fofo — Yibo observou o rosto de seu irmão retrair antes de se tornar uma mistura de dor, carinho e saudade. — Onde ele está? O menino está bem?

— Sim, não se preocupe. Ele só esteve fora por um tempo.

Zhan se aproximou com um sorriso culpado e uma bandeja, os serviu com calma. Estava com seu olhar diferente do habitual, era muito divertido e amava pregar peças em seus amigos. Mas, diante  de seu cunhado, estava muito sério.

Era uma testemunha, afinal.

— O menino fez uma coisa muito errada, né? — Sua voz carregava raiva. — Eu não o culpo, acompanhei de longe a manipulação daquele velho venenoso.

Era uma surpresa, aquele que era amante de seu irmão, parecia saber mais do que aparentava. Ainda sim, por que ele queria falar sobre, agora que Jungkook retornou?

— O menino sofreu muito, antes de tomar a decisão errada. Aquele homem soube lidar com a mente confusa e o coração nublado dele, toda palavra parecia enterrar o mal dentro dele. Às vezes ele saía de noite e chorava por horas, outras só o observava de longe e escrevia num diário.

— Zhan! — Yibo não esperava que ele revelasse para Jimin, alquilo só deixaria exposto que eles eram espiões também!

— Vocês sabiam? — Jimin estava tão cansado de pensar naquele dia. Ele não estava surpreso de ter outro espião, já esperava isso, mas não de seu irmãozinho. — Há quanto tempo você me observa?

— Eu parei depois do incidente, queria ter certeza que Yibo estaria perto de boas pessoas se voltasse. 

— Entendo...

— Se quiser saber todos os detalhes, posso te contar ou apenas encontre o diário dele. — Para Zhan, o menino jamais se abriria para aquele homem, já que tomou a decisão errada.

— Não é necessário, obrigado. 

— Hyung, sei que gostaria que tivéssemos impedido mas–

— Não era sua responsabilidade, eu deveria ter percebido desde o início, fui muito desatento. É minha culpa — deixou a xícara de lado, limpando a poeira de suas roupas. — Vou deixá-los descansar, preciso encontrar uma amiga.

Os amantes trocaram um olhar preocupado, não sabendo ao certo se deveriam deixar o homem ir. Queria ajudar, mas já atrapalharam demais.