Cap 3 - Recuo

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- E então, acabaram o treinamento? – Ele chacoalhava o cabelo e se recompunha da corrida da entrada no dojo. – Sorte que cheguei a tempo, antes de sofrer mais com a água pesada. – Já pensaram no jantar?

Kenshin ergueu os ombros, relaxado, rosto em uma dúvida polida, não deixando de mirar mais uma vez a íris oceano da instrutora.

- E o que você está pensando? Que somos seus cozinheiros particulares? Ou que isso é um restaurante? – A Kamiya partia para cima do garoto prestes a estapear as suas costas. – Pois faça por merecer , pirralho. – Ela mostrou o punho para ele e sorriu, divertida, encarando Kenshin ainda com um sorriso encabulado e incontido. – Podem começar os preparativos, eu volto logo para ajudar.

Ela ainda olhou mais uma vez para trás antes de correr para o banho, com um belo e discreto sorriso exclusivo para o ruivo; em seguida se virou e enfrentou o peso da chuva até chegar ao ofurô.

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O espadachim tratou de ir para a cozinha, seguido de Yahiko.

Cada um se encarregava de descascar legumes e limpar peixes; tarefa de Yahiko e Kenshin, respectivamente.

- O que foi aquilo? – O garoto o cercou próximo à pia, de olho na faca e também no semblante do rurouni.

- Aquilo? – Kenshin parecia mal ouvi-lo, concentrado , aparentemente, em seu atum.

- Vocês dois...Como terminaram o treino aqui e sozinhos...?- O menino coçava o queixo, observando seu interlocutor. – Eu vi os olhares estranhos sem motivo aparente ...- Os olhos surpresos encaravam Kenshin , ainda ocupado com o peixe.

O homem parou e observou o jovem aprendiz. Olhos tranquilos e quietos sustentando a curiosidade do jovem.

Yahiko explodiu.

- Vocês estão juntos! – Ele deu um grito sussurrado, apontando para seu amigo. – Finalmente estão juntos e não conseguem nem esconder os sorrisos! – O garoto parecia ter descoberto o melhor segredo do mundo.

Uma faca com escama de peixe pousou numa tábua de bambu. Um ex-hitokiri o olhava, curioso.

- Finalmente. – Ele desfez a severidade e abriu um misterioso semi-sorriso , mas adicionou, limpando o peixe com perícia. – Somente seja discreto. – Ele novamente buscou o olhar do rapaz, voltando a ficar benevolamente sério e demandando uma resposta afirmativa pela expressão de seu olhar.

- Haai! – Yahiko se empertigou como quem recebesse uma missão de honra especial, fazendo questão de aparentar confiança. – E meus parabéns, Kenshin. Espero que sejam felizes. – O rapaz sorria , genuinamente contente.

O samurai continuou sorrindo enquanto se preocupava em fazê-lo ajudar com alguns rabanetes.

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E assim Kenshin tinha um novo desafio à sua frente: controlar sua vontade de beijar Kaoru até que ficassem sem ar toda vez que a via.

Manter seus desejos sob controle estava sendo uma tarefa difícil , já que todos os seus impulsos tomavam conta de seus pensamentos devido ao estreitamento de suas relações com a bela Kamiya.

E tudo isso só se complicava.

Durante os dias seguintes ao fatídico beijo eles treinavam juntos, cozinhavam juntos, continuavam a trocar sorrisos e olhares mas, por mais que passassem muito perto, não haviam repetido o tão desejado toque. Ela se distanciava tanto física quanto metaforicamente dele.

Até meu último diaOnde histórias criam vida. Descubra agora