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“Não posso. Tenho ensaio em vinte minutos.”  Fico em pé, mas não a
acompanho até a porta.

“Pode ir. Preciso dar uma olhada na agenda antes de sair. Não lembro que dia é a minha próxima reunião com a professora assistente.”

Outra “vantagem” de estar na turma de Tolbert: além da palestra semanal,
somos obrigados a fazer duas seções de trinta minutos por semana com a
professora assistente, Dana, que pelo menos tem todas as qualidades que faltam a Tolbert. Como senso de humor.

“Beleza” ,diz Nell.

“Vejo você depois.”

"Até mais”, respondo. Ao som da minha voz, Justin para na porta e vira a cabeça. Ai. Meu. Deus. É impossível não ficar com a cara toda vermelha. É a primeira vez que fazemos um simples contato visual, e não sei como responder. Digo oi? Aceno? Sorrio?
No final, decido-me por cumprimentá-lo com um pequeno aceno. Pronto. Descontraído e casual, condizente com uma universitária sofisticada do terceiro ano.

Seus lábios se curvam num leve sorriso, e meu coração dá um pulo. Justin
acena de volta e vai embora.
Fico olhando a entrada do auditório vazia. Meu pulso dispara porque puta merda. Depois de seis semanas respirando o mesmo ar neste lugar abafado, finalmente Justin notou que existo.

Queria ter coragem o suficiente para ir atrás dele. Talvez convidá-lo para um
café. Ou um jantar. Ou um café da manhã… espere aí, gente da minha idade toma café da manhã? Mas meus pés fincam no piso laminado e polido.
Porque sou uma covarde. Isso aí, uma covarde total e completa. Tenho pânico de que ele diga não — mas mais ainda de que diga sim.

Quando comecei esta faculdade, estava tudo bem na minha vida. Com meus
problemas deixados para trás e a guarda baixa, estava pronta para ficar com outras pessoas. E foi o que fiz. Saí com vários caras, mas, tirando meu ex-namorado, Devon, nenhum deles fez meu corpo formigar como Justin Kohl, e isso me tira do sério. Um passo de cada vez. É assim mesmo. Seguir em frente com um passo de cada vez. Era o conselho preferido da minha psicóloga, e não posso negar que a estratégia tenha me ajudado muito. Se concentrar nas pequenas vitórias, era o que Carole sempre dizia. Então… a vitória de hoje… Acenei para Justin, e ele sorriu para mim. Na próxima aula, talvez eu sorria de volta. E na outra quem sabe eu não levanto a ideia do café, do jantar ou do café da manhã. Respiro fundo e desço o corredor, me agarrando a essa sensação de vitória, por menor que seja. Um passo de cada vez.

O Acordo ( minha leitura) Where stories live. Discover now