A criação do plano-quase- perfeito, parte 2

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Oii voltei, vamos tomar vergonha na cara e criar um roteiro para isso? Quero colocar camadas e criação nelas.

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Nunca pensei que fosse ficar com insônia nessa madrugada. Meu cérebro e meu corpo simplesmente decidiram que não era o momento para descansar devido a grandiosa ansiedade crescente dentro de mim sobre o pedido que planejei fazer à April. Estava eu, agora, agarrada aos meus travesseiros com os olhos vidrados no celular passando os dedos na galeria de fotos com as imagens de April( algumas sem ela perceber) e meu coração aquece ao ver o quão bonita e fotogênica ela é. É tudo tão natural que eu fico embasbacada.

Meus dedos param em uma foto especifica, onde ela está tomando um picolé com imensa graça sem derrubar nada em sua camiseta regata de algodão, e sua sobrancelha estava franzida em concentração, lembro-me que nesse dia ao contrário da destreza dela, o meu estado estava pior, cheio de sorvete derramado em meu queixo e calça jeans, e tive que esperar ela passar um guardanapo em meu rosto igual quando uma criança se bagunça toda e a mãe fica irritada tendo que limpar.

Ah, o que dizer exatamente sobre o sábado mais interessante que já passei em minha vida..

Esse dia somos ao parque mais afastado da cidade em busca de silêncio do mundo ao nosso redor e de um momento a sós sem os olhos de terceiros, e foi incrível, como sempre fui buscá-la em sua casa, dessa vez com o vidro do carro aberto por conta do calor  e estremeci em surpresa ao encontrar sua irmãzinha demoníaca andando no gramado com uma barbie de asas. Aperto as mãos no volante ao lembrar o sufoco que aquele ser pequenininho me fez passar.

Ela obviamente percebe que eu estava ali e sorri cinicamente, eu percebo muito bem esse sorriso, ainda mais com os dentes tortinhos, Blair já fez isso várias vezes quando era criança e nunca saia coisa boa um tempo depois. Ela acena com o braço da boneca para mim lentamente e eu  forço um sorriso que saiu mais como uma careta e nos encaramos atentamente, com certeza ela deve estar imaginando mil formas de extrair dinheiro de mim. Até parece que a mãe dela não enche a poupança ds menina todo mês.

Ela se aproxima saltitante. “Você está esperando por April?”

Cautelosamente eu aceno.

“Uh, sim.” Digo de forma lenta. “Onde ela está?”

A garotinha revira os olhos e enruga a testa como se tivesse lembrado de uma cena torturante em sua mente. “Provavelmente trocando de roupa pela milésima vez, ela está chata hoje.”

Estico meu braço para capturar meu celular que estava guardado em meu bolso da calça. “Vou mandar uma mensagem.”

De repente ela grita em negação e praticamente pula para frente do vidro tentando me impedir. “Espera! Não faça isso!”

Claro, obviamente eu me assustei pra caralho e quase deixei cair o celular no chão do carro. “Jesus Cristo! Vai assustar assim longe de mim!” Respiro fundo e depois de acalmar, acho estranho essa repentina mudança de comportamento vindo dela. “Por que está me dizendo isso?”

A menina nada diz diretamente, apenas sorri.

Aquele sorriso que me deixa com uma pulga atrás da orelha. “Nada demais, ela só avisou que era para te falar para entrar em casa e subir até o quarto dela, quando chegasse.”

Ela está sendo muito gentil hoje, o que rolou? “Humm...” Murmuro cheia de incerteza. Ela apenas pisca os olhos rapidamente. “Sério que ela disse isso?”

“Seríssimo!” Exclama levantando as mãos levando a boneca junto, agora esquecida. “Por isso estou aqui fora.”

Coço a nuca. “Mas por que ela ia querer que eu subisse?” Indago mais para eu mesma e ouço ela bufar alto em chateação.

“Sei lá! Você vai entrar ou não? Ela odeia ficar esperando.”

Depois dessa frase eu imediatamente me arrumo e saio do carro, me lembro muito bem como fica uma April irritada e se ela disse mesmo para eu entrar, quem sou eu na fila do pão pra recusar? Ajeito minha jaqueta jeans no ombro. “Onde está sua mãe?”

Charlotte me acompanha lado a lado até a porta da frente. “Vou ficar com a babá hoje.”,

Minha garganta coça para perguntar mais coisa pois meu espírito de fofoqueira ainda perpetua, mas me contenho. “Certo.” Me limito a dizer. Ao entrar na sala, suspiro e olho para as escadas. “Vou indo então.” Aponto para cima.

“Ah! Não faça barulho, tente entrar silenciosamente, ela gosta.”

Faço um joinha com o dedo admirando muito a boa vontade e momento de trégua entre nós, vai ver eu estava imaginando coisas e Charlotte realmente é apenas uma criança boa que procura ajudar os outros, nesse momento lógico, me ajudando. Subo as escadas com força renovada tentando soar o mais silenciosa possível, passo a palma da minha mão suada na costura do jeans e respiro fundo. Mesmo encontrando com April em praticamente todo lugar, ainda torna-se uma experiência única encontrá-la, cada dia tenho uma reação diferente. Ao ficar próxima da porta do quarto dela, posso ouvir uma música pop ecoando lá dentro, melhor ainda, pois assim posso abrir a porta sem interferências.

O quarto de April é literalmente... April. Sério, além da cama gigante, seu quarto é baseado em livros, fotos de viagens e um computador do mais atual cheio de material escolar do lado, além de post it colados em uma parte da parede, as cores em tudo no quarto misturam um laranja fraco com branco, e está sempre arrumado, bem mais que o meu, a diferença que hoje pude ver várias roupas e sapatos jogados na cama e no chão, mas nada de April. Fecho a porta em um clique suave e balanço meus pés no chão, sentindo-me como uma intrusa.
Ouço barulhos mesmo com a música alta, vindo do closet que ela tem, e meu sorriso torna-se contagiante ao saber que encontrei quem estava procurando. Vou andando em passos lentos e calmos, até vê-la de costas para mim vasculhando algo em uma de suas peças de roupas no cabide, notavelmente alheia a minha presença.

Mas minha respiração engata com a incrível e surpresa visão que estava tendo, além de April. Além da presença dela ali, meus olhos vagaram para uma questão um tanto... intrigante com ela consideravelmente sem roupas no corpo, apenas sendo coberta por um conjunto lindo, diga-se de passagem, de um sutiã e calcinha pretos. Meu cérebro estava entrando em curto circuito agora, sem brincadeira, posso sentir até minha boca aberta, nunca em toda minha vida imaginaria encontrar April... assim, será que ela estava querendo me fazer uma surpresa? Digo, a irmãzinha dela mesma disse que ela pediu para que eu subisse, com certeza não pediria atoa.
Engulo a saliva se acumulando em minha boca, ficar encarando April de costas é de certa forma bizarro, ainda mais parada aqui como um poste, e com toda a imensa satisfação pela incrível surpresa, diminuo os passos até seu espaço pessoal e envolvo seu corpo com um aperto firme em meus braços, colocando meu nariz em seu pescoço e sentindo o cheiro inebriante vindo dela.

“Oi.” Sussurro com a voz contida sentindo o calor de seu corpo em meus braços, sua pele estava quente servindo apenas para me deixar mais ansiosa. Mas surpreendentemente, não estava esperando essa reação contida vindo dela, seu corpo fica rígido e de repente sinto seu cotovelo em minha barriga, com uma força absurda.”Argh! Que porra- door!”

“AH! Vou chamar a polícia, fica longe de mim!” April se vira com uma expressão furiosa e depois se torna de reconhecimento, para continuar mudando para surpresa e dor.

“Puta merda!” Xingo pela dor e falta de oxigênio com devido a cotovelada dela. “April!!” Grito com uma careta em agonia e me inclino com o corpo para frente.

“Steling, meu Deus! O que diabos você está fazendo aqui? Eu quase infartei, achei que fosse um maluco stalker pervertido!” Exclama nervosamente com o rosto vermelho. “Droga, eu te acertei com força.” Morde os lábios e se aproxima colocando sua mão em meu ombro me olhando encolhida no chão. “Quer me infartar, é? Meu Deus..”

“Que...” Respiro fundo, minha voz ainda saindo como um chiado. “.. que ótima recepção. Ai.” Imagina levar um chute na barriga, só que piora mil vezes.

“Estou me sentindo culpada agora!” Seu rosto angelical transmite desconforto e ela se agacha para me olhar mais de perto. “Nunca mais faça isso, eu poderia ter feito coisa pior.” Seu tom de advertência com preocupação enche meus ouvidos.

“EXISTE coisa pior que isso?” Exclamo surpresa com os dentes cerrados.

“Vem, levanta, vou te levar pra cama.” Ela me ajuda a ficar em pé e eu estou me sentindo como as mulheres grávidas prestes a dar a luz, toda hora estou soltando respirações rápidas. “Eu faço aula de defesa pessoal desde os 10 anos, é lógico que poderia fazer coisa pior.” Responde a minha pergunta quando me ajuda a sentar no colchão macio.

“Porra, você é John Wick e eu não sabia?” Jesus, o que ela seria capaz de fazer com uma caneta?

“Não seja tola.” Ela praticamente esqueceu que estava apenas de roupas intimas. “Eu sinto muito, sério.” Seu tom de voz soa sincero e cheio de mágoa, ela realmente parece arrependida.

“Não foi nada.” Respondo de forma aguda, porque aquilo foi tudo, quase me custou um corpo novo, fico pensando a história nos jornais se eu morresse nessas circunstâncias.

“Para de mentir, deve tá doendo horrores ainda.” Indaga com convicção e eu estou prestes a perguntar como ela tinha tanta certeza quando fala primeiro praticamente lendo minha mente. “Eu sei disso porque acertei meu treinador uma vez e ele ficou no chão imóvel por bons minutos. Ele ensinou uma técnica para acertar um ponto em específico e imobilizar o agressor.”

“Caramba, como alguém tão baixinho tem tanta força?”  Era uma dúvida real, fica impossível dizer que April é uma versão da Mulher- Maravilha na vida real com esse tamanho dela, quando na verdade ela tem essa força guardada em algum lugar, é surpreendente.

“Não força.” Ela faz uma carranca fofa em seu rosto, eu sei bem como ela odeia ser chamada de baixinha, mas ainda é divertido tirá-la do sério. Ela franze o cenho. “Tá, mas.. O que você veio fazer aqui dentro?”

Como dizer exatamente? Bom, vamos lá.
“Ah,..” Coço a nuca. “Eu cheguei alguns minutos mais cedo e sua irmã disse para eu subir..” Resumo boa parte.

“Que pirralha sem noção.” Xinga sua irmã mais nova com tanta devoção que por pouco acho que elas são inimigas. “Eu vou ter uma conversa séria com ela.”

Sorrio amarelo e desvio meus olhos para a parede. Mesmo depois de todo esse desentendido, April ainda estava sem roupa, e seu corpo estava próximo ao meu no colchão.

“Quer falar mais alguma coisa?” Ela pergunta com carinho na voz e no olhar, talvez ainda sentindo-se culpada por me bater acidentalmente.

“B-Bom..” Coço a garganta. Tento encará-la, o que se torna um terrível erro pois meus malditos olhos não conseguem se manter parados sozinhos e sem que perceba já estou descendo o caminho até seu busto, observando o desenho do sutiã preto que moldava seu seio perfeitamente bem. “É idiotice agora, mas quando entrei no quarto pensei que você estivesse me fazendo uma pequena surpresinha.” Murmuro acanhada com o rosto em chamas e a inabilidade de tirar meus olhos ali de baixo.

“Que? Como ass-“ E como eu não estava sendo nem um pouco discreta ao olhar o sutiã de April, ela rapidamente vai de encontro ao meu olhar. “MEU DEUS!” Exclama alto sobre o som da música e minha visão é tirada de mim com seus braços se auto cobrindo. “ Sterling!”

“O-O-o que?” Seu rosto estava vermelho com uma mistura de raiva e vergonha e minha falta de reação apenas faz sua vermelhidão aumentar.

“Para de olhar! Vira o rosto pra lá.” Aponta para a parede no lado esquerdo com veemência.

“Que?”

“Só vira logo caramba!” Ela se levanta e imediatamente meus olhos acompanham seu corpo, sinto muito auto controle. “Sterling, vira!” Giro meu rosto sentindo minhas bochechas quentes. “Não acredito que você me viu assim..” Resmunga andando de um lado para o outro( acredito eu, já que não estou olhando).

“Não vi nada de errado, esse conjunto valoriza suas curvas-“  Tento amenizar a situação, o que se torna uma frase errada a se dizer pois ela me corta com mais raiva ainda.

“Cala a boca, vai.”

Eu estou a ponto de me virar indignada louca para retrucar. “Mas eu-Ai!” Meu resmungo sai abafado com o travesseiro sendo jogado diretamente em meu rosto.

“Dá pra esperar? Estou colocando uma roupa.” Ordena praticamente tentando calçar seu short de cintura alta com a camiseta fina.

“Foi mal.”

Não se engane, uma única olhada fora do lugar e capaz dela me dar um soco mais forte e dessa vez totalmente proposital.

“Pronto.” Anuncia e finalmente eu tenho a liberdade para vê-la  e sinceramente? Continua linda com roupa ou sem.

“Eu fico impressionada em como você fica bem com qualquer roupa.” Digo embasbacada com minha informação diante dela, aproveito para levantar e desamassar as minhas roupas. “Acha que o conjunto de roupas íntimas influencia? Quando se sabe usar um certo-“

“Melhor parar ai mesmo.” Levanta uma mão e é o suficiente para eu parar de divagar e engolir em seco. “Vamos descer logo.”

Eu faço beicinho. “Que? Não recebo nem um abraço do bem? Sem chutes?” Meu pequeno drama parece funcionar quando ela revira os olhos mas ainda sim sorri, e caminha até mim abraçando meu pescoço e bicando meus lábios.

“Só to fazendo isso porque ainda estou com a consciência pesada por te machucar.”

Sorrio abobalhada. “Se para ganhar um beijo e um abraço eu tenha que sofrer leves fraturas, que seja, eu aguento.” Abraço sua cintura puxando-a para mais perto.

“Você gosta de complicar as coisas. É só pedir, não tem que se machucar toda vez que quiser algo.” Diz baixinho e me sinto hipnotizada pela sua presença, inclino-me para baixo buscando o macio de sua boca mas ela se afasta. “Não, vamos logo pro parque, lembra? Marcamos o dia de hoje para isso.”

“Mas você disse que se eu quisesse te beijar era só pedir.” Respondo indignada com ela perto da porta, longe de mim.

Ela abre a porta e sorri ao me encarar. “E você por acaso pediu?”

Penso por alguns segundos.. droga, eu realmente não. “Bom ponto.”

“Eu sei.” Diz convencida e some pelo corredor, me deixando sozinha.

“Você ainda vai me deixar louca.” Falo para eu mesma me referindo a April, já que só estou eu no quarto. 

Nossa ida ao parque dessa vez foi feito sem interrupções, acabamos entrando em uma discussão saudável sobre estilos e gostos musicais depois de eu lembrar do tipo de som que não sabia ser o preferido dela( tocado no quarto). E o resto dele foi feito com brincadeiras e fotos desproporcionais.

“Esse sorvete é bom.” Comento comigo mesma, inerte dos acontecimentos ao meu redor. Estavamos sentadas em uma parte longe do centro do parque, em um banco de madeira pouco confortável, e como não sou boba nem nada aproveitei essa oportunidade para sentar-me o mais perto possível de April, como agora.

“Realmente.” Ela concorda comigo concentrada em olhar na paisagem verde e no som de alguns passarinhos cantando.

Um casal de idosos passa perto de nós aparentemente felizes em estar ali, e meu cérebro entra em dúvida já criando teorias e imagens minhas e de um certo alguém ao meu lado.

“Como você se imagina no futuro?” Acabo perguntando sem perceber.

April suga seu picolé e franze a testa. “Acho que já te contei sobre isso.”

Balanço a cabeça. “Não, sim, eu lembro, mas eu falo em questão... hum, romântica.”

“Ah, bem, desde criança eu me imagino casada e com filhos, quero ter uma família, lógico.”

“Sério?”

Ela se vira. “Provavelment- Sterling!!”

Seu tom repreensivo me faz pular da cadeira completamente assustada. “O que??” Minha cara de confusão estava amostra nesse momento.

April nada diz, apenas revira os olhos e com a mão desocupada retira um monte de papel toalha pequeno. “Você é muito desorganizada, sabia?” Questiona com falsa seriedade( espero), e eu ainda fico sem entender nada. Ela parece perceber e trata de explicar. “Você se sujou inteira com sorvete.”

Abaixo meu rosto para entender o que tanto ela estava falando até perceber que sim, de fato, eu estava totalmente suja no jeans. “Eita.” Ela se inclina e esfrega o sorvete derretido até achar que tirou quase tudo. “N-Não precisa, eu faço.”

“Shh, estou terminando já.” Anuncia depois de erguer a mão com um papel limpo e esfregando agora minha bochecha.

“Não sei lidar com sorvetes.” Brinco com uma risadinha, e ela retribui o sorriso. Agora estando um pouco mais perto, posso sentir sua presença com mais atenção. Fecho meus dedos em seu pulso parando seus movimentos e deposito um selinho demorado em seus lábios, pegando-a em surpresa.

“O que foi isso?” Questiona confusa.

Dou de ombros. “Estamos sozinhas aqui, acho que não é problema.”

“Ainda estamos em um local público.”

“O que quer dizer?”

Ela suspira. “Que a qualquer momento podemos encontrar algum conhecido.” 

“E dai?” Admito que não estava realmente pensando muito bem, mas foi nesse dia que realmente parei para me questionar isso e a iniciar uma longa linha de pensamentos sobre essa questão boba de manter segredo.

“E dai que seriamos o assunto da escola por toda a eternidade.” Responde como se fosse óbvio. “E nossos pais descobririam.”

Estalo a língua. “Meu pai não acharia tão ruim, ele preferiria isso do que me ver aparecendo grávida na adolescência.”

“Para você pode dar certo.”

“Sua irmã já sabe.” Pontuo.

“E eu ainda vou ter uma conversa séria com ela sobre isso.” Indaga seriamente e depois seu rosto se contorce em dúvida. “Por que estamos discutindo sobre isso? Você mudou de opinião do nada?”

“Que opinião?”

“De mantermos segredo sobre estarmos saindo?” Reproduz.

Me afundo no banco e passo meu braço do outro lado do encosto, onde April está, acabo sorrindo abertamente sem querer. “ Lógico que.. não.” Não mesmo, espero. “Por que diz isso?”

“Não sei, você está fazendo uns comentários estranhos sobre.”

“Imaginação sua.”, Na verdade estou apenas aproveitando meu tempo com April podendo ser afetuosa em um lugar mais público, e percebendo o quanto isso é legal, mas não direi nada a ela.

Só que esse pequeno diálogo acabou acarretando em uma série de pensamentos futuros que me levou ao dia de hoje, mais precisamente no dia em que comprei todos aqueles presentes além do anel, disposta a oficializar nossos encontros casuais.
Estou sentindo que sim, estou pronta. Praticamente nasci pronta para oficializar todo esse desenrolar.

A manhã com as aulas passaram surpreendentemente rápido, mesmo com minha ansiedade atacando fazendo-me pular a perna várias vezes atrapalhando a carteira a minha frente da sala. Os presentes estavam devidamente guardados no meu armário, e com sorte ainda intactos para obter uma boa aparência.

“... e por isso a mitocôndria faz parte da célula-“ O barulho estridente do sinal faz todos gritarem em alegria interna interrompendo a explicação da professora sobre a matéria, os alunos arrumam seus materiais com pressa e eu também, tanto pela fome quanto para o tempo se apressar. “Okay, então é isso, não esqueçam da tarefa pra próxima semana..”

Nem espero ela terminar de falar e ando apressada me esquivando dos alunos determinada a encontrar Blair. Depois de passar os olhos rapidamente pelos cantos, consigo ver uma cabeleira escura apoiada na parede perto da saída e rumo até ela com determinação.

“Oi!” Aceno para Blair que tira os olhos do celular e faz uma careta.

“Animada logo numa segunda? Não me surpreende.” Blair é aquela típica pessoa com problemas de bom humor matinal.

“Você que já nasceu amargurada.” Retruco ainda sorrindo. “Bom, mas não vim aqui para bater papo.”

Blair me olha com tédio. “Hum.”

“A sala de canto vai estar vazia mesmo?”

Problemas de uma adolescente em crise. Onde histórias criam vida. Descubra agora