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"All I have is myself at the end of the day
Shouldn't that be enough for me?"

All I Want - Olivia Rodrigo


 Harry me ligou pelo menos uma vez por dia pelo resto da semana. Eu sempre estava com o celular na mão quando ele me ligava, mas sempre ignorei as chamadas. Eu não queria conversar com ele, não queria ter que ouvir sua voz de novo. Eu bufava enquanto colocava o celular de volta na bolsa e esperava até parar de tocar.

O trabalho, que antes era algo alegre, prazeroso e incrivelmente gratificante, agora tinha se tornado um fardo. Kendall gritava comigo pelo telefone todos os dias, umas quatro vezes por dia. Nada saía do jeito que ela queria – ou ela assim pensava – e a culpa era sempre minha. Tudo bem que a culpa realmente era minha, mas ainda assim, eu não via razão para gritar. Nós ainda tínhamos bastante tempo de arrumar todas as coisas que ficaram com problema.

Na tarde de sexta feira, enquanto nós conversávamos ao telefone, eu senti que já havia chegado ao limite. Estava cansada dos gritos, dos insultos; estava cansada de tudo.

– E o Harry já escreveu os votos dele? Ele já comprou o terno, né? Por favor, me diga que pelo menos para cuidar dele você está sendo útil – reclamou Kendall pelo telefone.

Eu fechei os olhos, mordi os lábios com força e me segurei pra não xingá-la. Minha vontade naquela hora era gritar com ela também e chama-la de neurótica e doida. Aquele comportamento desenfreado dela estava passando dos limites. Ela estava uma pilha dos nervos e estava descontando tudo em mim! Gritar comigo pelo telefone era uma coisa até aceitável, mas me chamar de inútil... A porra tinha ficado séria.

– Harry já comprou o terno sim, Kendall. E não, ele ainda não escreveu os votos. Você já escreveu seus votos, querida? – perguntei, a voz ficando mais áspera.

– Não, ainda não escrevi.

– Então não exija o mesmo dele – rebati – E se você acha que eu sou tão inútil assim, por que não desiste de mim? Por que não pede outro cerimonial? Eu largo meu cargo sem problemas.

Kendall ficou em silêncio por segundos incontáveis. Metade de mim não conseguia acreditar que aquelas palavras realmente tinham saído da minha boca, mas a outra metade simplesmente suspirava aliviada por ter finalmente dito o que queria. Esperei enquanto Kendall continuava muda na outra linha por um longo período.

– Desculpe, Emma. Eu só estou nervosa – Kendall disse.

Eu bufei no telefone e relaxei os ombros.

– Está tudo bem. Eu entendo que você esteja nervosa, mas você precisa se acalmar, caralho. Nós temos dois meses até o casamento e tudo está indo muito bem! Não pire, Kendall.

– Não vou pirar. Quer dizer, vou tentar não pirar – ela prometeu.

– Ótimo. Então conversamos outro dia.

– Tudo bem. Ah, Emma, só mais uma coisa. Tenho uma pergunta.

– O que?

– Por que o Harry voltou pra Londres?

A pergunta me pegou completamente desprevenida e com a guarda baixa. Eu simplesmente não soube como responder. Então Harry não estava mais em Nova York, ele tinha voltado pra Londres. Mas por quê? Será que apareceram compromissos pra ele na terra da rainha? Será que ele teve que lidar com só Deus sabe o que?

– Ele disse que tinha um compromisso – menti.

– Ah, sim. E ele não te disse o que era?

– Não, não disse. Mas ele logo vai estar de volta – respondi, mentindo mais uma vez.

Deserve you [H.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora