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nina •

ERA DE MANHÃ, o céu estava bem limpo, porém, era o último dia estando de férias na casa de praia da tia Helena e tio Tim, dividindo o quarto com os dois filhos deles, os quais eu considerava quase irmãos. Era naquela manhã também que Johnny e eu iriamos pegar o avião que voaria de volta para casa, assim deixando o paraíso.

A minha pele, naquela altura, estava começando a descascar por, nos últimos dias, eu ter ficado horas debaixo do sol, rolando na areia das praias caribenhas e me refrescado nas suas águas salgadas, paradisíacas e fascinantes. Eu fui além de um bronzeado naquelas férias, e tudo o que eu vestia irritava a minha pele, enquanto que as minhas bochechas estavam avermelhadas demais, e a marca do biquíni eu não pude evitar.

O papai até havia passado a me chamar de “cerejinha” por conta da vermelhidão em minha face. No entanto, foi ótimo bancar a praiana e ter a pele marcada de tal modo. Foi ótimo correr na areia até o mar toda vez que a tia Helena depois servia o lanche com a ajuda de Tim e do meu pai. Eram detalhes que, naquela última manhã estando lá, já sentia eu muita falta.

Bem, a tia Helena, sempre atenciosa, odiara às vezes que eu mais os seus dois filhos sumiam para longe da ilha. Por outro lado, tio Tim dizia à ela que nós, os mais novos, precisávamos explorar, e que éramos ajuizados o suficiente.

Enquanto que o meu pai, usando seus óculos de sol e apenas de bermuda, esbanjando suas tatuagens para todos, concordava com Tim sobre deixar nós, os mais novos, livres como pássaros.

Contudo, eu percebi como ele não se contentava e então acabava me observando de longe quando eu adentrava no mar, ou quando eu corria com os filhos do seu casal de amigos pela ilha à fora, feito criança.

Papai fingia despreocupação, afinal, ele também queria aproveitar o tempo. Mas ele nunca conseguia se desligar de mim 100% estando lá na praia. E era engraçado às vezes que outros banhistas e turistas passavam por perto da ilha, pegando caminho pela areia e nos viam, principalmente me viam.

Um episódio interessante nas duas semanas por lá foi quando um grupo de estranhos turistas chegou, num fim de tarde, a se aproximar de mim. Todos eles deste tal grupo eram garotos. Eram três garotos bancando bons surfistas. Eram bons e simpáticos, até me ofereceram aulas para aprender a ficar em pé numa prancha no mar. Mas um certo homem, que assava aqueles seus peixes na fogueira e bebia boas cervejas com tio Tim, cortou o meu barato com esses garotos, me tirando de perto deles com tamanha educação e sutileza que sequer os garotos o odiaram à primeira vista. E nem o odiei por ter me tirado de perto daqueles caras assim, porém depois, quando ele me puxou para uma conversa em particular, dentro da casa de praia, eu alimentei uma raivinha por sua super proteção.

E as suas palavras sobre os três estranhos garotos encima de mim foram:

— Pareciam urubus loiros, Nina! Fala sério..

Então, a minha defesa contra isso foi simplesmente:

— E você parece um tubarão ranzinza agora. Eles estavam sendo legais comigo... Iam me ensinar a surfar!

— Surfar? — papai riu, eu cruzei os braços por isso. — Jura?! Você iria mesmo é se afogar nas mãos daqueles... Daqueles pirralhos! Eu não gostei de como o mais velho deles, o que usava brincos, te olhava. O quê ele achou?! Que você era uma bonequinha à solta nessa praia? Puta merda, eu odeio esses loiros de brinquinhos!

— Exagerado, e o senhor não era assim! Por favor, pai, tá sendo ridículo! E você também usa brincos não seja hipócrita...

De repente, num tempo em silêncio nós dois ficamos. Eu, de cabeça baixa, tentava imaginar o porquê realmente estávamos lá, discutindo como... Namorados com ciúmes. Aquilo tudo me parecera ciúmes de Johnny Depp para comigo.

ProfanoOnde histórias criam vida. Descubra agora