| coisas estúpidas |

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johnny depp •

DEPOIS DE CORRER até a sala de estar ainda usando a maldita toalha envolta da minha cintura, peguei o telefone fixo, que tocava sem parar, e atendi logo essa ligação insistente que havia quebrado o meu momento com Nina. Se bem que essa interrupção fora boa, e talvez até necessária. Eu não soube o porquê diabos eu tinha inventado de ficar, por aquele tempo, junto dela na minha cama, só então possuindo a minha toalha ao meu corpo. E eu não soube o porquê tal não evitara olhar-me de toalha e, portanto, decidido sair do meu quarto, mesmo acabando de acordar como havia dito ao flagrá-la com os olhos bem abertos, me secando — mas eu ainda desconfiaria de que já estaria acordada bem antes do meu banho e deveu ter terminado e reaparecido no cômodo. E claramente que eu não iria, bem trocar de roupas em sua frente. Porém, eu tinha feito pior, eu tinha continuado de toalha, e tinha ficado perto demais dela usando somente a porra de uma toalha.

Nada de errado, à princípio, eu enxerguei na hora que me vi deitado ao lado dela, por minhas cobertas e travesseiros, fazendo cócegas e brincando como se fossemos crianças, conversando como se fossemos amigos de colegial. Mas, sim, Nina e eu simplesmente tínhamos o devido respeito para, assim, ver malícias em nossos momentos e atitudes para um com o outro. Em contra-partida à isto, eu não poderia deixar o fato de que, às vezes, nós parecíamos íntimos demais, muito mesmo.

Não conseguiria negar também em como havia eu percebido o seu olhar encima de mim ficando diferente por ter me visto quase nu. Merda, não era como estarmos na praia, comigo lá tomando sol... Estávamos dentro do meu quarto, e nós dois ficamos deitados por minha cama; ela e eu.

Mas eu vi um arder nas pupilas dela, quando eu me aproximei e lhe desejei logo um bom dia, beijando depois a sua testa. Eu senti a sua curiosidade incontrolável de menina ao ver o meu corpo de homem. Mas eu era o seu pai... Quer dizer, eu fingia ser. Só que não importava este detalhe confuso, eu não faria essa besteira novamente. Até porquê, minha Nina já estava crescida o suficiente, e eu precisava não ser paranóico ao ponto de sentir que ela estava começando a me olhar de uma forma curiosa o bastante pra isso se tonar algo preocupante para mim e decadente para nós dois. 

— Alô, aqui é Depp falando... — disse eu, assim que coloquei o telefone sobre minha orelha esquerda.

— Oi, meu filho! Sou eu, Margaret, querido! E como estão as coisas por aí? Como foi as férias pelo caribe, a minha Nina e você se divertiram?

Surpreso ao ouvir a voz de quem ligara, eu moldei um sorriso largo no rosto para, enfim, lhe responder:

— Puxa, Meg! Caramba, íamos ligar pra senhora logo! Mas respondendo suas perguntas, eu e ela estamos bem, e chegamos de viagem ontem de madrugada se quer saber. Nina por si adorou tanto lá que quis até ficar pra sempre! — fui contando à senhora do outro lado da linha, e que poderia ser um tipo de matriarca minha.

— Ora, que entusiasmo então! Percebo que realmente foi divertido ficarem por lá com aquele seu casal de amigos... Mas conte-me, querido, o vôo foi tranquilo? Eu rezei essas duas semanas para que o vôo de ida e volta fosse sem problemas! Sabe, fiquei preocupada com isso...

— O vôo foi tranquilo o suficiente, acho que o clima ajudou, sequer teve turbulências. Viajar com a Nina me deu uma certa paz... E a senhora sabe como tomei raiva de avião e viagens longas! Ter companhia é bom.

Rindo ao outro lado da linha pelo o que eu havia dito, Meg falara:

— Bem, aposto que Nina dormiu feito um bebê na poltrona... Como estou com saudades dela, de preparar para ela o café da manhã, lhe ajudar a fazer tortas e com os trabalhos do colégio.

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