Guerra.
A palavra ecoava na mente de Tanya, evocando lembranças dolorosas do dia em que sua tribo foi atacada. Ela estava sentada em seus aposentos, tentando colocar os pensamentos e sentimentos em ordem. Era o dia seguinte à coroação e logo ela deveria se preparar para as comemorações que tomavam conta de Arthdal. Ela era a Grande Sacerdotisa, sua presença era esperada. Tanya imaginava que este título deveria ser acompanhado de privilégios, mas tudo o que ela conseguira era uma constante dor aguda em seu peito. Cada passo que dava dentro ou fora do Grande Santuário e cada palavra que saia dos seus lábios era calculada e ela não podia se dar ao luxo de errar. Sua vida dependia disso, assim como a vida dos remanescentes da tribo Wahan.
A coroação de Tagon no dia anterior ocorreu conforme planejado pelo então Rei de Arthdal. Tanya desempenhou o seu papel perfeitamente, dizendo as palavras que lhe instruíram e agindo como esperado. No entanto, eles não poderiam saber que em seu íntimo, Tanya havia amarrado todos aqueles que viviam em Arthdal com um feitiço. Súditos, ela os nomeou. Eles seriam seus. Não como o povo de Wahan, sua família e seus amigos. Mas como eles esperaram que ela fosse ao forçaram-na àquele lugar. Apenas uma pedra a ser utilizada.
Com este ideal em mente, Tanya decidiu que iria atrás de informações sobre a tribo Ago. Suas aulas de leitura e escrita com Saya estavam em pausa durante o período de comemoração da coroação de Tagon e deveria seguir assim, uma vez que Arthdal entraria em guerra. Ela imaginava que Saya seria requisitado nas reuniões ou até mesmo no campo de batalha. Logo, teria de encontrar alguém que pudesse lhe falar sobre este assunto.
— Niruha.
A voz advinda do exterior do quarto chamou sua atenção. Yangcha, que estava ao lado da porta como seu guarda, sequer piscou. Ele parecia determinado a evitá-la o máximo possível desde o dia do golpe de Asa Ron e Tanya não podia culpá-lo, uma vez que era capaz de ouvir os pensamentos dele com mais clareza a cada dia que se passava. Ela sabia que Tagon provavelmente ordenara que ele a protegesse apenas para observar seus movimentos, mas também sentia-se mais segura com o guerreiro por perto. As palavras do assassino que enviaram para eliminá-la ainda estavam frescas em sua mente. Você realmente acha que alguém do Santuário está do seu lado?
— Mubaek está aqui para vê-la. — A voz anunciou.
— Entre. — Tanya pediu.
Dois sacerdotes abriram as portas e Mubaek entrou no recinto, curvando-se e estendendo a mão de si para Tanya, a tradicional saudação de Arthdal.
— Niruha.
Mubaek estava com a cabeça baixa e semblante preocupado. Com um olhar, Tanya pediu que Yangcha esperasse do lado de fora. Algumas conversas não eram apropriadas para todos os ouvidos.
— Alguma notícia de Chaeeun? — Tanya perguntou, sentindo-se nervosa com o que ele poderia ter vindo lhe dizer.
— Niruha, encontrou-se com o povo de Wahan recentemente?
Tanya franziu o rosto diante da brusca mudança de assunto, sentindo um nó formar-se em sua garganta.
— Não tive tempo de vê-los desde o dia anterior à coroação.
Mubaek suspirou e curvou-se ainda mais.
— Niruha, peço que me perdoe. O Mestre Saya parece ter ouvido nossa conversa na Caverna Sagrada ou recebido informações de fora.
— O que quer dizer? — Um calafrio gelado percorreu sua espinha e Tanya precisou sentar-se. Esta conversa não poderia terminar bem.
— Antes da coroação ele me interrogou a respeito da profecia. Ele queria saber sobre Eunseom e disse ter o povo de Wahan sob custódia... não tive escolha além de contar a ele sobre o irmão...
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Spellbound | Tanya x Yangcha | Arthdal Chronicles
ФанфикEnquanto luta para encontrar respostas e proteger seu povo em Arthdal, Tanya entra em cada vez mais conflitos consigo mesma. Ela já não sabe o que quer e até onde é capaz de chegar por isso. No entanto, ela irá conhecer a vontade dos deuses e o pape...